Brasil alinha abordagem de ILS aos padrões globais para transformar a cobertura de catástrofes

Botti: “No Brasil, não temos muitos furacões ou terremotos, ou seja, não temos os riscos tradicionais que geralmente são transferidos para o mercado de ILS, mas temos uma grande quantidade de eventos catastróficos, como enchentes

Fonte: Artemis

Falando em um evento da Fitch Ratings sobre o desenvolvimento de títulos vinculados a seguros (ILS) no Brasil, Rodrigo Botti, ex-CFO do IRB e ex-CEO da Terra Brasis, destacou uma abordagem focada primeiramente no mercado doméstico, sem a intenção de competir com outros centros de ILS já consolidados.

De acordo com Botti, a abordagem do Brasil em relação ao ILS se concentra em alinhar as regulamentações com os padrões globais do mercado, espelhando práticas internacionais, mas permanecendo dentro do marco regulatório brasileiro e evitando reinvenções desnecessárias.

Em linha com essa estratégia, a Artemis soube recentemente, por meio de um relatório, que uma das primeiras estruturas de ILS sob as regulamentações brasileiras para a “Letra de Risco de Seguro” pode ser chamada de Andrina Seguros e ter como patrocinadora a resseguradora local IRB RE.

Botti explicou que um dos principais desafios no Brasil é a separação significativa entre os mercados de capitais e as regulamentações de seguros, observando que foram necessários vários anos para implementar mudanças no marco legal brasileiro para abordar essa questão.

Botti continuou: “No Brasil, nosso objetivo é diferente de outros centros de ILS, como Bermudas, ou de novos players como Hong Kong e Singapura. Em vez de atrair riscos de fora do Brasil, nosso foco é estruturar e emitir operações localmente no país.

“Estamos tentando criar uma ponte para que cedentes brasileiros, seguradoras, operadoras de planos de saúde e fundos de pensão possam transferir esses riscos para investidores, tanto no Brasil quanto no exterior.

“Não estamos competindo com Bermudas, Hong Kong, Singapura ou qualquer outro lugar; estamos tentando construir essa ponte com o regulador brasileiro, permitindo que os cedentes brasileiros transfiram riscos para o mercado de ILS e que investidores brasileiros tenham acesso a riscos domésticos de ILS, bem como aos fundos globais internacionais.”

Segundo Jeff Mohrenweiser, Diretor Sênior e Chefe Global de Títulos Vinculados a Seguros da Fitch Ratings, que também falou no evento, o Brasil tem enfrentado enchentes significativas recentemente, mas a penetração de seguros no país ainda é relativamente baixa.

Como resultado, os danos econômicos são frequentemente cobertos pelos governos locais e federais, desviando recursos que poderiam ser alocados para outras iniciativas governamentais, o que destaca o potencial considerável de crescimento do mercado de ILS no Brasil.

Botti concluiu: “No Brasil, não temos muitos furacões ou terremotos, ou seja, não temos os riscos tradicionais que geralmente são transferidos para o mercado de ILS, mas temos uma grande quantidade de eventos catastróficos, como enchentes.

“O início deste ano é um exemplo de tal evento. Se tivéssemos a tecnologia de ILS ou o apoio do mercado de capitais no mercado de seguros e resseguros, isso poderia ter tido um efeito muito significativo e positivo.”

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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