Aumento de custos eleva franquia do seguro frota

Fonte: Valor Economico, por Denise Bueno, de São Paulo

O seguro para frotas de automóveis, caminhões e ônibus enfrenta um ano desafiador, com reajustes de preços e franquias acima de 30%. Mozart Silva, superintendente de auto frota da Porto Seguro, conta que o segmento passa por uma instabilidade, impactado principalmente pela crise de suprimentos e a supervalorização dos carros novos e seminovos. “Podemos até considerar que o aumento foi mais intenso em frotas do que no seguro individual, em função das características dos veículos como, por exemplo, caminhões.”

O seguro frota é contabilizado nas estatísticas do seguro automóvel e representou cerca de 20% das vendas de R$ 41,3 bilhões de janeiro a outubro, alta de 34% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados da CNseg, a confederação nacional das seguradoras. Já as indenizações avançaram 40%, para R$ 25,4 bilhões.

Na Porto, a modalidade frotas responde por 25% da venda da carteira de veículos, sendo composta por 64% de automóveis, 3% de ônibus e 33% de caminhões. A carteira de frotas avançou cerca de 10% em bens segurados no terceiro trimestre e cerca de 45% em volume, o que sinaliza forte reajuste de preços. “O crescimento está relacionado à economia e comportamento do consumidor, com aumento forte nas entregas de mercadorias e terceirização de frotas”, diz.

Apesar da alta do preço, os especialistas alertam as empresas que abrir mão da contratação de um seguro é uma manobra arriscada. Em média, o custo do seguro representa de 10% a 15% no total da operação de gestão de frota, sendo combustível e pneus os maiores gastos. “As companhias que optam pelo autosseguro acabam assumindo o risco pelos acidentes que podem ocorrer tanto aos seus bens, de terceiros e principalmente à vida de pessoas”, afirma Alexandre Jardim, responsável pela área de estratégia da corretora Aon Brasil.

“Dependendo do perfil da frota, experiência do segurado e resultado do mercado, o custo do seguro pode ter um impacto bem relevante. Um gerenciamento de risco eficiente traz credibilidade e ajuda a corretora na colocação de risco junto ao mercado”, diz Katia Papaioannou, superintendente de auto frota da Marsh Brasil.

As novas tecnologias de segurança, endurecimento das regulamentações para emissão de poluentes, motores mais eficientes nos veículos de carga e veículos elétricos vêm gerando benefícios para a sociedade, mas há um custo de estrutura, mão de obra especializada e novos serviços, que serão incorporados à cadeia do seguro auto, avalia Saint’Clair Lima, diretor da Bradesco Seguros, quarta maior em veículos.

Arnaldo Bechara (foto), diretor de automóvel da Tokio Marine, terceira maior do segmento, com 2,6 milhões de carros segurados, argumenta que uma das principais vantagens de se contratar um seguro de frota é que o segurado consolida toda a gestão com um único fornecedor, liberando suas equipes desse trabalho. A seguradora avançou 70% nas vendas deste seguro até novembro.

Na Allianz, segunda maior em auto, o seguro de frotas cresceu 42% entre janeiro e novembro sobre o mesmo período do ano passado, informa o diretor de automóvel, David Beatham. “O segurado conta com serviços como a opção de voucher de carro de aplicativo em vez do carro reserva. Há, ainda, oficinas referenciadas em todo Brasil, com garantia dos reparos por três anos, sem custo adicional para o segurado”, acrescenta.

Entre os desafios para 2023 está lidar com a imprevisibilidade dos custos de peças e dos veículos – que ainda podem ser impactados de forma inesperada pela inflação. “O desafio do mercado será encontrar o balanço entre rentabilidade e capacidade de pagamento do cliente, fazendo frente à tendência de terceirização de frotas”, aposta Camila Santos, superintendente de subscrição da Zurich no Brasil.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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