“Tributar o seguro como todo o resto da economia”, diz Bernard Appy

Fonte: Susep

Neutralidade. Esse conceito permeou a apresentação feita pelo secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, no evento “Reforma Tributária e o Setor de Seguros e Resseguros”, realizado pelo Instituto de Inovação em Seguros e Resseguros da Fundação Getulio Vargas (IISR – FGV), na sexta-feira (1º/3), em São Paulo. “Um bom modelo tributário é aquele que distorce o mínimo possível a atividade econômica”, afirmou Appy. “Ele não deve favorecer um modelo de negócio ou outro”, acrescentou.

O secretário ressaltou que a Emenda Constitucional (EC) 132, promulgada pelo Congresso Nacional em 20 de dezembro e que promove a Reforma Tributária do consumo, expressa e leva à prática o conceito de que “não é o imposto que tem que tornar o modelo mais ou menos eficiente”. Appy voltou a enfatizar um dos principais argumentos que utilizou ao longo dos debates sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019, transformada, depois de sua promulgação, na EC 132: o sistema tributário não deve influenciar as decisões negociais das empresas. “É uma mudança de paradigma em relação ao que se tem hoje. O modelo vai ser mais eficiente e levar o mercado a se organizar de forma mais eficiente”, disse o secretário no evento na FGV.

Grupos Técnicos

Appy ressalvou que não poderia entrar em detalhes sobre as discussões que estão ocorrendo no âmbito das instâncias do Programa de Assessoramento Técnico à implementação da Reforma Tributária do Consumo (PAT-RTC), em razão, justamente, de os debates ainda estarem em curso. Criado e coordenado pelo Ministério da Fazenda, o programa conta em sua estrutura, entre outros componentes, com 19 Grupos Técnicos (GTs) dedicados a temas específicos. Esses GTs são integrados por representantes dos fiscos federal, estaduais e municipais, e vêm mantendo interlocução com entidades do setor privado.

Depois de consolidar os relatórios dos GTs, a Comissão de Sistematização, principal instância do PAT-RTC, coordenada pelo secretário Appy, encaminhará ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, as minutas dos anteprojetos que formarão a base dos projetos de leis complementares para regulamentar o disposto na EC 132. Appy informou que os projetos deverão ser enviados ao Congresso no começo de abril.

Seguros e resseguros

Ao destacar uma das principais características do Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) – o coração da Reforma Tributária do consumo –, Appy observou: “O conceito é tentar transformar a tributação do seguro numa tributação não cumulativa, ao contrário do que existe hoje, quando a tributação é claramente cumulativa”. E frisou: “O custo do seguro vai cair para as empresas”, em razão da recuperação de créditos.

Segundo o secretário, o seguro contratado por uma empresa será menos onerado no novo modelo do que é hoje, mesmo que a tributação hoje seja pequena. “Na prática, há uma série de tributos que incidem e que não geram crédito para a empresa que contratou o seguro. Para as empresas que contratam seguros, o efeito vai ser o de reduzir o custo do seguro”.

Appy esclareceu que a ideia debatida no GT que está tratando da tributação de serviços financeiros é tributar o seguro “como todo o resto da economia”, ou seja, como consumo final e não quando é usado como insumo pelas empresas. Para as pessoas físicas, a tributação deverá ser a da margem na contratação do seguro, “como qualquer outra venda de mercadoria ou serviço”. De acordo com Appy, a principal vantagem é o ganho de transparência. “As pessoas vão saber de fato qual é o custo do seguro para elas”.

O evento reuniu seguradoras, reguladores, pesquisadores e corretoras. Participaram, também, representantes da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) e da Federação Nacional das Empresas de Resseguros (Fenaber).

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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