Por Roque de Holanda Melo, CEO da Junto Seguros
O mundo corporativo em constante transformação exige novas formas de trabalho. As empresas buscam modelos de gestão horizontais, que valorizem a autonomia e o empoderamento dos colaboradores. Nesse cenário, o papel do líder se torna crucial para guiar e inspirar as equipes autônomas, impulsionando o sucesso da organização. Mas será que, na prática, é aplicável a todos os perfis?
Aqueles que desejam adotar o modelo precisam refletir sobre o estilo de liderança que praticam atualmente e o que é imperativo na empresa. Uma das principais características é criar um ambiente de confiança, estimulando a autonomia e o compartilhamento das responsabilidades. O profissional à frente deve ser um facilitador, capaz de criar uma atmosfera propícia para o desenvolvimento individual e coletivo.
Faz parte deste formato de trabalho manter equipes autogerenciáveis, capazes de realizar suas atividades com excelência, definindo as prioridades com proatividade e senso crítico. A autoridade para tomar decisões e elencar os objetivos é do próprio time. Para ser executado com efetividade, é preciso estabelecer um processo de comunicação claro, ter indicadores de desempenho e metas bem definidas, além de manter feedbacks constantes.
Adotar esse modelo de condução exige um conjunto de habilidades distintas do tradicional, com hierarquia vertical, na qual as demandas são cascateadas dos gestores C-levels aos demais colaboradores. A principal característica deste formato é a valorização das pessoas em todos os processos. Aqueles que praticam a liderança horizontal estão mais propensos a realizar e atingir os objetivos estipulados e desejados em projetos desafiadores, pois neste formato os profissionais se sentem importantes e sabem que estão contribuindo com o propósito do que estão realizando. Segundo um estudo da organização internacional SHRM, 7 a cada 10 funcionários afirmam que o empoderamento é um elemento vital para seu engajamento no trabalho.
O ambiente colaborativo proposto na hierarquia horizontal incentiva os membros a testarem ideias novas, terem menos medo de ousar e, eventualmente, errar. Quando bem executado, os benefícios são evidentes: aumento da motivação, maior produtividade, melhora na tomada de decisões, maior inovação e redução de custos, além de ampliar a flexibilidade e deixar as companhias mais ágeis de forma global. Uma pesquisa realizada pela Gallup mostra que empresas com pessoas comprometidas com o negócio tem lucratividade até 21% maior do que as demais.
A implantação dessa estratégia envolve uma mudança cultural e traz consequências a curto, médio e longo prazos. Em um ambiente corporativo que se transforma rapidamente, com a chegada de novas tecnologias; a convivência de profissionais de diversas gerações; as mudanças nos formatos de trabalho; entre outros, investir no formato vertical gera morosidade. Atualmente, lidamos com problemas tão complexos que dificilmente uma ou poucas pessoas que compõe a empresa conseguirão sozinhas achar as melhores soluções ou, quando encontram, demoram um tempo considerável. A inovação plena advém do processo coletivo de concepção, da capacidade criativa aprimorada pelo grupo.
Ao desenvolver essas habilidades e características necessárias, o líder impulsiona a prosperidade da equipe e da empresa como um todo, potencializando os resultados em um ambiente cada vez mais competitivo e dinâmico. A gestão horizontalizada, quando implementada com as devidas reflexões e adaptações, é um salto para o sucesso da organização, impulsionando o engajamento, a produtividade e a inovação.