“Precisamos nos unir para enfrentarmos a revolução do risco”, pede a presidente da Ferma

A pesquisa revelou que 91% dos gerentes de risco agora estão envolvidos na estratégia corporativa de alguma forma

Enquanto os resseguradoras do mundo se reúnem em Baden Baden, Alemanha, os principais compradores de seguros debatem suas dores em Madri, Espanha, onde uma dezena de executivos brasileiros participa entre mais de 3 mil participantes, mais de 60 palestrantes e mais de 75 expositores. Este encontro anual da Ferma, federação europeia dos gestores de riscos, é especial por comemorar o 50º aniversário da entidade. Começou ontem (20) e termina amanha (22), com um dia inteiro dedicado a discussões sobre riscos na América Latina.

A presidente da Ferma, Charlotte Hedemark, convocou os gerentes de risco e seguros de toda a Europa a se unirem a ela na “revolução do risco”, adotando uma abordagem “transformadora” para a gestão de riscos, à medida que a profissão avança dos métodos “tradicionais e reativos” para uma abordagem “mais proativa, estratégica e integrada”, disse na abertura do evento.

“Acredito que isso é um verdadeiro testemunho do quanto avançamos em 50 anos e realmente demonstra a relevância de um encontro desse porte em nível europeu para complementar o trabalho que está sendo realizado em nível nacional para impulsionar nossa profissão”, disse Hedemark. “Convido vocês a se juntarem a mim na revolução do risco”, afirmou.

A pesquisa da Ferma, publicada no fórum, mostra que a revolução do risco está em andamento. “Cerca de 91% dos gerentes de risco agora estão envolvidos na estratégia corporativa de alguma forma. Isso reforça a mudança do papel, que passou de operacional para estratégico, disse Hedemark.

Ela afirmou que a revolução do risco exige que os gerentes de risco sejam mais inovadores e ágeis. “Precisamos encontrar maneiras de responder aos riscos em tempo real, mas também adotar novas ferramentas e soluções, como IA ou análises avançadas de dados para melhorar a detecção, previsão e mitigação de riscos”, disse ela aos delegados.

“A ideia de revolução nos encoraja a pensar em como podemos e devemos nos adaptar a riscos que emergem rapidamente, como ameaças cibernéticas, mudanças climáticas e os possíveis desafios da IA. Também incita os gerentes de risco a assumir um papel mais colaborativo e estratégico, tornando-se centrais em suas organizações, trabalhando de forma transversal e com a liderança, contribuindo tanto para a resiliência a longo prazo quanto para o crescimento”, acrescentou Hedemark.

Ela disse que a revolução requer uma mudança de cultura, onde a conscientização sobre riscos é incorporada em toda a organização e todos os colegas entendem a importância e o valor de gerenciar riscos proativamente. “Este é um chamado à ação. Um apelo para que todos nós participemos ativamente de transformar e redefinir a gestão de riscos para atender às demandas de um mundo cada vez mais complexo e interconectado”, disse Hedemark.

A presidente da Ferma explicou que o panorama de riscos atual é muito diferente do ambiente existente quando a federação foi fundada. Ela mencionou que o mundo agora enfrenta um conjunto de riscos que muda rapidamente e está interconectado, impulsionado por avanços tecnológicos, a crise climática e a instabilidade geopolítica.

Os gerentes de risco agora precisam enfrentar o desafio duplo de responder a choques imediatos e de curto prazo, ao mesmo tempo em que integram preocupações de longo prazo, como a adaptação às mudanças climáticas e a transição verde, continuou ela.“Resiliência e adaptabilidade são essenciais para gerenciar essas ameaças em evolução”, afirmou Hedemark.

Ela usou seu discurso para listar algumas das maneiras como a Ferma ajuda seus membros a navegar pelo atual cenário de riscos e a se preparar para o futuro. Um grande foco é a atuação junto à União Europeia para integrar abordagens baseadas em riscos em áreas-chave da legislação europeia, explicou ela.

A Ferma publicou recentemente seu manifesto político para 2024 a 2029, com o objetivo de “preparar a Europa para os riscos, visando um futuro mais promissor”. A federação também começou a desenvolver notas políticas para a UE, ajudando os gerentes de risco na implementação de legislações-chave da UE.

Além disso, a Ferma recentemente estabeleceu um novo Comitê de ERM (Enterprise Risk Management) e um Comitê de Previsão para melhor atender seus membros. Enquanto isso, continua compartilhando as melhores práticas e expertise entre as associações nacionais de membros, além de tentar aumentar o profissionalismo do setor de gestão de riscos através do processo de certificação Rimap, explicou Hedemark.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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