Insurtechs latino-americanas registram crescimento de 18% em investimentos, aponta BCG

Região foi a que teve maior alta em comparação com o mercado global, que apresentou queda no último ano

Fonte: BCG

De acordo com uma nova análise do Boston Consulting Group (BCG), depois de atingir um pico de US$ 4,9 bilhões em investimentos no segundo trimestre de 2021, o financiamento do mercado das insurtechs, empresas de tecnologia que atuam no mercado de seguros, começou a cair e, no quarto trimestre de 2022, atingiu o nível mais baixo dos últimos 20 trimestres, com apenas US$ 800 milhões investidos. Isso marcou uma queda de 64% em relação ao trimestre anterior e de 78% em relação ao quarto trimestre de 2021. Apesar disso, a região da América Latina registrou um aumento anual de 18% no financiamento recebido, entre 2018 e 2022.

“A combinação de alta inflação, aumento das taxas de juros, fraco crescimento econômico e tensões geopolíticas fez com que os investidores fossem mais cautelosos. Agora, as empresas precisam comprovar sua eficiência e sustentabilidade, além de terem um desempenho sólido nas operações e nas questões financeiras”, afirma Rodrigo Maranhão, diretor executivo e sócio do BCG.

Apesar do declínio global, a primeira grande queda em cinco anos, empresas latino-americanas têm vivenciado outro cenário, acumulando US$ 219 milhões em investimentos em 2022. Segundo o BCG, a maior parte do capital aplicado está indo para empresas sediadas no Brasil, México e Chile. “Historicamente, os Estados Unidos são o país que mais impulsiona os financiamentos das Américas, mas o ecossistema latino-americano tem ganhado força. Esse crescimento mostra o potencial da região mesmo em condições desafiadoras de mercado. Isso tem atraído olhares de investidores, que começam a confiar mais nas empresas desses países para direcionarem capital”, diz Maranhão. 

Algumas empresas brasileiras testemunharam o avanço do mercado latino-americano, como por exemplo a Justos, startup de seguros automotivos, que recebeu um aporte de RS 32,5 milhões no início do ano – o terceiro em sua história; e a Latú, focada em fornecer coberturas de seguros para empresas da América Latina, que fechou sua primeira rodada de investimentos no valor de R$ 35 milhões, a maior já registrada na região.

Ainda que positivo nessas regiões, o relatório do BCG mostra um ano desafiador para as insurtechs de forma geral. Elas receberam 50% a menos em investimentos em 2022, em comparação com o ano anterior. Todas as linhas de produto foram afetadas e itens como seguros de saúde, vida e de propriedade registraram as maiores quedas ano a ano, 65%, 49% e 48%, respectivamente. Empresas de diferentes modelos operacionais também sentiram a queda: MGAs e seguradoras digitais registraram maior declínio, com 67% e 57% a menos de investimento, respectivamente.

Analisando o cenário atual, Rodrigo Maranhão avalia que a desaceleração levanta questões sobre a direção que o mercado está tomando. “É provável que os investimentos de 2023 continuem em linha com os do ano passado, e podemos ver um aumento nas atividades de fusões e aquisições, já que algumas empresas vão optar pela venda do negócio ao invés de fechar as portas”, afirma o executivo. “É importante que essas empresas adotem uma mentalidade focada na geração de caixa e lucratividade nesse momento, mas também que fiquem atentas a oportunidades de M&A. A próxima fase de crescimento do setor chegará, mas a resiliência dos negócios deve ser prioridade agora”, finaliza Maranhão.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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