Seguradoras e corretores devem ser consultores dos produtores rurais, sugere Secretário da Agricultura de SP

"Um trabalho bem-feito pelos corretores de seguros e pelas seguradoras para agricultura abre portas para proteger a propriedade e as famílias", diz Antonio Junqueira, Secretario de Abastecimento e Agricultura do Estado de São Paulo

O anúncio do Plano Safra 2023/2024 pelo governo Lula deixou uma insatisfação no tocante ao subsídio rural, ao manter o valor em R$ 1 bilhão, quando a meta dos produtores era dobrar o volume de recursos. A pauta ainda persiste no mundo agro. Se chegar a R$ 2 bilhões, o valor segurado poderia passar dos R$ 68 bilhões para R$ 86 bilhões. Em 2022, com o mesmo orçamento de 2021, mas com preços maiores dos seguros, os números caíram de 14 milhões para 7 milhões de hectares, de 217 mil para 125 mil apólices emitidas e de 121 mil para 78 mil produtores. O valor segurado recuou de 68,2 bilhões para R$ 43 bilhões.

“Todo o setor ficou frustrado. O seguro é algo fundamental na vida das pessoas. Não entendo como até hoje, falando como produtor, as autoridades não resolveram esses problemas”, afirmou Antonio Junqueira, Secretario de Abastecimento e Agricultura do Estado de São Paulo, em entrevista ao blog Sonho Seguro (o vídeo completo pode ser visto no canal do Youtube).

Nos quase R$ 500 bilhões do plano safra, são R$ 364,22 bilhões vão apoiar a produção agropecuária nacional de médios e grandes produtores rurais até junho de 2024, o Pronaf contará com R$ 71,6 bilhões de crédito rural no total, e R$ 6,1 bilhões vão sustentar ações como compras públicas, assistência técnica e extensão rural. “Diante desses números o seguro passa a ser irrisório. Isso tem de mudar”, comentou.

Segundo o secretário, o seguro é uma coisa fundamental na vida das pessoas. “Entendo que não existe um histórico de dados na área de seguro rural e por isso toda esta dificuldade. Na área de veículos já existe este histórico. Mas nós seremos os maiores produtores de alimentos do mundo, os conservadores ambientais e precisamos ter um seguro decente neste país. Isso que eu rogo as autoridades”, disse. 

Logo após a divulgação do Plano Safra, em julho, o Junqueira participou de um evento promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), onde o Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, esteve presente para detalhar ainda mais o plano do governo. “Muitas pessoas questionaram sobre o seguro. É uma forma inteligente de fazer com que as pessoas não fiquem renegociando dívidas intermináveis. Seguro é um mecanismo moderno para quem quer ser o maior fornecedor de alimentos do mundo. Por isso precisamos rever isso urgentemente”, afirmou. 

Em entrevista a BandNews no último domingo, dia 16, Fávaro citou que o modelo do seguro agrícola no Brasil está deficitário se considerar os últimos 16 anos. “R$ 3 bilhões negativos. Se neste período não ficou positivo, é hora de mudar”, citou na entrevista. “Temos de discutir um novo modelo. Vi o modelo adotado no México, uma alternativa mais moderna e eficiente, e já começamos a tomar providências. Temos de ter um seguro agrícola eficiente no Brasil”, acrescentou o ministro.

O secretário de São Paulo vai no mesmo caminho. “Contamos com as seguradoras com projetos modernos e inteligentes para atender o agronegócio. Um trabalho bem-feito pelos corretores de seguros e pelas seguradoras para agricultura abre portas para proteger a propriedade e as famílias de um setor que carrega o PIB brasileiro. O corretor deve ser um consultor para essas famílias, trazendo a eles outros serviços, ajudando no planejamento sucessório. Temos na área rural uma gama enorme para ser estudada pelo setor de seguros”, sugere o secretário da agricultura de São Paulo. 

Ele conta que a Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA-SP) disponibilizou R$ 85 milhões em 2023 para o Programa Estadual de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural por meio do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap Banagro). O volume representa crescimento de 10% em relação ao ano passado. “Os produtores consumiram muito bem a oferta”, comentou.

De 2009 até 2022, o programa liberou R$ 468 milhões em subvenção por meio de 159 mil apólices para segurar cerca de R$ 30 bilhões em quase 10 milhões de hectares. A soja foi a cultura mais beneficiada, com R$ 138 milhões subsidiados, aproximadamente 30% do total, para 3,6 milhões de hectares.

Para 2023, as culturas de soja e de cana-de-açúcar terão limite de 20% do volume total do programa, enquanto as outras atividades poderão receber até 30% dos recursos do valor do prêmio líquido total de seguro rural contratado. O valor máximo por subvenção é de R$ 25 mil por descrição.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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