Regulamentação de cooperativas de seguro e proteção patrimonial mutualista abre novo mercado no Brasil

Com a nova lei, as cooperativas centrais de seguros e as confederações de cooperativas de seguros poderão aceitar riscos em cosseguro de cooperativas

A publicação da Lei Complementar 213/25, no Diário Oficial da União desta quinta-feira (16), marca um passo significativo para o mercado de seguros no Brasil. A regulamentação dos segmentos de proteção patrimonial mutualista e de cooperativas de seguros estabelece uma nova era de oportunidades, ampliando o acesso da população a soluções de proteção financeira, com segurança jurídica e supervisão adequada.

O mercado de proteção patrimonial vinha crescendo de forma expressiva, mas sem regulamentação, o que gerava insegurança para consumidores e operadores, com mais de 300 ações na justiça pedindo a paralisação das associações que atuavam como seguradoras, sem ser. Agora, com regras claras e supervisão estatal, este segmento oferece garantias essenciais para os consumidores, como a preservação da liquidez e da solvência das instituições participantes, além da adequação dos produtos às necessidades dos consumidores. Esse avanço fortalece a confiança no mercado e fomenta seu desenvolvimento sustentável.

De acordo com a CNseg, a confederação das seguradoras, a nova lei trará desafios aos diversos atores do setor de seguros privados, desde a fiscalização até como será a comunicação com o consumidor e demais entidades do Sistema Nacional de Seguros Privados. No entanto, a CNseg concorda que surge um novo mercado e que há “expectativas positivas de que a lei colabore para fomentar o mercado de seguros privados e ampliar o seu alcance aos consumidores”.

Caberá ao Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) dispor sobre condições, requisitos e limitações para constituição de cooperativas centrais de seguros formadas por cooperativas singulares de outros segmentos. Ao sancionar a nova lei, o presidente Lula vetou apenas, por inconstitucionalidade, o Art. 11, que prevê a criação, já a partir de 1º de janeiro de 2025, de Cargos Comissionados Executivos (CCE) e Funções Comissionadas Executivas (FCE) na estrutura da Susep.

Com a nova lei, as cooperativas centrais de seguros e as confederações de cooperativas de seguros poderão aceitar riscos em cosseguro de cooperativas singulares filiadas e das filiadas de suas cooperativas centrais, respectivamente.

Uma das principais inovações trazidas pela lei é a possibilidade de os corretores de seguros, tanto pessoas físicas quanto jurídicas, atuarem como intermediários na promoção e angariação de contratos de participação em grupos de proteção patrimonial mutualista. Essa medida amplia o portfólio de serviços dos corretores, permitindo que eles desempenhem um papel ainda mais relevante na proteção financeira dos brasileiros.

Segundo Armando Vergilio, presidente da Fenacor, a regulamentação representa “a principal notícia de todos os tempos para o mercado”, pois possibilita que milhões de consumidores, antes limitados a soluções não reguladas, tenham acesso a produtos mais seguros, econômicos e supervisionados. Além disso, a medida preenche uma lacuna histórica no Brasil, que até então era um dos poucos países sem regulamentação para o sistema mutualista.

A lei promove ainda a inclusão social e econômica, democratizando o acesso à proteção financeira e criando um ambiente mais competitivo e diversificado para os consumidores. Com isso, o setor ganha robustez e maior alinhamento às demandas da sociedade.

A aprovação da lei é resultado de um amplo diálogo entre entidades do setor, parlamentares e o Executivo. Lideranças como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário de Reformas Econômicas, Marcos Pinto, desempenharam papéis importantes nesse processo, juntamente com representantes da Susep e deputados envolvidos diretamente no projeto. A aprovação quase unânime no Congresso reflete o consenso sobre a importância dessa regulação.

Com o mercado regulamentado, espera-se uma rápida expansão do setor, que ganha condições de competir de forma justa e integrada à economia nacional. A atuação dos corretores de seguros, agora ampliada, será fundamental para conectar consumidores a soluções seguras e inovadoras, consolidando o papel do Brasil como um mercado de destaque no cenário global de seguros.

Segundo a Fenacor e a Susep, essa nova legislação não apenas moderniza o setor, mas reforça sua importância estratégica para o desenvolvimento econômico e social do país, reafirmando o compromisso de proteger os consumidores e fortalecer o sistema financeiro.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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