Porto dobra lucro para R$ 2,2 bilhões em 2023, sendo a vertical Seguros responsável por 86%

A Porto comemora os resultados obtidos em 2023, com crescimento e rentabilidade nas quatro verticais da holding: seguros, saúde, banco e serviços. O lucro líquido dobrou de um ano para outro, alcançando R$ 2,26 bilhões no ano passado, com a vertical Seguros responsável por 86%. O Retorno sobre Patrimônio Médio (ROAE) foi de 19,6% no ano. 

“Realmente foi um ano histórico para o grupo, com um resultado que gera entusiasmo em toda a equipe com a preservação do time executivo e aquisição de novos, como o diretor de relações com investidores, Domingos de Toledo Piza Falavina, e a nova executiva-chefe de operações da vertical Porto Seguros, Patrícia Chacon, ex-CEO da Liberty. Temos uma agenda estruturante pela frente, que nos anima muito”, comentou em entrevista a um grupo de jornalistas Paulo Kakinoff, que assumiu o comando do grupo em janeiro de 2024, mas vinha no último ano acompanhando todas as principais decisões do corpo diretivo num período de transição com Roberto Santos, agora no Conselho. 

Segundo ele, o bom desempenho veio da recomposição dos preços num ambiente competitivo, crescimento de 16,2% das vendas em todas as verticais para uma receita total de R$ 31,7 bilhões, com avanço na expansão orgânica dos negócios, incorporação dos clientes da CDF e a estreita relação com os mais de 37 mil corretores parceiros de negócios. 

“Os corretores, que conhecem as características regionais e culturais em todo o Brasil e cada CPF individualmente, são responsáveis também pelo bom resultado que estamos apresentando. Eles são essenciais na nossa modelagem de risco, agregando valor ao imenso banco de dados que usamos para fazer uma subscrição equilibrada”, citou. O índice de renovação de apólices está em 75%. 

Na Porto Seguro, vertical comandada por Rivaldo Leite e que responde pelos produtos de seguros e por quase R$ 1,9 bilhão do lucro de 2023, os prêmios avançaram 12,1%, para R$ 19,8 bilhões, justificado pelo aumento de 8,1% na base de clientes comparado ao ano anterior e por adequações na precificação. O Índice Combinado encerrou o ano passado em 86,9%, com índice de sinistralidade de 53,7% considerando-se Porto e Azul. Segundo o executivo, a melhora se deve ao aprimoramento na subscrição de riscos, aumento no controle de sinistros e evolução mais favorável no valor dos automóveis, diminuindo a pressão sobre os custos dos sinistros, explicaram os executivos. 

Kakinoff destacou que a Porto Saúde, comandada por Sami Froguel,  ultrapassou 543 mil beneficiários, com receitas de R$ 4,6 bilhões e lucro de R$ 200 milhões, segundo dados do balanço publicado no portal da holding. “Vislumbramos uma tendência de crescimento em saúde em razão de produtos desenhados para cada mercado e pela segmentação de clientes”, afirmou. A sinistralidade recuou 3,7 p.p. no quarto trimestre de 2023 em comparação ao 4T22 e 4,4 p.p. em relação ao 3T23. Segundo os executivos, este fato foi impulsionado pelas iniciativas de adequação tarifária, ações para redução de fraudes e melhoria na subscrição de riscos.

Na Porto Bank, vertical de negócios financeiros liderada por Marcos Roberto Loução, as receitas totais superaram R$ 4 bilhões em 2023 e o ganho chegou a R$ 451 milhões, com destaque para o crescimento nas receitas de consórcio e para o incremento de negócios na vertical. “Em relação às operações de crédito, o banco apresentou um resultado com evolução positiva da inadimplência, com tendência de se manter em 2024. As novas safras têm apresentado boa performance, indicando a efetividade das políticas implementadas nos últimos meses. Assim, o foco na gestão de risco e na melhor qualidade da carteira de crédito continuam sendo pilares do crescimento sustentável da vertical”, destacou Kakinoff. 

