Fonte: O Globo
O Tesouro Nacional lança nesta quarta-feira (17) uma iniciativa para incentivar mulheres a investirem em títulos públicos, em parceria com o Banco do Brasil, segundo fontes ouvidas pelo GLOBO.
A partir de um produto já existente, o Educa+, o novo título vai oferecer retorno atrelado à inflação, a partir de aportes mínimos de R$ 35.
Como parte do incentivo para que mulheres invistam nessa modalidade do Tesouro Direto, elas terão direito a benefícios como suporte jurídico e psicológico em caso de violência doméstica e seguro de vida de R$ 15 mil.
As mulheres poderão cadastrar seus filhos na plataforma do Banco do Brasil. Com isso, além da apólice de seguro, as crianças terão direito a 12 cestas básicas em caso de falecimento de suas mães.
Homens poderão aplicar no papel, mas não receberão os benefícios extras — seguro e suporte jurídico e psicológico. E mesmo que o pai já tenha cadastrado o filho no Educa+, a mãe pode fazer o investimento no novo papel e cadastrar a criança, para que ela tenha acesso aos benefícios.
Estímulo à poupança
Segundo dados disponíveis, até novembro do ano passado o público feminino representava apenas 26,7% dos aplicadores.
O projeto visa alcançar 100 mil mulheres — o Educa+ soma atualmente 40 mil investidores —, já que elas ainda recebem salários inferiores aos de homens que trabalham nas mesmas funções e têm menores oportunidades no mercado de trabalho e pouco acesso à educação financeira. Isso motivou outro incentivo: cursos básicos de finanças para essas investidoras, oferecidos pelo Banco do Brasil.
Este ano, estão previstos ainda outros lançamentos do Tesouro Direto, com cunho ambiental e social. Para Paulo Luives, sócio da Valor Investimentos, mais do que levantar recursos para a União, os novos produtos têm por meta instalar a cultura de poupança nos brasileiros:
— O hábito de poupar ainda é muito incipiente. Cerca de 70% da população está endividada. Não sobram recursos para guardar. E quem tem dinheiro para investir não tem acesso, na maioria das vezes, a alternativas fáceis e de baixo custo. Por isso, vejo esses lançamentos como algo muito positivo.
O volume em estoque do RendA+ e do Educa+ ainda é muito baixo em relação aos demais produtos do Tesouro Direto, correspondendo a 1,1% e a 0,1% do total, respectivamente. As maiores fatias se concentram no Tesouro Selic, com 37,3%, e no IPCA+, com 37,9%.
Camilla Dolle, head de renda fixa da XP, avalia que o Educa+, lançado em agosto do ano passado, ainda não caiu no gosto da população, já que poucas pessoas têm o objetivo de juntar dinheiro para pagar algum curso, sendo mais comum guardar recursos para a velhice:
— A gente já vê resgates, embora o volume de aplicações seja bem maior. Desde agosto, vimos aplicação de pouco mais de R$100 milhões nesse título. Talvez o objetivo não seja tão visado pelos investidores.