2023 promete ser um ano de muito trabalho e de grandes conquistas para o setor de seguros, que veio ao longo de 2022 driblando os efeitos da pandemia, da inflação com parrudos investimentos em tecnologia, que dia a dia mostra seus benefícios na jornada do cliente, o grande protagonista do crescimento estimado pela CNseg, a confederação nacional das seguradoras, para os próximos anos.
Em 2022, a previsão é de crescimento da arrecadação é de 17%, o que equivale a uma participação no PIB (que projeta alta de 2,6%, segundo o Boletim Focus), de 6,4%. Em 2023, 6,6%. “Em 2008 era 4,7%, o que mostra a evolução consistente até agora. Chegamos a 6,7% em 2020 e em 2021 recuamos para 6,4%. Acreditamos que com a estabilização da economia o setor volta a ganhar participação em termos de PIB”, comentou o presidente da CNseg, Dyogo de Oliveira, em coletiva de imprensa realizada no Rio de Janeiro, no dia 8 de dezembro. “Em países desenvolvidos esse indicador supera 10%, o que sinaliza o grande potencial que temos para conquistar”.
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Enquanto a Susep (Superintendência de Seguros Privados) moderniza o arcabouço regulatório para dar vazão ao crescimento, e as seguradoras fazem o trabalho duro de conquistar os consumidores com produtos acessíveis e uma jornada fluida, base para impulsionar o crescimento do setor, a CNseg as apoia com a comunicação institucional, dentro e fora do Brasil, num amplo discurso, que vai do relacionamento com o novo governo, passando pelo judiciário, até levar o seguro para o dia a dia do consumidor final. “Levar o seguro para uma camada da população que não possui seguro. Esse é o propósito que nos motiva a investir. A nossa ambição para 2023 é oferecer seguro para tudo e para todos”, diz Roberto Santos, presidente do conselho da CNseg e CEO da Porto.
No Brasil, a CNseg lançou recentemente a campanha Seguro para tudo e para todos. No exterior, tem tido uma política de aproximação com diversas entidades do setor, principalmente para mostrar ao mundo um pouco do que 161 seguradoras, 119 resseguradoras, 937 operadoras de planos de saúde, mais de 100 mil corretores de seguros, além de prestadores de serviços para esta indústria tem feito para levar proteção financeira e serviços para os mais de 220 milhões de brasileiros. Carla Simões, superintendente-executiva de comunicação e imprensa da CNseg, apresentou nesta semana o plano de comunicação do próximo ano para as associadas. Assim que aprovado, será divulgado com mais detalhes.
Em 2023, além de campanhas que valorizem a importância do seguro para toda a sociedade, uma das grandes apostas na divulgação da CNseg é a Fides Rio 2023, que será realizada no Windsor Convention, na Barra, de 24 a 26 de setembro, e reunirá personalidades do mundo inteiro para debates sobre as principais tendências do setor. A maior Conferência de Seguros do Hemisfério Sul reunirá lideranças empresariais globais, executivos, formadores de opinião e autoridades, com debates sobre as tendências e transformações do mercado segurador. “Vamos destacar que a agenda da #FidesRio2023 está totalmente alinhada às diretrizes da CNseg e ao seu posicionamento no setor de seguros brasileiro de zelar pela imagem institucional do setor, estimular seu desenvolvimento, promover o intercâmbio entre os mercados regionais e realizar pesquisas e programas de educação em seguros”, afirma Oliveira.
Presente no almoço das lideranças, Rodrigo Bedoya, presidente da Federação Interamericana de Seguradoras (FIDES), que conta com 20 países membros da América Latina, Estados Unidos e Espanha, afirmou que o Brasil é o maior mercado de seguros da América Latina e por isso de grande importância para a região. “Temos o desafio de recuperar um caminho de crescimento rentável em todas as linhas, num contexto marcado por grande instabilidade”, afirma. O valor dos prêmios de seguros nos países da América Latina cresceu 6% em 2021, atingindo a cifra de US$ 137,8 bilhões, após uma queda de 15% no ano anterior.
Saúde busca o equilíbrio financeiro – Vera Valente, diretora da Fenasaúde, afirmou que o cenário atual da saúde suplementar no Brasil é desafiador. “A saúde está num momento mais desafiador da história do setor, agravado com a pandemia. Em 2022 ainda vivemos rescaldos deste processo”, disse. Atualmente, segundo ela, 262 operadoras estão em dificuldades financeiras, o que equivalente a 40% do setor em número de operadoras, que atendem a 20 milhões de beneficiários. Até o terceiro trimestre deste ano, as despesas aumentaram 5,4%, enquanto as receitas subiram bem menos, 0,3%.
