CNseg divulga plano para elevar de 4,6% para 10% a participação de seguro no PIB até 2030

Com o consumidor no centro da estratégia de sua criação, o PDMS reúne 65 iniciativas, divididas em quatro eixos de atuação, que balizarão as ações no setor pelos próximos anos e impactarão toda a sociedade

Aumentar a parcela da população atendida em 20% pelos diversos produtos do mercado de seguros, previdência aberta, saúde suplementar e capitalização. Elevar o pagamento de indenizações, benefícios, sorteios, resgates e despesas médicas e odontológicas dos atuais 4,6% do PIB para 6,5% do PIB. Como consequência, a meta é que o mercado atinja 10% do PIB nacional em 2030.

São 65 metas do Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros, Previdência Aberta, Saúde Suplementar e Capitalização (PDMS), lançado em evento realizado pela CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), na manhã desta quinta-feira (16), em São Paulo. “O Plano foi criado a partir da percepção de que o mercado de seguros pode gerar mais reservas para a poupança nacional e direcionar mais recursos para importantes projetos nacionais, ao apoiar iniciativas públicas e privadas. Assumimos riscos das mais diversas atividades econômicas e oferecemos proteção aos indivíduos e às empresas”, ressalta Dyogo de Oliveira, presidente da CNseg.

Segundo ele, o estudo é fruto do esforço conjunto da CNseg, suas federações associadas – FenSegFenaPreviFenaSaúde e FenaCap –, a Fenacor e diversas empresas do mercado de seguros brasileiro. O plano apresenta metas claras e propõe mudanças para o ecossistema do seguro que impactarão no desenvolvimento sustentável do setor e, consequentemente, na sociedade brasileira. “Este plano não é para ficar na biblioteca. Ele só terá sucesso se todos se engajarem. Por um motivo simples. A indústria de seguros contribui de forma decisava para a melhora da qualidade de vida das pessoas”, afirmou Oliveira.

Marcos Barbosa Pinto, secretário de Política Econômica, afirmou que o setor de seguros é de extrema importância para a Ministério da Fazenda. “Temos muito espaço para crescer no Brasil. Ainda estamos longe de países da OCDE e de alguns vizinhos da América Latina. Venho de um setor correlato, que é de valores imobiliários. E demos um salto grande. E entre as principais mudanças foi reduzir o custo regulatório e facilitar o acesso das empresas ao mercado”, comentou em sua fala no evento.

Ele citou a instrução 476, divulgada quando fazia parte do quadro da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que reduziu a burocracia sem tirar a segurança do investidor. “É isso que precisamos em seguros. Revisitar a legislação, torná-la menos custosa, sem nunca perder a segurança dada ao consumidor”, afirmou.

Barbosa Pinto entende que a população mais pobre é a que mais precisa e necessita de seguros. “Por isso nos dedicamos ao desenvolvimento de mecanismos para isso. Vamos sentar e conversar com todos para melhorar a arquitetura institucional do setor, como já aconteceu em outros setores como CVM e Banco Central. Precisamos fortalecer a Susep para que ela promova a reforma no arcabouço regulatória”.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, pede para a secretaria de Politica Economica jogar no ataque, não só em reformas. “Ou seja, colocar a mão na massa, consertar o cano que esta estragado. Queremos entregar reformas importantes, como seguros, previdência complementar e de saúde”, citando especificamente o DPVAT, seguro obrigatório de veículos, e usar mais o potencial do seguros financeiros na área de infra-estrutura. Na agenda de longo prazo, afirmou que vão avançar em previdência complementar.

O secretário do Ministério da Fazenda também tem planos para flexibilizar os investimentos das seguradoras, que tem uma carteira superior a R$ 1,5 trilhão. “Em reservas técnicas, convido o setor para entender como podemos fazer com que a poupança popular chegue ao investimento produtivo. Não é sensato fazer isso sentado em Brasilia, sem discutir as medidas e seus impactos com todos voces do mercado seguarador”.

Roberto Santos, presidente do Conselho da CNseg, explicou que o PDMS define define 4 eixos de trabalho – imagem do seguro, canais de distribuição, produtos e eficiência regulatória – divididos em 65 iniciativas, que irão balizar as ações nesta indústria de 2023 a 2030, tanto no âmbito do setor público quanto no do privado. “Chamo a atenção para uma palavra importante. Engajamento. Já fizemos planos bacanas. Mas precisamos fazer o que nos propormos fazer. É um plano vivo. Podemos fazer correções e avançar. O que precisamos é avançar para levarmos o setor de seguros para 10% do PIB em até 2030”, disse.

