As ocorrências por roubo de cargas cresceram 65% em Guarulhos, em 2022, é o que mostra o levantamento da Secretaria de Estado de Segurança Pública. De acordo com o Estudo, somente entre janeiro e setembro de 2022, foram registrados 260 casos, contra 157 no mesmo período de 2021; já em 2020, 167 ocorrências foram computadas e, em 2019, 179. “O número de infrações esteve em decréscimo nos últimos anos, mas voltaram a crescer, isso porque em 2018 os casos estavam em 327, e agora, os números indicam a maior alta desde 2019”, ressalta Sylvio Bispo, especialista com mais de 15 anos de experiência no ramo de seguros de transporte, fundador da SmartLoad, insurtech especializada em mobilidade de carga e gestão de transporte.
Ele conversou com o Sonho Seguro para dar mais detalhes sobre o tema:
Quais são as mercadorias mais visadas?
As mercadorias mais visadas contam com uma relação comum às cias seguradoras que envolvem alimentos, celulares, eletroeletrônicos, bebidas, entre outras mercadorias. Há mercadorias que despontam eventualmente como “bola da vez”, pois antes não tinham ocorrências e após a percepção da oportunidade por parte das quadrilhas de roubo de cargas, passam a ser visadas, como é o caso dos painéis fotovoltaicos de energia elétrica, por exemplo. Nas análises de risco, sempre antes de que haja aceitação, são consideradas as mercadorias transportadas, mas não apenas estas. Também as rotas, o tipo de motorista envolvido na operação (frota CLT, agregado regular ou avulso), horário de transporte, parafernália eletrônica protetiva embarcada, monitoramento, etc, tudo isso interfere.
Quais seguradoras atuam nesse segmento?
R: Atualmente há 20 seguradoras atuantes no ramo de Seguro de Transportes. São elas Tokio Marine, Sompo, Chubb, Sura, HDI e HDI Global, Allianz, Berkley, Fairfax, Mitsui, Starr, AXA, XL, Akad, Essor, Swiss RE, AIG, Zurich, Mapfre, Ezze e Porto Seguro.
A alta impôs reajustes, franquias e cláusulas mais restritivas?
Naturalmente o cenário impõe cautela nas aceitações dos riscos pelas cias seguradoras. O gerenciamento de risco, desde as etapas iniciais, fica mais criterioso e impõem-se exigências que levam em consideração as características de cada operação. Uma operação de transporte de itens com menor exposição sofre taxações e exigências menores do que aquelas com status de risco maior. Há regiões onde o risco é historicamente maior, como é o caso do Rio de Janeiro, onde já há alguns anos o índice de roubos explodiu. Um olhar mais apurado e o uso da inteligência na gestão do risco, tanto por parte do agente transportador, quanto dos setores de loss prevention (internos nas cias, ou externos, por parte de empresas homologadas contratadas), caminham na elaboração de planos que levam em consideração todos os recursos disponíveis para a mitigação do risco da operação. Isso inclui inclusive a aplicação de franquias e participações em prejuízos, que tornam o responsável pelo transporte mais envolvido no processo, sem depositar somente na conta da seguradora toda a responsabilidade pelo risco e indenização. Também se aplicam restrições quanto a idade do veículo, o uso de motoristas exclusivos, a exclusão de transportes em uma região com maior índice de roubos, entre outras tantas possibilidades.