Estudo da AON revela gap na contratação de seguro cibernético

O relatório observa que apenas 36% dos entrevistados têm apólices de seguro cibernético que cobrem os custos de ransomware

Fonte: Reinsurance News

A Aon lançou seu Relatório “Intangible versus Tangible Risks Comparison Report” (Comparação de Riscos Intangíveis versus Tangíveis) de 2024, ressaltando a necessidade de empresas na Europa, Oriente Médio e África (EMEA) reavaliarem suas estratégias de seguro cibernético e proteção de propriedade intelectual (PI).

O estudo, que entrevistou 596 executivos, aborda os riscos vinculados à inteligência artificial generativa (Gen AI) e a crescente vulnerabilidade a perdas envolvendo propriedade intelectual e ativos intangíveis. Traz uma análise detalhada dos riscos associados a ativos intangíveis, revelando que esses ativos são significativamente mais suscetíveis a perdas em comparação aos tangíveis.

Um dos destaques é que a Perda Máxima Provável média para ativos intangíveis é quase 43% maior do que para ativos tangíveis. Em termos de cobertura de seguro, há um contraste: enquanto 60% dos ativos de propriedade, instalações e equipamentos (PP&E) são segurados, apenas 17% dos ativos de informação recebem proteção semelhante. Essa lacuna de seguro permaneceu inalterada nos últimos dois anos, apesar da crescente importância e valor dos ativos intangíveis e da frequência crescente de grandes violações cibernéticas.

Em toda a EMEA ressaltam essa discrepância na cobertura de seguro. A pesquisa também destaca que a probabilidade de um grande evento cibernético afetar ativos intangíveis é três vezes maior do que para PP&E. No entanto, apesar desses riscos elevados, muitas empresas ainda estão sub-seguradas para questões como roubo de segredo comercial e responsabilidade de propriedade intelectual, o que pode levar a uma exposição financeira substancial.

O relatório indica ainda que 69% das empresas na região EMEA estão atualmente utilizando ou planejando implementar produtos ou serviços de IA. Essa adoção generalizada de IA pode ampliar o risco de incidentes cibernéticos e apresentar desafios adicionais relacionados à conformidade regulatória. Novas regulamentações, como a Lei de IA da União Europeia, podem aumentar involuntariamente a probabilidade de disputas legais com detentores de direitos autorais.

David Molony, chefe de soluções cibernéticas EMEA da Aon, disse: “O seguro cibernético evoluiu rapidamente para abordar de forma mais eficaz os principais fatores de perda associados a eventos cibernéticos. Ele oferece cobertura mais favorável e preços premium para empresas que demonstram fortes práticas de segurança cibernética.

“No entanto, o valor crescente dos ativos intangíveis, juntamente com o aumento da IA ​​generativa, representa uma mudança de paradigma no risco cibernético, enquanto a nova Lei de IA da UE provavelmente só introduzirá mais complexidade regulatória. As empresas devem se preparar para esses riscos em evolução e potenciais responsabilidades.”

Espera-se que a crescente ameaça representada pela IA generativa intensifique a escala e o impacto dos ataques cibernéticos nos próximos dois anos. A IA generativa pode refinar e avançar as técnicas usadas por criminosos cibernéticos, tornando mais fácil até mesmo para hackers inexperientes realizar ataques bem-sucedidos. Espera-se que essa tendência contribua para um aumento global nas ameaças de ransomware.

O relatório observa que apenas 36% dos entrevistados têm apólices de seguro cibernético que cobrem os custos de ransomware. Isso deixa um número significativo de empresas financeiramente vulneráveis ​​às consequências de incidentes cibernéticos.

Molony continuou: “A recente interrupção global de TI serviu como um poderoso lembrete da natureza dinâmica dos riscos cibernéticos e tecnológicos e enfatizou a importância de protocolos robustos de continuidade de negócios e resposta a incidentes. Também reiterou a necessidade de uma apólice de seguro cibernético abrangente para mitigar esses riscos.

“Este cenário em evolução apresenta grandes oportunidades para empresas globais repensarem suas estratégias de risco, seja por meio de mecanismos convencionais de transferência de risco ou alavancando capacidades em arranjos de capital alternativos, como mercados cativos e de resseguro.”

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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