Micro e pequenos empresários contratam seguros após tragédias ou exigências legais, revela CNSeg

A baixa percepção de risco e as limitações econômicas foram identificadas como os principais fatores que restringem a contratação, superando o desconhecimento sobre os produtos disponíveis

A maioria dos micros e pequenos empreendedores (MPEs) no Brasil só busca seguros empresariais após enfrentar tragédias, como roubos ou incêndios, ou por obrigação legal. Essa é uma das principais conclusões da terceira fase da pesquisa “Caminhos para Ampliação da Penetração de Seguros no Segmento PME”. 

O estudo realizado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) por meio da Comissão de Inteligência do Mercado da CNseg e da Maena Inteligência Analítica, investigou a relação dos MPEs e corretores com os seguros voltados para este segmento, responsável por cerca de 30% da produção de riqueza do país. 

A pesquisa apontou que apenas 26,7% dos empresários contratam algum tipo de seguro para o seu negócio e apenas 20,9% algum seguro para os colaboradores da empresa. Para Alexandre Leal, diretor Técnico, de Estudos e Relações Regulatórias da CNseg, “essa ausência de seguros para mais de 70% dos entrevistados reflete um cenário preocupante de alta exposição aos riscos, o que pode comprometer a estabilidade financeira desses empresários em situações adversas”. 

A baixa percepção de risco e as limitações econômicas foram identificadas como os principais fatores que restringem a contratação, superando o desconhecimento sobre os produtos disponíveis. Para 42% dos empresários, ter dinheiro para cumprir os compromissos financeiros é uma preocupação e, em 30,2% dos casos, a inadimplência é um fator a ser considerado. 

 Também foi constatado que as Microempresas e as Empresas de Pequeno Porte demonstram maior adesão a seguros do que os microempreendedores individuais (MEIs). Na análise das empresas que fizeram a contratação do seguro no ano de abertura do CNPJ, o seguro Transporte lidera com 65,0%, seguido pela Previdência Empresarial (61,5%), o Automóvel (58,1%) e o consolidado de produtos contra Riscos Financeiros (55,0%). Já as empresas que contrataram seguros até três anos após o início, o seguro Cibernético foi o mais procurado em 75,0% dos casos.  

Mesmo não estando na liderança das contratações, de acordo com o estudo, o seguro Automóvel para a frota da empresa e o seguro de Vida foram os mais citados quando os empresários foram questionados sobre o conhecimento dos produtos disponíveis, sendo 54,7% e 46,5%, respectivamente. 

O executivo da Confederação Nacional das Seguradoras explica que o seguro Automóvel foi o mais citado pelos empresários por já o terem contratado como pessoa física, onde tal necessidade é projetada para o carro corporativo naturalmente; já a adesão ao seguro de Vida sofre a influência dos acordos coletivos determinadas categorias que exigem contratação desse tipo de proteção. 

“A proposta de valor dos seguros, de uma forma geral, já é percebida antes de se tornarem empresários. Isso ocorre porque a grande maioria dos entrevistados já tinha um ou mais seguros feitos como pessoa física”, destaca Leal. 

A pesquisa envolveu 86 micros e pequenos empreendedores e 156 corretores de seguros em duas etapas: qualitativa, com entrevistas em profundidade, e quantitativa, com formulários online. No perfil dos empresários participantes, 59,3% atuam no comércio, 38,4% no setor de serviços e apenas 2,3% na indústria. Mais da metade das empresas, 51,2%, têm entre um e três anos de operação, e muitos empresários relataram que empreender foi uma decisão tomada em momentos de dificuldade ou mudança profissional. O menor percentual, 5,8%, possuía mais de 10 anos de operação. 

O papel central dos corretores

O estudo também revelou que os corretores de seguros desempenham papel fundamental na conscientização dos empresários sobre riscos e coberturas. Segundo os corretores entrevistados, eventos traumáticos em empresas conhecidas, como roubos ou incêndios, são os principais gatilhos para que os empreendedores considerem contratar seguros.

As coberturas, o preço e a clareza nos critérios para contratação são os três aspectos mais importantes da escolha de um seguro empresarial, superando a marca (seguradora). Apenas 4,7% dos empresários afirmaram que nenhuma destas características é importante durante o processo de contratação de um seguro empresarial.

Fases anteriores da pesquisa

O estudo “Caminhos para Ampliação da Penetração de Seguros no Segmento PME” foi divido em três fases. Na primeira, realizada em 2019, foram mapeadas e compreendidas as características do segmento de micro e pequenas empresas, conhecidas pela sigla MPE no Brasil. Foi feito o detalhamento dos perfis das MPEs, englobando microempreendedor individual (MEI), microempresário (ME) e empresário de pequeno porte (EPP), a distribuição geográfica, os setores da economia onde predominam, a taxa de sobrevivência, os desafios na gestão do negócio, dentre outras informações, para conhecer esse segmento da economia e entender as suas necessidades.

Em 2021, foi realizada a segunda fase, com foco no mapeamento dos produtos que o setor de seguros oferecia para as micro e pequenas empresas e a visão das seguradoras em relação à oferta desses produtos de seguros.

A CNseg vê na pesquisa uma oportunidade de promover ajustes nas ofertas de seguros para que sejam mais acessíveis e alinhadas às reais necessidades dos MPEs. Segundo a entidade, é essencial fortalecer o diálogo entre seguradoras, corretores e empresários para construir soluções que contribuam não apenas para a proteção dos negócios, mas também para o crescimento sustentável da economia brasileira.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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