RIMS 2024: “Somos aliado estratégico e fonte de consulta para a melhoria do risco”, diz David Colmenares, da Allianz

Abordar os desafios das mudanças climáticas e das catástrofes naturais não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas de sobrevivência e prosperidade a longo prazo para as empresas e pessoas em todo o mundo, afirma o executivo

David Colmenares, diretor geral LatAm Allianz Commercial, acredita que no cenário atual é inegável que as mudanças climáticas e os desastres naturais representam uma ameaça significativa em todo o mundo, especialmente para os gestores de riscos das empresas. “O aumento das temperaturas, fenômenos climáticos mais intensos e constantes, e a elevação do nível do mar são apenas algumas das consequências visíveis das mudanças climáticas”, disse ele em entrevista ao Sonho Seguro.

O executivo participa da RISKWORLD, que acontece entre 5 a 8 de maio em San Diego, California (EUA), promovido pela RIMS, a associação de gestores de riscos dos Estados Unidos. Ontem, o grupo fez um evento num porta aviões, com queima de fogos, para receber diversos parceiros de negócios.

Como está o evento?

Em meados de 2023, o Grupo Allianz, maior seguradora do mundo e terceira maior gestora de ativos do mundo, apresentou oficialmente sua nova marca para clientes de médias e grandes empresas: a Allianz Commercial. A partir desta nova unidade de negócios, oferecemos o melhor suporte aos nossos segurados, combinando a força de uma estratégia global com execução adaptada às suas necessidades locais, para proteger a espinha dorsal da economia global. Precisamente, um dos nossos principais objetivos em 2024 é consolidar a Allianz Comercial como um player relevante no setor de seguros em nível regional e global, em cenários de alto valor estratégico como o RIMS, onde podemos trocar opiniões com especialistas do setor sobre tendências e comportamentos de mercado, além de anunciar para todo o mundo que estamos prontos para prestar o melhor e mais completo serviço aos clientes de empresas de médio e grande porte com “uma cara para o mercado”. 

Os desastres naturais estão assustadores, não?

Os desastres naturais estão entre os três principais movimentos no ranking, subindo três posições — do 6º para o 3º lugar. O ano passado foi o mais quente já registrado desde o início das medições e registros, e as perdas seguradas superaram US$ 100 bilhões pelo quarto ano consecutivo, impulsionadas pela conta de danos mais alta de todos os tempos, US$ 60 bilhões, devido a tempestades severas. Catástrofes naturais não apenas interrompem cadeias de suprimentos e operações comerciais, mas também podem causar danos físicos às instalações, resultando em perdas financeiras substanciais e danos à reputação da empresa. Além disso, os custos associados à reconstrução e à recuperação após uma catástrofe podem ser exorbitantes, levando a uma diminuição dos lucros e à necessidade de realocação de recursos que poderiam ter sido investidos em inovação e crescimento. Por outro lado, as mudanças climáticas continuaram na sétima posição no ranking global, mas estão entre os três principais riscos empresariais em países como Brasil, Grécia, Itália, Turquia e México. No Brasil, as questões climáticas aparecem como principal risco para 2024. No ano passado, esse problema ficou em oitavo lugar. 

O que mais preocupa nos danos climáticos?

Danos físicos aos ativos corporativos devido a eventos climáticos extremos mais frequentes e severos são uma ameaça-chave. Os setores de energia e industrial estão entre os mais expostos. As mudanças climáticas também contribuem para a volatilidade dos preços das commodities, escassez de recursos naturais e mudanças nas preferências dos consumidores. Empresas altamente dependente de recursos naturais, como agricultura, pesca, energia e manufatura, são particularmente vulneráveis a essas mudanças. A incerteza em relação às condições climáticas futuras torna ainda mais desafiador para as empresas planejarem estrategicamente e mitigarem os riscos associados. Além disso, as empresas estão enfrentando uma pressão crescente de partes interessadas, incluindo investidores, clientes e reguladores, para adotar práticas mais sustentáveis e reduzir suas pegadas de carbono. Os riscos de transição para uma economia net zero e os riscos de responsabilidade devem aumentar no futuro, à medida que as empresas investem em tecnologias de baixo carbono, em grande parte não testadas, para transformar seus modelos de negócios.

As empresas parecem conhecer pouco ainda os riscos das alterações climáticas…

Dado este cenário, é indispensável para as empresas reconhecerem os riscos das mudanças climáticas e das catástrofes naturais, e implementar estratégias proativas de mitigação e adaptação. Isso inclui investir em infraestrutura resiliente, diversificar cadeias de suprimentos, adotar práticas de produção mais sustentáveis, incorporar considerações climáticas nas análises de risco e desenvolver planos robustos de continuidade de negócios. Além disso, as empresas podem se beneficiar ao se posicionarem como líderes em sustentabilidade e responsabilidade corporativa, o que não apenas fortalece sua reputação e marca, mas também atrai investidores e consumidores conscientes.  

E como aumentar a consciência de todos com relação às mudanças climáticas?