Armando Vergilio, presidente da Fenacor, disse que a iniciativa veio em boa hora, pois o mercado é fundamental para a economia brasileira, com mais de 120 mil corretoras PJ e PF que conferem capilaridade à distirbuição de seguros, com quase 90% de todos os contratos. Lucas Vergilio, presidente da Escola de Negócios e Seguros, declarou que este é o momento de ter uma pauta desenvolvimentista. A escola está preparada para treinar e capacitar todos os entes do mercado de seguros. “A ENS está focando em produtos que focam esta consciencia, incentivando o consumidor a entender o setor. Como a porta de entrada do mercado é o seguro de automóveis, preparamos um curso com informações sobre contratação, sobre o que é seguro e direção defensiva, com a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego”, ressaltou.

Os efeitos das medidas e ações propostas no Plano podem ser resumidos nos 7 Ps do PDMS. A conjugação de cinco Ps, agindo pela Oferta e pela Demanda, simultaneamente, gera o resultado de mais dois Ps, que são as repercussões esperadas para as empresas e os consumidores.

Proteção, popularização e poupança são os 3 Ps do objetivo de elevar a oferta. Já pelo lado da demanda, o esforço está concentrado em aumentar a participação no PIB e a percepção do consumidor através do conhecimento e comunicação. Como resultado, elevamos a penetração do seguro no país e com isso o setor tem condições de reduzir o preço do seguro, o que gera uma ciclo virtuoso deste importante segmento da economia.

Os dados mostram um aumento no pagamento de indenizações, benefícios, resgates e sorteios (sem Saúde e sem DPVAT), que somaram mais de R$ 219,4 bilhões em 2022, volume 15,5% superior a 2021. “Quando falamos em arrecadação, o setor viu em 2022 a demanda avançar 16,2% em relação ao ano anterior, com mais de R$ 355,9 bilhões em arrecadação (sem Saúde e sem DPVAT)”, comentou Alexandre Leal, diretor técnico e de Estudos da CNseg e responsável pela coordenação geral do PDMS.

Federações afirmam estar engajadas para conseguir a meta de 2023

Edson Franco, presidente da Fenaprevi e da Zurich Seguros, ressaltou a importância da iniciativa, com foco em esforços no que terá mais impacto social e aumento na oferta de proteção para a sociedade. Estamos engajados com produtos como o Universal Life, a mais perto de ser concretizada. Falta apenas a regulamentação, principalmente tributária. Este é o principal produto negociado nos EUA, com características modernas e flexíveis, e que acredito que será bem aceito pelos brasileiros”, informou. Franco também destacou o PrevSaúde, que está na pauta há mais de uma década e que agora deve realmente voltar para uma discussão mais produtiva. 

Vera Valente, diretora da FenaSaúde, que apresentou 10 propostas no plano de crescimento, enfatizou a importância de ampliar o acesso a uma saúde de qualidade e sustentável. Apesar de ter mais beneficiários durante a pandemia, mas agora se percebe uma desaceleração.  “Não adianta ampliar se o mercado não for sustentável”, disse, citando o prejuízo das operadoras nos últimos trimestres, com 93% de sinistralidade, no último trimestre de 2022, dado mais recente da ANS (Agência Nacional de Saúde). Um dos produtos para atender a necessidade é o plano ambulatorial, equilibrado com a capacidade de pagamento da pessoa com a cobertura ofertada.

Dennis Moraes, presidente da Fenacap, destacou o desenvolvimento de ofertar produtos e serviços para todos. “Nosso foco está no redesenho e otimização dos produtos de capitalização. Entre eles o planejamento sucessório, instituir a figura do beneficiário nos títulos, reformulação da modalidade de compra programada e inclusão dos títulos como garantia para contratações públicas. Estamos totalmente engajados com o plano de crescimento, principalmente em ter uma comunicação que chegue aos diversos públicos”. 

Em seguros gerais, a prioridade está em divulgar o seguro de responsabilidade civil, identificar barreiras para alavancar os produtos para a baixa renda, assegurar o cumprimento da lei relacionada aos seguros obrigatórios e incluir o seguro como mitigador de risco de crédito das instituições financeiras. 

“Espero poder daqui a 7 anos estar aqui comemorando todos esses pontos que priorizamos neste plano de crescimento divulgado hoje”, disse Antonio Trindade, presidente da FenSeg, durante a coletiva de imprensa realizada após o lançamento. “O segmento de seguros gerais há muitas frentes para o desenvolvimento e crescimento. Somos muito conhecidos pelo seguro de carro, mas temos muitas frentes como o seguro residencial, seguro para proteger as pequenas e médicas empresas e muito mais”. 

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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