Oito em cada dez entrevistados afirmaram pensar em planejar a vida financeira e a maioria (65%) faz isso com frequência – número 7 pontos percentuais acima do registrado na pesquisa de 2023. Outros 76% disseram ter metas, sendo 51% deles com objetivos estabelecidos para os próximos 10 anos.
Este é um dos dados provocadores para estimular o setor de vida e previdência possam inovar, expandir e impulsionar e que revela a edição 2024 da pesquisa Percepção dos Brasileiros Sobre Proteção e Planejamento da Fenaprevi, encomendada ao Instituto DataFolha. A pesquisa traz vários dados, sendo cinco vistos como importantes para o uso das seguradoras em suas ações para reduzir o Gap de proteção financeira da sociedade brasileira.
“O estudo nos traz desafios significativos à proteção financeira e sinaliza ao setor, reguladores e formuladores de políticas públicas sobre a importância de aumentar a aderência das pessoas ao mercado de seguros e previdência privada.Esta pesquisa nos ajuda a refletir iniciativas para colaborar com o presente e futuro da sociedade”, comentou Edson Franco, presidente da Fenaprevi, na abertura do evento.
Segundo Franco, o desafio é garantir que os brasileiros possam ter instrumentos financeiros para poupar para a aposentadoria. “Os medos têm de ser enfrentados, com um planejamento financeiro pelo próprio individuo, com reservas para enfrentar imprevistos. Relatos dos entrevistados nos mostram que estamos no caminho e que podemos avançar mais na consultoria financeira. Essa é a nossa missão e razão de existir”, disse.
Durante coletiva de imprensa, Franco citou uma contradição: os entrevistados falam que não tem de onde cortar despesas para poupar, mas parte deles investem em jogos de apostas, streaming entre outras despesas como essas. “Cerca 25% do pesquisados costumam fazer apostas online e somente 10% deles tem seguro de vida. A questão da renda é importante para aumento da penetração do seguro de vida e previdência, mas isso mostra que o trabalho de educação financeira tem de vir antes”, comenta Franco. “Existe um desejo, uma consciência e desconhecimento sobre qual será a renda de aposentadoria. Temos um desafio das seguradoras, bancos, corretores no papel de assessoria de riscos para seus clientes, além do papel do Estado em regulação”.
A pesquisa mostra crescimento, ainda que pequeno, no grupo de pessoas com seguro de pessoas e/ou planosde previdência privada, na comparação com a edição inicial. O que vale destacar é o alcance destes produtos a todas as camadas sociais. Da amostra, 50% dos participantes com planos de previdência são das classes C, D, e E, desmistificando a ideia de que se trata de um produto para a classe mais elevada.
Do total de entrevistados, 45% consideraram ‘reduzir as despesas para sobrar renda’ como principal obstáculo para se planejarem financeiramente. Outros 42% mencionaram ter dificuldades para gerar receita suficiente para poupar. Observou-se ainda uma preferência pelo consumo imediato entre grupos mais jovens, de 25 a 44 anos, o que dificulta a criação de uma reserva financeira.
O estudo também apresentou, de maneira inédita, o comportamento dos brasileiros em relação aos gastos com itens considerados supérfluos. Entre os entrevistados, 46% afirmaram não possuir despesas supérfluas, e por isso não teriam onde cortar gastos. Porém, quando perguntados diretamente, um quarto (25%) dos entrevistados informou que costuma participar de jogos de azar ou fazer apostas online. Ainda nesse capítulo, 10% deles consideraram esse tipo de gasto mais importante do que contratar um seguro de vida.
Com o aumento da longevidade e o envelhecimento da população, o sonho da aposentadoria exige planejamento. Sobre as expectativas para o futuro, metade dos entrevistados revelou que idealiza se aposentar até completarem 60 anos. No entanto, quando questionados sobre a idade que de fato irão se aposentar, apenas 29% disseram acreditar que vão conseguir parar até os 60 anos. Outros 8% confessaram achar que nunca irão se aposentar.
Contar com o INSS como fonte de renda após parar de trabalhar continua com o maior índice na pesquisa de 2024 (37%). Entre os que pretendem se aposentar com o dinheiro da Previdência Social, 65% não sabem o valor que irão receber.
Outros 65% da amostra confirmaram saber ou ouviram falar sobre o valor máximo pago pelo INSS. Entretanto, entre eles, a maioria tem ideia incorreta sobre o teto do benefício – destes, somente 15% afirmou ser mais de 7 mil reais e apenas 1% citou valores mais precisos, entre R$ 7.400,00 e R$ 7.800,00. Sobre a pesquisa A pesquisa Percepção dos Brasileiros Sobre Proteção e Planejamento, da Fenaprevi, encomendada ao Instituto.
DataFolha, foi realizada em setembro de 2024 com mais de 1.900 pessoas com 18 anos ou mais, de todas as regiões do Brasil e de diversas classes sociais. A edição compara os dados com as anteriores (2023 e 2021), trazendo ainda recortes inéditos.