Em outros negócios, a companhia atingiu receita de R$ 853 milhões no ano e perdas de R$ 157 milhões.  A redução é explicada pela desaceleração do ritmo da operação do carro por assinatura, que passa por uma reestruturação. “Estamos neste momento discutindo sobre qual será o formato que a Porto vai ofertar este serviço. A hipótese é que a companhia tenha uma parceira para fazer a gestão, através da qual pode capitalizar o negócio com seus distribuidores, os corretores de seguros”, informou, sem descartar ter um sócio. “Mas a nossa preferência é ter parcerias”, enfatizou. 

Vertical de Serviços: a vedete de 2024

A menina dos olhos para 2024 é a nova vertical Porto Serviço, lançada em dezembro de 2023 e que tem como CEO Lene Araújo, inicia sua jornada com o potencial de alavancar o volume de vendas no B2C e já tem intensificado parcerias estratégicas B2B para distribuição do seu portfólio de serviços. Os resultados desta vertical, considerando os rebates das seguradoras, serão divulgados a partir do primeiro trimestre de 2024. 

A vertical de Serviços é que deve receber a maior intensidade de ações e projetos neste ano, inclusive aquisições como as já divulgadas Unigás e CDF, pelo potencial imenso tanto com expansão geográfica como em oferta de serviços. Este processo deve se intensificar ao longo deste ano, informou. “Temos uma capacidade de processamento gigantesca, com atividades de aquisição, desenvolvimento de conhecimento da marca, dos serviços que são oferecidos, do portfolio”, acrescentou, ressaltando que o seguro auto é um dos principais indutores da vertical de serviços. 

Ganho financeiro mantido com aplicações de longo prazo

Questionados sobre conseguir obter o mesmo resultado financeiro em 2024 com a tendência de queda da taxa Selic, os executivos afirmaram que o atual portfolio de investimento deverá apresentar bons resultados nos próximos três anos, beneficiando-se de títulos longos e numa aposta de que os juros ainda se manterão num patamar elevado. E mesmo que caia mais rapidamente, a composição do preço dos produtos e serviços irá considerar esta diferença. O CFO da Porto, Celso Damadi, informou que a carteira de títulos comprados considera juros entre 5% e 5,5%. “Levando em conta uma inflação de 3,5% a 3,8%, consideramos ter um receita robusta para os próximos anos”.

O retorno sobre as aplicações financeiras (ex-previdência) geridas pela tesouraria da companhia foi de R$ 378,2 milhões no 4T23, o que representa uma rentabilidade equivalente a 106,7% do CDI. O desempenho foi impulsionado, principalmente, pela rentabilidade das alocações em renda variável no período, além do fechamento dos spreads de crédito e da marcação a mercado de uma parte da carteira alocada em juro nominal (DI futuro). Mesmo com impacto negativo dos títulos marcados na curva (NTN B), o resultado foi acima do CDI no período. Em relação ao quarto trimestre do ano passado, o resultado financeiro cresceu 111,4%, atingindo R$ 355,9 milhões.

Mudanças climáticas sob a lupa dos dados

Os efeitos das mudanças climáticas é algo que não preocupa a direção da Porto. Até o momento, apesar de todos os desastres naturais ocorridos em 2022 e 2023, Kakinoff afirmou os dados da companhia não sinalizaram um risco sistêmico. “É inegável que vivemos mudanças climáticas, mas temos base para um refinamento das modelagens de risco e preço. Somos uma companhia com grande escala”, enfatizou.

A visão da Porto é que as mudanças climáticas podem, na verdade, ter um efeito positivo ao impulsionar o crescimento do setor como um todo, caso a população entenda como riscos que colocam seu patrimônio em risco. “Nosso negócio é vender produtos que protejam a sociedade de riscos”, comentou. Vale lembrar que a Porto Seguro é líder destacada de mercado de seguro auto e residência, com significativa margem da segunda colocada em cada segmento.

No âmbito da digitalização das operações, a Porto registrou 49 milhões de interações e atendimentos digitais no quarto trimestre de 2023 e 53% dos acionamentos para serviços de carro ou residência do trimestre foram feitos por meio do Super App e do WhatsApp.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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