Wiz Corporate registra avanço de 40% nas vendas dos seguros para o MCMV

O seguro de riscos de engenharia é crucial, pois o programa abrange construções em larga escala e em regiões com condições climáticas e geológicas variadas, afirma Rafael Arcanjo, diretor comercial da Wiz Corporate

Não são só o governo e as construtoras que comemoram os negócios gerados com o Minha Casa Minha Vida (MCMV). O programa habitacional do governo voltado para a população de menor renda tem impulsionado também as vendas de seguros da corretora Wiz Corporate, que detém cerca de 80% do mercado de seguros para este nicho. Segundo Rafael Arcanjo, diretor comercial de Real Estate e Infraestrutura na Wiz Corporate, as receitas desse segmento cresceram 40% até agosto deste ano, considerando o mesmo período do ano anterior.

O bom desempenho é creditado ao orçamento do programa e atribuído às regras alteradas recentemente, que facilitam a compra tanto de imóveis novos quanto usados. O governo reajustou o orçamento do programa para R$ 139,6 bilhões, sendo R$ 127,6 bilhões destinados à habitação e R$ 11 bilhões reservados para auxiliar na entrada do financiamento e reduzir as prestações das famílias. 

Criado em 2009, o programa tem como objetivo promover a aquisição da casa própria por meio de subsídios e juros reduzidos. Atualmente, podem participar famílias com renda mensal bruta de até R$ 8 mil em áreas urbanas, ou renda anual de até R$ 96 mil em áreas rurais. Segundo o Ministério das Cidades, responsável pela gestão do MCMV, em 2023 foram entregues 491 mil unidades habitacionais. Para este ano, o governo espera contratar 600 mil novas moradias por meio do programa. 

Para 2025, há incerteza quanto aos recursos para novos empreendimentos e preocupação com o aumento de custos com novos impostos previstos na Reforma Tributária. O aumento expressivo nas vendas de imóveis pelo MCMV levanta o risco de uma eventual falta de recursos do FGTS para financiar os projetos no segundo semestre. “Estamos muito otimistas com os negócios do MCMV. O governo tem como meta reduzir o déficit habitacional e por isso acreditamos que as soluções para esses desafios serão corretamente endereçadas”, comentou Arcanjo. 

O MCMV não só dinamiza o setor imobiliário como também estimula indiretamente o crescimento de áreas correlacionadas, como a construção civil, que demanda seguros como seguro garantia para obras, riscos de engenharia, seguro de crédito, seguro habitacional e seguro residencial, entre os mais importantes. No passado, muitas obras do programa enfrentaram problemas de conclusão, seja por dificuldades financeiras das construtoras, má gestão ou falência.

O programa cria um ecossistema em que várias modalidades de seguro são essenciais. O seguro garantia e o seguro de riscos de engenharia são exigidos pelas instituições financeiras que financiam as obras do MCMV, garantindo a conclusão dos projetos mesmo diante de eventos imprevistos. As principais causas de paralisação de obras no MCMV são a falência de construtoras e problemas de financiamento público.

O seguro garantia assegura a entrega da obra caso a construtora venha a falir ou descumpra o contrato. Nesses casos, a seguradora pode indenizar o segurado ou tomar as medidas necessárias para que outra empresa conclua a obra. Com as novas regras que entraram em vigor em 2024, para licitações públicas, o contratante e o construtor podem adquirir uma apólice com cláusula de retomada da obra (step in), que inclui o acompanhamento de todas as etapas para garantir que o empreendimento seja concluído no prazo acordado. Em alguns casos, no entanto, se a causa da paralisação não estiver prevista nas cláusulas da apólice, como problemas de gestão pública ou falta de verbas do governo, a seguradora pode não ser obrigada a pagar a indenização.

Não há estatísticas disponíveis sobre as indenizações pagas em casos de paralisação de obras no MCMV. Em muitas situações, a ausência de apólices adequadas ou falhas no cumprimento das cláusulas contratuais impedem que as seguradoras sejam obrigadas a indenizar. “A apólice de seguro serve para cobrir os riscos de uma paralisação, e o segurado deve estar em conformidade com as obrigações do contrato objeto do seguro. Se houver irregularidades ou descumprimento contratual por parte do segurado, a seguradora pode se recusar a pagar”, explica o executivo.

Arcanjo também destaca que, para as construtoras envolvidas no MCMV, o seguro de riscos de engenharia é crucial, pois o programa abrange construções em larga escala e em regiões com condições climáticas e geológicas variadas. O seguro cobre danos materiais durante a fase de construção, como desastres naturais, acidentes e falhas técnicas, mas não cobre problemas financeiros ou falência das construtoras. Se a obra for paralisada por má gestão ou falta de recursos financeiros, esse tipo de apólice geralmente não cobre o prejuízo.

O diretor da Wiz Corporate ressalta a importância de incluir o tema dos impactos das mudanças climáticas entre os atores desta cadeia — governos, construtoras e seguradoras — e também na escolha de um corretor especializado neste tipo de contrato. “Fazemos uma matriz de risco sob medida para cada empreendimento, para evitar surpresas como a ausência de cobertura no momento de um sinistro.” Segundo ele, a Wiz Corporate tem investido em conscientização sobre os riscos de cada projeto para garantir que o seguro cumpra seu papel principal: mitigar e gerir riscos, permitindo que as empresas concluam obras importantes como as do MCMV, essenciais para a sociedade brasileira.

O déficit habitacional no Brasil totalizou 6 milhões de domicílios em 2022, representando 8,3% do total de habitações ocupadas no país. Esse déficit é predominante entre famílias com renda de até dois salários mínimos (R$ 2.640), principalmente aquelas na Faixa 1 do MCMV (74,5%). O déficit habitacional absoluto por região é de 773.329 no Norte, 1.761.032 no Nordeste, 499.685 no Centro-Oeste, 2.433.642 no Sudeste e 737.626 no Sul, segundo dados da Fundação João Pinheiro (FJP), divulgados em abril de 2024, em parceria com a Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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