Enquanto a indústria de seguros se reúne para a primeira Cúpula Global de Seguros Sustentáveis em Los Angeles (EUA), 32 grupos da rede Insure Our Future enviaram uma carta às principais seguradoras de combustíveis fósseis do mundo, detalhando como elas podem acelerar a transição para uma economia limpa.
O Brasil estava representado no evento pelo presidente da CNseg, a confederação das seguradoras, Dyogo de Oliveira. As demandas dos manifestantes incluem parar imediatamente de segurar projetos novos e ampliados de carvão, petróleo e gás. O grupo também pede na carta que seja se estabeleça mecanismos robustos de devida diligência para garantir que os clientes respeitem e observem todos os direitos humanos.
O objetivo do grupo é que os poluidores, e não os indivíduos e as famílias, paguem pelos custos crescentes dos desastres climáticos. Como pano de fundo, os líderes citam a crise do custo de vida, agravada pelo aumento dos prêmios de seguro ou pela perda total da cobertura do seguro em algumas áreas de alto risco. Tal medida vem sendo tomada pelas seguradoras, que tentam limitar as suas perdas relacionadas com o clima, transferindo-as para as comunidades. Por exemplo, doze grandes seguradoras restringiram a cobertura relacionada com o clima na Califórnia, causando perdas no valor das casas.
“Sabemos que a transição climática tem diferentes implicações a níveis nacional, regional e global e que não há resposta simples para isso. Por isso, o setor segurador desempenha um papel importante neste processo ao elaborar produtos e serviços para melhor gerenciar os riscos crescentes das mudanças climáticas”, discursou Oliveira.
A uma plateia de executivos do mercado segurador, reguladores, governos, acadêmicos e consultorias do mundo todo, Oliveira apresentou o Roadmap de Sustentabilidade em Seguros da CNseg. Durante o painel “Ampliando a Sustentabilidade em Seguros”, ele explicou que o Roadmap vai orientar as ações da Confederação para fomentar práticas mais sustentáveis e a sinergia entre as agendas de sustentabilidade e relações de consumo na construção de produtos adaptados à necessidade do consumidor.
O documento foi construído pela equipe técnica da confederação levando em consideração quatro referências fundamentais: 1) princípios para sustentabilidade em seguros (PSI); 2) os aspectos ASG mais relevantes para o nosso mercado; 3) o nosso arcabouço regulatório temático; e 4) os onze objetivos ambientais, climáticos e sociais que serão abordados pela taxonomia sustentável brasileira.
Dyogo enfatizou que o Roadmap brasileiro possui ainda três eixos principais que vão refletir as necessidades e desafios específicos de Seguros Gerais, Previdência Privada, Vida, Saúde Suplementar e Capitalização com ênfase particular nos temas ambientais, sociais e de governança. Os três eixos são a) promoção de uma transição justa para economia sustentável e de baixo carbono; b) o estímulo à resiliência da sociedade frente às mudanças climáticas; e c) e a promoção da inclusão e combate à desigualdade
“Em cada um dos eixos escolhemos as iniciativas que vão promover a sinergia entre as agendas de sustentabilidade, biodiversidade e relações de consumo”, informou. “O mercado apoia a construção de uma taxonomia sustentável em seguros para classificar produtos de seguros, serviços e assistências oferecidas ao consumidor”, disse o presidente da CNseg.
No caso de Seguros Gerais, as alterações climáticas podem impactar os sinistros pelo aumento de desastres naturais e mudanças nos padrões climáticos e pluviométricos de determinadas regiões. Por isso, as seguradoras precisam considerar essas questões na gestão e subscrição de riscos para criar novos produtos ao consumidor e empresas apoiando e protegendo os negócios.
Em relação à Vida e Previdência, deve se levar em conta questões sociais e demográficas. Se, por um lado, o aumento da longevidade da população impõe desafios à gestão de produtos de previdência complementar, a ascensão das camadas mais baixas da população trazem oportunidades relevantes para o setor. Na mesma linha, os produtos de Capitalização promovem a inclusão financeira, especialmente corroborando para a acumulação de recursos a longo prazo com objetivo de gerar receitas e acumular patrimônio.