Os esforços não devem partir apenas das empresas e governos, mas sim, de toda a população em geral, pois a indústria de seguros tem um papel muito importante a desempenhar. Como uma empresa global de serviços financeiros e seguros, temos interesse em contribuir para a descarbonização da economia global, fazendo parte da solução e integrando riscos e oportunidades relacionados ao clima em nosso negócio principal. Ao considerar sistematicamente critérios climáticos e de sustentabilidade em nossos negócios e investimentos, apoiando nossos clientes na redução de danos e riscos relacionados ao clima por meio de adaptação e desenvolvimentos de baixo carbono, e possibilitando a transição de baixo carbono em nossas próprias operações, investimentos e clientes, estamos comprometidos em ajudar a limitar o aquecimento global para construir um presente e futuro mais seguro, seguro e sustentável para todos. Abordar os desafios das mudanças climáticas e das catástrofes naturais não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas também de sobrevivência e prosperidade a longo prazo para as empresas e pessoas em todo o mundo. 

Quais as expectativas para a América Latina?

O Brasil e a América Latina vibram ao ritmo de seu povo, de sua cultura e de um aparato produtivo formado por empresas locais e estrangeiras, que são o motor do desenvolvimento de nossa região: diversa por natureza e onde a troca de ideias e perspectivas entre diferentes ambientes culturais, fomenta talentos, inovação e o crescimento de um mercado formado por mais de 600 milhões de pessoas. Na RIMS 2024, destacamos o imenso potencial do Brasil e, em geral, da América Latina como um atrativo foco de estabilidade e desenvolvimento, com o propósito de promover investimentos em nossa região de forma segura e sustentável, de mãos dadas com uma indústria de seguros robusta e em constante crescimento, liderada pela Allianz Commercial. 

Quais as ações da Allianz Comercial no evento?

Como um dos principais eventos do ano do setor de seguros, a Allianz preparou uma série de atividades no RIMS 2024 para discutir ideias e trocar conceitos sobre soluções inovadoras e estratégias de gestão de riscos com alguns dos principais profissionais do setor. Este ano, teremos nosso estande recém-ampliado, localizado no centro do Centro de Convenções de San Diego, onde os visitantes poderão entrar em contato direto com alguns de nossos membros da diretoria e equipes de gerenciamento e distribuição. Mas, uma das grandes surpresas que teremos para todos os participantes do RIMS, tem a ver com uma noite de networking que organizaremos dentro e fora do icônico navio USS Midway no Navy Pier, a fim de oferecer uma recepção verdadeiramente inesquecível. Isso, além de outras experiências como estandes de vinho, cerveja e café, para que as pessoas possam conhecer um pouco melhor nossa equipe e nossas ofertas, em um ambiente descontraído e descontraído.  Por último, mas não menos importante, realizaremos nossas ‘Allianz Sessions’ com a ajuda de nossos especialistas, para nos aprofundarmos em tópicos-chave para a indústria e para nossa empresa.

Quais são os principais serviços oferecidos para ajudar os gestores de riscos a obter um bom programa de seguros em um cenário de mercado ainda difícil? 

Tudo começa conhecendo o cliente, sua atividade, como é ou se há gestão de riscos em suas instalações e o quanto ele tem consciência de ter programas adequados de previsão e proteção contra incêndio. A partir disso, é implantada a proposta personalizada, que atenda às necessidades do cliente para a melhoria do risco. Possuímos um portfólio de serviços que vai desde a proposição de recomendações, até serviços especializados como diagnóstico de sistemas de proteção, assessoria para projeto e instalação, além de treinamentos em segurança física, BCP, segurança computacional, desenvolvimento de termografia para mitigação de incêndio por instalações elétricas.

Como você vê a situação atual dos gestores de risco? Quais os principais desafios e oportunidades dessa profissão?

Os programas de gestão de riscos têm dois objetivos: o primeiro é transcender o conceito típico da seguradora que é indenizar sinistros e tornar-se parceiro e aliado através de programas de gerenciamento de riscos, buscando a fidelização a longo prazo. O segundo ser a favor do negócio, não ser um obstáculo à subscrição. E nesses dois pontos está o desafio, que intermediários e clientes entendam que engenheiros de risco são gestores para a melhoria do risco, que trabalhamos para a estabilidade e não interrupção dos negócios de nossos clientes. O desafio é mudar o pensamento deles para que não nos vejam como auditores e, sim, como aliado estratégico e fonte de consulta para a melhoria do risco. 

Como as seguradoras podem contribuir para agregar valor ao gestor de riscos?

Tornando-o parte do processo, uma vez que a subscrição começa a partir da inspeção de risco. Por esse motivo, é importante que a agregação de valor ao gestor venha não só da seguradora, mas também dos intermediários, entendendo a importância da boa coordenação de uma visita de inspeção, onde serão atendidos por pessoal adequado. Quanto mais informações o gestor de risco conseguir captar, mais informações para análise de risco e estruturação de uma proposta de valor. 

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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