O ano de 2024 se tornou um marco para os impactos das mudanças climáticas, com desastres naturais gerando perdas globais de US$ 320 bilhões, dos quais US$ 140 bilhões foram segurados, tornando-se o terceiro ano mais caro em termos de perdas seguradas desde 1980. As temperaturas médias globais alcançaram um recorde de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, confirmando 2024 como o ano mais quente já registrado, ultrapassando 2023.
O Brasil não ficou imune aos eventos climáticos extremos. Chuvas intensas em abril e maio causaram enchentes severas no Rio Grande do Sul, resultando em perdas estimadas em US$ 7 bilhões, das quais US$ 2 bilhões foram seguradas, em um dos piores eventos da história recente do estado.
As catástrofes climáticas foram responsáveis por 93% das perdas globais e 97% das perdas seguradas em 2024, com furacões, tempestades severas e enchentes dominando as estatísticas. Em números, as perdas totais alcançaram US$ 320 bilhões, acima da média dos últimos 10 anos, de US$ 236 bilhões. As perdas seguradas somaram US$ 140 bilhões, também acima da média da última década, de US$ 94 bilhões.
Cerca de 11 mil pessoas perderam a vida devido a desastres naturais, número inferior à média histórica. Nos EUA, furacões como Helene e Milton causaram perdas significativas, com US$ 135 bilhões em danos totais e US$ 52 bilhões segurados. O furacão Helene, por exemplo, resultou em US$ 56 bilhões em perdas totais, incluindo enchentes devastadoras que atingiram os Apalaches.
Estudos indicam que eventos extremos como os registrados em 2024 estão se tornando mais frequentes e intensos devido ao aquecimento global. No Brasil, as enchentes no Rio Grande do Sul tiveram suas chances de ocorrência dobradas por conta das mudanças climáticas, segundo pesquisadores.
A resseguradora Munich Re, por meio de Thomas Blunck, membro do Conselho de Administração, alertou que as forças destrutivas das mudanças climáticas estão se tornando cada vez mais evidentes e que as sociedades precisam se preparar para catástrofes climáticas mais severas. Segundo ele, o setor de seguros desempenha um papel crucial ao precificar riscos e incentivar a prevenção.
Eventos não catastróficos, como enchentes e tempestades severas, representaram US$ 136 bilhões em perdas totais no mundo, com US$ 67 bilhões segurados, destacando uma tendência de aumento das perdas associadas a riscos menores, enquanto eventos extremos, como ciclones tropicais, continuam a trazer volatilidade às perdas globais. No Brasil, com um mercado de seguros em expansão, o desafio é ampliar a proteção para regiões mais vulneráveis, onde a penetração de seguros ainda é limitada. A adaptação de modelos de risco e estratégias de prevenção será essencial para mitigar os impactos de desastres futuros.
O ano de 2024 reforça a necessidade urgente de ações climáticas e de fortalecimento da resiliência em países vulneráveis. Segundo Tobias Grimm, cientista-chefe de clima da Munich Re, todos pagam o preço pelos extremos climáticos, mas especialmente aqueles em nações com pouca proteção de seguros ou suporte público. Com a escalada de eventos climáticos extremos, o setor de seguros se posiciona como peça-chave para a construção de uma sociedade mais preparada e resiliente diante das mudanças climáticas.