Ministério reavalia corte de verbas do seguro rural e garante subvenção das apólices aprovadas em 2024

A expectativa é que os R$ 67 milhões referentes a 10 mil apólices sejam pagos a partir do primeiro trimestre de 2025, com a aprovação da LOA

O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Guilherme Campos, anunciou na última quinta-feira (9), em reunião com a Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), que honrará com o pagamento da subvenção de todas as apólices do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) contratadas em 2024. 

A medida atendeu uma solicitação feita pelas seguradoras representadas pela FenSeg, que haviam sido pegas de surpresa no dia 1º de janeiro de 2025, ao serem notificadas de que o governo federal não repassaria R$ 67 milhões referentes à subvenção ao prêmio do Seguro Rural, inviabilizando, desse modo, o pagamento de 10 mil apólices já contratadas. O anúncio tinha como justificativa a necessidade de cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. 

Na avaliação do presidente da Comissão da FenSeg, Glaucio Toyama, o Ministério foi bastante sensível ao reverter o corte, evitando, assim, o prejuízo aos produtores rurais envolvidos, pois a maioria destas operações são da safra de soja. Além disso, sublinha Toyama, a reversão será essencial para não impactar as margens dos produtores em um ano de forte aperto de resultados. “Nossa maior preocupação era não prejudicar a operação de 2024. Agora, superado esse momento, nosso objetivo é retomar as negociações com o Governo Federal para que tenhamos mais recursos e previsibilidade na questão orçamentária deste ano”, afirmou.

PSR em 2024

O valor do PSR no Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) de 2024 começou com R$ 1.060 bilhão, mas sofreu um corte inicial, passando para uma dotação de R$ 964,6 milhões. Com a resolução publicada no dia 31 de dezembro de 2024 (remoção de R$ 67 milhões), somada ao contingenciamento anterior, o total foi reduzido para R$ 820,2 milhões. Este valor não contabiliza o recurso extraordinário destinado ao Estado do Rio Grande do Sul (referente à Medida Provisória Extraordinária para o Estado) de R$ 210,8 milhões, dos quais foram liquidados R$ 184,2 milhões.

Após o anúncio do governo, a FenSeg convocou uma reunião de emergência no primeiro dia útil do ano (2 de janeiro) para discutir o tema e tentar uma nova solução com o MAPA. Em uma semana, o secretário Guilherme Campos convocou a Comissão de Seguro Rural da FenSeg, com o objetivo de anunciar a reversão do corte da subvenção de todas as apólices recepcionadas em 2024. 

A solução apresentada foi de reprocessamento destas apólices para que sejam liquidadas a partir da aprovação da LOA de 2025. Na prática, esse compromisso de 2024 passará para o exercício de 2025, subtraindo 67 milhões do orçamento proposto para 2025. O secretário assegurou que a solução não dependerá de outras pastas, como o Ministério da Fazenda.

“Essa garantia é um alento para o produtor rural e assegura a credibilidade do PSR, que é um instrumento fundamental para a sustentabilidade da base da produção agrícola nacional”, diz. 

Dados do seguro rural

A performance do Seguro Rural é diretamente impactada pelo PSR. De janeiro a outubro de 2024, segundo um levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), o produto apresentou queda em indenizações e na arrecadação, pagando aproximadamente R$ 3,7 bilhões, recuo de 2,5%, e arrecadando cerca de R$ 12,3 bilhões, 0,2% abaixo do faturado no mesmo período de 2023. Neste novo cenário do programa, a entidade estima que o Seguro Rural cresça apenas 0,5% até o final de 2024.  

Comparando os valores ordinários, sem o adicional para o Rio Grande do Sul, houve uma redução de 12%, passando de R$ 933,1 milhões para R$ 820,2 milhões — o menor nível do PSR desde 2019, quando o total foi de R$ 440,3 milhões. Nos anos subsequentes, os valores aplicados foram R$ 881 milhões em 2020, R$ 1,181 bilhão em 2021 e R$ 1,109 bilhão em 2022.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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