Cop28: seguro catástrofe é uma agenda urgente para o Brasil

Velocidade dos impactos da transição climática ocorrendo muito mais rápido do que se esperava, a agenda do setor de seguros merece ser considerada dentro da agenda de sustentabilidade 

por Carla Simões

O presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, afirmou, nesta segunda-feira, que a transição climática vem ocorrendo muito antes do que se esperava, o que pode ser constatado pelos números do setor segurador. Por isso, a implementação do Seguro Social contra Catástrofe daria uma rápida resposta às pessoas impactadas pelos eventos climáticos.

Dyogo participou do painel “Adaptação e Perdas e Danos”, promovido pelo Ministério das Cidades, no Espaço Brasil da COP-28, em Dubai, e que contou também com a participação do ministro das Cidades, Jader Filho; o prefeito de Niterói, Axel Grael; o diretor geral da Coalização para Infraestrutura Resiliente a Desastres (CDRI), Amit Prothi, e o chefe do escritório das Nações Unidas para Redução de Riscos de Desastres (UNDRR), Mami Mizoturi.   

O agronegócio evidencia parte dessa realidade, afirmou Dyogo, quando constatamos que, apenas em 2022, o Seguro Rural pagou R$ 10 bilhões em indenizações aos produtores brasileiros, sendo que apenas 10% da área plantada é segurada. As estimativas do setor de seguros apontam para um prejuízo total de R$ 80 bilhões na agropecuária relacionado a eventos climáticos no ano passado. 

Só neste ano, segundo Dyogo, 1.700 municípios já foram impactados por eventos climáticos, colocando em risco parte dos oito milhões de brasileiros que vivem em áreas de riscos, sendo necessário “empreender ações para nos adaptarmos a essa nova realidade. Um dos instrumentos mais habilitados a essa necessidade é o seguro, que é uma maneira de compartilhar os custos relacionados a determinados riscos.”

O presidente da CNseg também citou algumas iniciativas recentes do setor segurador para enfrentamento à transição climática, como a assinatura do convênio com o ICLEI, associação mundial de governos locais e subnacionais dedicada ao desenvolvimento sustentável, que irá criar seguros para garantir rápida recuperação dos danos às infraestruturas das cidades. Outros temas abordados foram a ampliação do Seguro Rural no Brasil e a iniciativa do Seguro Social de Catástrofes, proposto pela CNseg.   

“O setor de seguros tem uma importante função de proteção para os mais diferentes riscos, sendo uma indústria com vultuosas reservas técnicas, que poderiam, com adequada alteração da regulação, ajudar a financiar projetos de sustentabilidade”. 

Encerrando sua participação no painel, Dyogo afirmou que “há toda uma proposta do setor de seguros que merece ser considerada dentro da agenda de sustentabilidade e fico muito feliz em constatar, aqui na COP, que esse setor começa a aparecer como parte da solução para os problemas que ainda enfrentaremos em virtude das mudanças climáticas.” 

Ajuda às Cidades 

O ministro das Cidades, Jader Filho, disse, em sua participação, que o Brasil não vai fugir das discussões que precisam ser firmadas. “Entendemos claramente a nossa responsabilidade diante dos desafios postos, que não são pequenos. Desafios, estes, que já estamos enfrentando”, afirmou.  

Para Jader Filho, é fundamental que as discussões relativas ao meio ambiente envolvam as cidades e as pessoas, porque só assim, incluindo os prefeitos, a sociedade civil e os cidadãos, em geral, conseguimos avançar no combate ao desmatamento no país. Por isso, disse ele, temos que trabalhar as iniciativas junto aos governos locais, “porque eles é que sabem os verdadeiros problemas das cidades”.  

“As instituições e fundos verdes, além de financiarem o combate ao desmatamento e plantarem novas arvores, precisam cuidar das cidades”, complementou o ministro. “Se tivermos apoio dos fundos verdes podemos acelerar esse processo”.  

Confira abaixo a íntegra do painel – https://www.youtube.com/watch?v=RNnaORDjfJA

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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