A Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) revisou a estimativa de crescimento do mercado segurador para 2023 e 2024. Após uma análise detalhada dos desempenhos nos segmentos de seguros de Danos e Responsabilidades, Coberturas de Pessoas, Capitalização e Saúde Suplementar, a estimativa é que o mercado segurador cresça 9,4% em 2023, redução de 0,7 p.p. se compararmos à projeção divulgada em dezembro de 2022 (10,1%), e de 10,9% no próximo ano. A nova projeção se deve ao impacto direto no seguro Rural, por conta da insuficiência de recursos do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) e às adaptações nas expectativas de crescimento da Previdência Aberta.
O Seguro Rural vai crescer, segundo a nova projeção, menos 11,5 p.p. no comparativo com novembro de 2022, ou seja, 9,1%. Esta redução na expectativa do produto tem relação direta com as dificuldades enfrentadas na liberação de recursos para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) de 2023. Até agosto, 79%, R$ 837 milhões do R$ 1,06 bilhão orçado, do valor liberado já estava comprometido. A projeção da arrecadação do Rural para 2024, a expectativa é de avanço de 8,4%.
Nos planos de Previdência Aberta, a expectativa é que a arrecadação dos produtos das Famílias VGBL e PGBL avance 6,1% em 2023, queda de 1,6 p.p. se comparado com a projeção anterior (7,7%), e 7,4% em 2024. De acordo com o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, este ramo é diretamente impactado pela dificuldade da população em poupar. “A captação líquida da poupança, que havia encerrado junho com resultado positivo (R$ 2,6 bilhões), voltou a apresentar resultado negativo em julho (-R$ 3,6 bilhões) e agosto (-R$ 10,1 bilhões), conforme dados do Banco Central”, lembrou Oliveira.
Oliveira destaca que a queda da poupança está relacionada, também, à indisponibilidade de renda ocasionada pelo, ainda, alto nível de endividamento das famílias brasileiras. Dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil mostram que o endividamento da população cresceu 7,2% em agosto em comparação com o mesmo mês de 2022 e atinge 66,8 milhões de brasileiros, 40,9% da população adulta. Segundo o levantamento, cada consumidor devia, em média, R$ 4.108,89 ao somar todas as dívidas.
Outros produtos citados na projeção
O seguro Automóvel está com a expectativa de alta de 18% para este ano. No acumulado do ano, os emplacamentos de automóveis cresceram 7,4% e a venda de usados e seminovos cresceu 5,9%. A variação média de preços dos veículos, divulgada pela Tabela Fipe, referência para o seguro Automóvel, desacelerou significativamente, atingindo 4,23% para veículos novos e -1,30% para usados, com efeito direto no volume da arrecadação. Para 2024, a CNseg espera um alta de 20,6%.
Segundo a nova projeção da CNseg, o agregado dos Massificados, Grandes Riscos e os Riscos de Engenharia deve manter o ritmo de crescimento. Para a presente revisão, a entidade estima que a arrecadação do grupo Patrimonial fechará o ano com alta de 13,7%; no subgrupo Massificados, a expectativa de crescimento ficou em 9,2%; os seguros de Grandes Riscos devem expandir em 24% sua demanda; e os seguros de Risco de Engenharia podem encerrar 2023 com avanço de 12%.
Oliveira enfatiza que esses ramos são impactados diretamente pelo novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O assunto está em discussão pelo grupo de trabalho criado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) que produzirá, ainda este ano, um relatório sobre os seguros que poderão ser aplicados às obras contempladas pelo Programa. Para Oliveira, o GT permitirá que o mercado segurador reconhecido como um instrumento de proteção e, principalmente, como parceiro institucional do desenvolvimento.
Saiba mais sobre o Grupo de Trabalho
“Com a expectativa do novo PAC, o Governo Federal pretende investir R$ 1,4 trilhão em obras de infraestrutura até 2026. O setor de seguros é um importante aliado, pois oferece proteção e garantia para seguros voltados para obras, como o de Risco de Engenharia, e de operações que envolvam contratos, como os seguros de Crédito e Garantia”, explicou o executivo.
Um estudo da Confederação também destaca que a queda da Selic tende a aquecer o financiamento imobiliário, com efeito positivo no seguro Habitacional, que deverá encerrar 2023 com alta de 14,7%. Para 2024, na esteira da continuidade da queda dos juros, o cenário de crédito irá melhorar, beneficiando o setor habitacional e o seguro poderá expandir a sua arrecadação em 18%.
Para 2023, foi projetada uma alta de 6,3% no volume de arrecadação para os Seguros de Pessoas, com destaque para o seguro de Vida, que deverá encerrar o ano com crescimento de 10,9%; e de 6,2% para os Títulos de Capitalização. As projeções desenhadas pela Confederação Nacional das Seguradoras levam em consideração o cenário econômico atual e as expectativas com base nas informações do Relatório Focus do Banco Central do Brasil, bem como em modelos estatísticos.