Corretora de seguros WTW comemora a conquista de clientes e de talentos

"Temos um planejamento estratégico de crescimento relevante tanto orgânico como inorgânico (compras e novos clientes) até 2026", conta o CEO Eduardo Takahashi

A consultoria de seguros WTW (Willis Towers Watson) volta ao crescimento no Brasil, depois de uma estagnação gerada no período em que a maior fusão mundial do setor de seguros era negociada. Entre março de 2020 e julho de 2021, a concorrente AON fez uma oferta para comprar a Willis. “Foi um período traumático nestes 15 meses, mas estamos agora felizes com o crescimento de 2022 e do primeiro semestre de 2023”, conta Eduardo Takahashi, “country líder” para a operação do Brasil.

Com o anúncio do fim do acordo, a terceira maior do mundo investiu em tecnologia, colaboradores e parcerias, contratou executivos especializados em diversos segmentos que elegeu como “core”, remodelou operações e processos e o resultado começa a aparecer. Uma prova de que está no caminho certo é a conquista de mais de 20 clientes que a WTW tinha perdido durante a crise e de alguns executivos, bem como a atração de profissionais de destaque do setor. 

Tido no mercado como um dos executivos que combina técnica com carisma, seu principal desafio desde novembro de 2021 tem sido criar uma cultura de alta perfomance com crescimento de vendas e de lucratividade. “Tivemos um incremento nos negócios no primeiro trimestre. As discussões sobre juros e reforma tributária suspendeu novamente os negócios, mas em julho as reuniões com clientes se intensificaram novamente, sinalizando uma boa tendência de crescimento da economia, vital para o avanço do setor de seguros”,

A expectativa é crescer acima do mercado em 2023. O volume de prêmios (valor pago pelos segurados) totalizou R$ 300 milhões em 2022, sendo 60% proveniente de seguros agrícolas, 30% habitacional e 10% outros. “Queremos avançar agora em grandes riscos e riscos financeiros”, afirma.

Entre as tantas oportunidades que o mercado de seguros oferece, Takahashi cita principalmente olhar para onde está apontada a lupa do dinheiro de fundos de private equity. “Temos áreas como energia limpa, na qual o Brasil é um grande destaque mundial. Além dos projetos de infraestrutra privado e estatal em saneamento, rodovias, petróleo, navios, logística, e atender a demanda das empresas mais preocupadas com a possibilidade de quebra da cadeia de suprimentos e dos ataques cibernéticos que causam prejuízos cada dia mais severos”. 

Tudo na companhia, acrescenta, tem como norte levar uma proposta de valor aderente a cada cliente dos segmentos em que a consultoria de riscos e benefícios atua. “Contratamos especialistas de seguros e de indústrias atuantes em segmentos de áreas em que somos fortes, como petróleo, energia, navios, agronegócios e benefícios (saúde, vida, previdência), além de experts em tecnologia para reforçarmos nosso canal de massificados, cuja parceria com a Caixa Seguridade tem nos ensinado muito sobre a experiência digital para consolidar a venda para o consumidor final”, conta. 

Entre as novas contratações, o executivo cita a área de seguro garantia; Leonardo Baeta, em recursos naturais, especializado em petróleo, energia e mineração; Aline Dalindo, com grande experiência na área de crédito; e Marco Darhouni, com anos de atuação no segmento de transporte, aviação e navios.

Para crescer com resultados sustentáveis, corretores de seguros lideram as notícias sobre fusões e aquisições em seguros no Brasil e no exterior. Somente neste ano foram dezenas delas incluindo as principais corretoras de seguros como MDS, Alper, Lockton e It’s Seg. Trata-se de um movimento de consolidação intenso, que já vinha ocorrendo antes de 2020. “A pandemia mudou a realidade das empresas, tantos dos corretores, como das seguradoras e dos clientes. E isso exigiu uma transformação do modelo de negócios como um todo, potencializando a consolidação dos corretores”, afirma Takahashi. 

A inflação é uma das principais preocupações para os clientes da consultoria mundialmente. Apesar de o Brasil estar habituado com o sobe e desce do indicador, os clientes precisam ter consciência do impacto da inflação em seguros, que muitas vezes tem ingredientes que vão além da inflação divulgada pelo IBGE. Também em pauta o ESG – sigla em inglês para questões ambiental, social e de governança, cada vez mais relevante como ferramenta para subscrição de riscos. “Se importar com a sustentabilidade traz capital, gera novos projetos e certamente empresas bem estruturas nestes temas desembolsarão menos com seguros”, afirma. 

Geralmente a intenção do seguro é a reposição do bem. “O valor a ser segurado precisa estar atualizado diante do custo de reposição, seja ele um equipamento, um prédio ou o plano de saúde, que considera a inflação médica para reajustar os contratos. Outro ponto é considerar a volatilidade das cadeias de suprimentos, que registraram reajustes pela inflação e pela falta de peças com interrupções de fornecimento causadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia”, explica. 

Atuando em mais de 140 países, a WTW tem grandes expectativas com o Brasil. “Temos enfrentado um momento muito volátil para colocação de seguros, o que tem exigido muita especialização e networking dos corretores Estamos preparados para um voo de cruzeiro. Temos um planejamento estratégico de crescimento relevante tanto orgânico como inorgânico (compras e novos clientes) até 2026. Isso tudo com base num cenário de economia pujante no Brasil, que beneficia o setor de seguros com contratos de grandes riscos e de venda de seguros de pequeno valor para uma população que sai do endividamento e com tendencia de aumento do poder de compra”, finaliza.

No mundo

A Willis registrou receita de US$ 2,16 bilhões no segundo trimestre, 6% acima dos US$ 2,03 bilhões no mesmo período do ano anterior e 7% acima de uma base orgânica, que exclui o impacto das flutuações cambiais.

O lucro líquido do segundo trimestre totalizou US$ 96 milhões, uma queda de 16% em relação aos US$ 114 milhões no mesmo período do ano passado, de acordo com o balanço da corretora divulgado na quinta-feira antes da abertura dos mercados.

O sólido crescimento orgânico da receita no segundo trimestre refletiu “um forte crescimento contínuo em todo o nosso portfólio de negócios”, disse o CEO da WTW, Carl Hess, na quinta-feira em uma teleconferência com analistas. O executivo destacou a contribuição da América Latina para o crescimento orgânico do grupo.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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