PL de seguros ganha regime de urgência

A realidade brasileira hoje é incentivar capital para riscos catastróficos e não o contrário.

A Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira, o regime de urgência para o projeto que estabelece o marco legal dos seguros privados. Essa decisão permite que o texto seja votado de forma mais rápida, acelerando a tramitação da proposta no Congresso.

O projeto tem como objetivo modernizar e simplificar as regras do setor de seguros. A nova legislação busca aumentar a concorrência entre as seguradoras e garantir maior proteção aos consumidores, promovendo a criação de produtos mais diversificados, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem dito em suas falas sobre o tema.

Afirma que as novas diretrizes pretendem melhorar a transparência nas informações oferecidas pelas seguradoras. A proposta também visa facilitar o acesso dos consumidores a informações claras sobre os produtos disponíveis no mercado.

Ao aprovarem, os deputados enfatizaram a necessidade de atualizar a legislação vigente, que se encontra defasada. A expectativa é que as mudanças ajudem o Brasil a se alinhar às práticas internacionais e impulsionem o crescimento do mercado de seguros no país.

O IRB(Re), principal ressegurador do Brasil – criado em 1939, perdeu o monopólio do mercado de resseguros, em 2007 e privatizado em 2013 – manifesta seu apoio à aprovação do texto e espera que isso ocorra ainda em 2024. “Após contribuir para as discussões e analisar de forma profunda o conteúdo do projeto, especialmente as regras relacionadas à atividade resseguradora, acreditamos que o PL contribuirá para o desenvolvimento saudável da operação resseguradora no país. Além disso, o IRB(Re) vem suportando, via Associação Nacional das Resseguradoras (ANRE), o pragmático Grupo de Trabalho coordenado pela Susep e reconhece o empenho do Ministério da Fazenda em prol do desenvolvimento do mercado de seguros”, disse ao Sonho Seguro o CEO Marcus Falcão.

No entanto, apesar de não haver margem para mudanças no PL, há na regulamentação a cargo da Susep que promove o grupo de trabalho para discussões neste sentido.Nos grupos de whatsapp de executivos do setor de seguros, o assunto tem sido tratado como prioridade e se mostra com ênfase a necessidade de debater o tema resseguros de forma equilibrada e realista.

O resseguro é o seguro das seguradoras. É ele que distribuiu riscos em todo o mundo, para que seja possível ter capital suficiente para indenizar clientes na ocorrência de uma catástrofe, seja ela natural ou produzida pelo homem. Num exemplo simplista seria a tragédia do Sul, com grande volume de chuvas, e as perdas com o seguro de crédito pelos balanços fraudulentos da Lojas Americanas.

Se o apetite dos resseguradores estrangeiros for cortado, quem sofrerá são os clientes que compram seguro, pois as seguradoras não tem apetite para grandes riscos localmente. A não ser que tenham um bom contrato de resseguro, com preços acessíveis, coberturas que sejam coerentes com os riscos.

O que se viu na tragédia do Rio Grande do Sul ocorrida em final de abril e maio deste ano exemplifica muito a baixa penetração de resseguros ainda no país. Dos mais de R$ 100 bilhões em perdas econômicas, menos de 10% tinham seguro. E desses 10%, uma parte está sendo negada, pois muitas apólices não tinham cobertura para os danos causados. A realidade brasileira hoje é incentivar capital para riscos catastróficos e não o contrário.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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