TV, geladeira e mais: seguro garantia estendida cresce 4 vezes mais que varejo; como funciona?

Proteção geralmente é adquirida pelo consumidor em varejistas, junto com a compra de bens duráveis

Fonte: Infomoney, Jamille Niero

O seguro garantia estendida cresceu quatro vezes mais que o comércio varejista em 2023, aponta levantamento da FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais). Enquanto o seguro avançou 4,4% e arrecadou R$ 2,7 bilhões, a Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE apontou expansão de 1% do mercado de móveis e eletroeletrônicos, segmentos em que a venda de garantia estendida mais se destaca. Os números são os mais recentes e referentes aos meses de janeiro a outubro do ano passado.

Televisores e telas envolvem 16% dos planos de garantia estendida na base de dados da startup Pitzi, encabeçando a lista dos produtos que mais instigam os consumidores a efetivar a contratação dessa modalidade de proteção.

Acessórios de áudio portáteis (fones) ocupam a segunda posição, com 12% de procura. Em terceiro lugar, empatados, aparecem ventiladores e circuladores de ar e panelas e fritadeiras elétricas, que abrangem 10% da contratação de garantia estendida cada; já na quarta posição estão os computadores portáteis (9%). O quinto lugar da lista traz impressoras e periféricos, que alcançam 6% dos contratos.

“Seja por possíveis furtos, roubos ou até acidentes, nos últimos anos, o consumidor brasileiro se tornou mais consciente da importância de proteger equipamentos, sobretudo os de uso cotidiano. Não à toa, notamos uma crescente adesão à garantia estendida oferecida pela Pitzi, com crescimento expressivo”, destaca Marco Garutti, CIO da startup.

Como funciona?

O seguro de garantia estendida geralmente é adquirido pelo consumidor no varejo, junto com a compra de bens duráveis como celulares, equipamentos de som, TVs, geladeiras, fogões e máquinas de lavar. A proteção desponta como uma opção para garantir tranquilidade em relação a possíveis danos ou defeitos nos produtos após o prazo de garantia dado pelo fabricante. Mas, afinal, quais são os prós e contras dessa modalidade de seguro?

De acordo com Patrícia Soeiro, vice-presidente da comissão de seguros gerais e afinidades da FenSeg, a garantia estendida oferece “benefícios significativos”, principalmente do ponto de vista financeiro. Com um custo que varia entre 10% e 15% do valor do bem, esse seguro cobre peças e mão de obra para reparos do produto, livrando o cliente de custos “surpresa”. Além disso, proporciona comodidade a quem o compra, já que a seguradora se encarrega de encontrar profissionais qualificados para os reparos.

Ela explica que é um produto adquirido por todos os perfis de consumidor, mudando apenas a motivação para a aquisição. “No varejo que atende classes C e D, a compra é feita pensando no benefício financeiro. Nos varejistas voltados para classe A e B, tem o mote de comodidade, porque é oferecido um reparo de qualidade, sem peça paralela e sem profissional duvidoso”, comenta Soeiro.

Raquel Silva, diretora de Bancassurance, Affinity e Parcerias da corretora WTW, ressalta a simplicidade do funcionamento desse tipo de seguro, mas avalia que a conexão operacional entre varejistas e seguradorasainda é um desafio a ser superado. Ela destaca também a necessidade de esclarecimento na oferta do segurona ponta. “É a extensão da garantia de fábrica e é importante que quem está ofertando a garantia estendidaexplique a quem está comprando por quanto tempo e quanto exatamente ela custa”, diz.

Fique atento aos benefícios

O advogado Luis Ricardo Trezza, especialista em direito civil e do consumidor, concorda que um dos principais cuidados que o consumidor deve ter na aquisição deste seguro é em relação ao valor pago pela proteção, que deve ser proporcional ao bem adquirido, evitando coberturas excessivas que encarecem o prêmio (valor pago pelo consumidor à seguradora para adquirir o seguro) sem trazer benefícios práticos.

Além disso, é fundamental compreender as situações não cobertas pelo seguro. “Mau uso, danos na aparência do aparelho, como ferrugem ou amassados, ou danos que não envolvam o funcionamento do aparelho, não são cobertos”, observa Trezza.

É importante também verificar as instruções para o acionamento do seguro em caso de situação coberta e os prazos para atendimento. O advogado explica que o consumidor precisa saber onde ligar e quais inações e documentos serão necessários para solicitar a cobertura, por exemplo.

Vale também ficar de olho nas regras para aquisição online de produtos e o seguro de garantia estendida atrelado aos itens. “O consumidor tem o direito de arrependimento no prazo de 7 dias. Nesses casos, é muito recomendável que o cliente leia as condições do seguro, que deverão ser enviadas tão logo confirmado o pagamento, para ver se mantém a contratação ou exerce o direito de arrependimento”, acrescenta Trezza.

O que vem por aí?

Segundo Raquel Silva, da WTW, uma das principais perspectivas para 2024 no segmento é justamente o crescimento da oferta da garantia estendida no ambiente online. Essa expansão tende a facilitar o acesso dos consumidores a esse tipo de proteção, tornando o processo de contratação mais ágil e conveniente.

Além disso, há expectativas de ampliação da oferta para outros tipos de bens, incluindo produtos com garantias de fábrica mais curtas e de menor valor, como acessórios eletrônicos e eletrodomésticos de uso cotidiano, salientam os especialistas consultados.

Em um cenário de crescimento do segmento e maior competição entre as seguradoras, Patrícia Soeiro, da FenSeg, indica que as companhias do mercado têm o desafio e a oportunidade de aprimorar suas práticas e oferecer soluções cada vez mais alinhadas às expectativas e necessidades dos consumidores.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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