Os prêmios do setor de seguros mantiveram a trajetória de crescimento em 2022, com 16,2%, após os 12% de 2021. Todos os segmentos cresceram, com destaque para auto (33%) e ramos elementares (21%), que, juntos, aumentaram 26,5% perante o ano anterior. Já vida e previdência apresentaram alta de 11,2%, acima da inflação do período, destaca a Fitch Ratings.
De acordo com a agência classificadora de riscos, a manutenção da alta dos prêmios reflete, em parte, reajustes de preços devido a inflação, maior conscientização da população quanto à necessidade de seguro de vida e sinais da atividade econômica. O PIB brasileiro cresceu 0,4% no terceiro trimestre, o quinto consecutivo de alta. No acumulado do ano, o PIB crescerá 3,2% frente ao mesmo período de 2021. Já o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terminou 2022em 5,8% — menos que em 2021, quando foi de 10,1%. Ainda assim, ficou acima do teto da meta do Banco Central, de 5%.
A Selic alcançou 13,7%, na tentativa de conter a inflação e trazer o indicador de volta para a meta. Os principais indicadores de crédito do setor permaneciam adequadosaté o final de 2022. O índice de retorno sobre o patrimônio (ROAE) voltou a níveis mais próximos aos do período ao pré-pandêmico, devido a aumento dos prêmios, melhor resultado financeiro e menor sinistralidade que em 2021.
De acordo com o relatório, a capitalização e a cobertura de capital regulatório do setor tiveram leve deterioração, mas continuam adequadas. No entanto, apesar da adequada reserve de capital, a qualidade dos investimentos continua impactando as seguradoras, dada a concentração de investimentos em títulos soberanos, escrevem os autores.
Segundo comentou o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, em recente entrevista, os dados mostram uma tendência de crescimento mais equilibrado. “O ano foi muito positivo. As indenizações cresceram em linha com a arrecadação, mantendo assim um mercado saudável”, enfatiza.
O Que Observar
Ambiente Operacional e Crescimento: A perspectiva do setor de seguros em 2023 é ‘neutra’, em linha com a Perspectiva Estável do rating soberano. Em julho de 2022, a Fitch revisou a perspectiva do rating soberano para ‘Estável’ de ‘Negativa’, embora os desafios fiscais e de crescimento persistam. As perspectivas de crescimento também dependem de planos e sinalizações econômicas do novo governo, principalmente no que se refere à política fiscal e à participação do Estado na economia.
Sinistralidade e Inflação: A Fitch espera que a pressão inflacionária continue a diminuir, porém a inflação persistente pode impactar a sinistralidade. As seguradoras não vida correm maior risco de ação de rating negativa devido ao impacto adverso da inflação de sinistros nas margens e no capital, particularmente aquelas com maiores concentrações de linhas de negócios sensíveis à inflação.
Qualidade dos Ativos: As carteiras de investimento das seguradoras são compostas principalmente por títulos de renda fixa públicos ou privados locais, portanto, o risco soberano também pode afetar diretamente a qualidade desses ativos.