Entre os avanços na pauta de 2023, Vera Valente cita a modernização do marco legal, reestabelecimento do rol taxativo, estímulo ao uso racional do sistema, redução de fraudes e desperdícios e avanço na complementariedade da saúde suplementar com o SUS. “Nossos desafios estão em lidar com as interferências legislativas no setor e buscar o equilíbrio do resultado financeiro”. Em termos de crescimento de beneficiários, o setor atingiu 50,2 milhões em outubro deste ano, próximo ao recorde registrado em 2014, de 50,5 milhões.
Aposta em agro, riscos cibernéticos e massificados – No segmento de seguros de bens e responsabilidades, conhecido mundialmente como Property & Casulty (P&C), há uma grande expectativa de crescimento das vendas de seguro rural, cibernético e massificados, bem como na retomada das obras públicas, o que estimulará seguros financeiros, com o seguro garantia contratual, de engenharia, de riscos operacionais entre outros.
Em riscos cibernéticos, o setor avançou 79%, para R$ 144 milhões. “Este é um segmento que passa por ajustes, diante do imenso volume de ataques de hackers, mas certamente vai evoluir muito a partir de um consenso sobre o tema”. Já em grandes riscos, com avanço de 24,7% até outubro, para R$ 2,9 bilhões, a expectativa é grande. Somente um dado mostra o potencial. Um levantamento do Tribunal de Contas da União aponta que, dos mais de 38 mil contratos de obras federais, 14 mil estão parados. Quando retomados, estimulará a compra de seguros garantia, engenharia civil, riscos operacionais entre outros.
O seguro rural é um dos mais promissores. Avançou 41%, para R$ 11,8 bilhões. Porém, boa parte veio do aumento do preço diante de dois anos de resultados ruins, diante das perdas recordes registradas pelos produtores diante de oscilações climáticas. Somente até outubro, as indenizações somam R$ 9,95 bilhões, frente a uma arrecadação de R$ 11,8 bilhões. “A participacao de seguro rural ainda é baixa, correspondendo a 20% da área plantada. A Fenseg tem feito um trabalho de disseminação da importância desta proteção para o agronegócio junto ao governo federal. Em 2022, o subsídio chegou a R$ 1 bilhão e a expectativa é dobrar este volume em 2023.
“Uma vez que a economia volte a crescer, seguros como um todo avançam, pois há riscos e proteção para consumidores, investidores e empresas”, ressalta Antonio Trindade, presidente da Fenseg. Até outubro, o setor de seguros gerais registrou crescimento de 27,5% na receita com prêmios diretos, totalizando R$ 93,5 bilhões no acumulado de janeiro a outubro, sem incluir o DPVAT, que deixou de ser cobrado desde 2021. As indenizações avançaram 38,8%, para R$ 49,4 bilhões.
De acordo com o presidente da FenSeg, o seguro de automóvel representou 44% dos seguros de danos até outubro deste ano. “Mas era 50%, o que mostra que os outros ramos avançam”, citou. Até outubro, foram R$ 41,3 bilhões em vendas, alta de 34%. Em 2021 e 2022, o seguro automóvel sofreu com os efeitos da inflação, o que trouxe prejuízos para a carteira, que, consequentemente foram parar no bolso do consumidor com a alta de preço.
Os vilões deste episódio está inflação e na oferta reprimida de carros novos com a falta de peças para a produção de veículos. Isso gerou uma demanda nunca vista pelos carros seminovos, com alta de preços que chegaram a superar 30%. “As companhias venderam um contrato calculando um valor de indenização e tiveram de pagar outro maior. Os preços foram reajustados para o equilíbrio da carteira. Mas já percebemos a normalização da situação e acreditamos que em 2023 os preços do seguro de carro fiquem estáveis”, disse Trindade.
Previdência e vida em busca dos excluídos – A grande aposta da Fenaprevi, federação de previdencia privada e vida, é reduzir o gap de proteção dos brasileiros, que segundo ele é grande. “Apenas 8% da população possuem algum tipo de previdência privada ou seguro de vida. Ter uma proteção financeira é essencial para que as famílias protejam seu patrimônio. Em caso de falecimento do responsável financeiro, por exemplo, a família terá de vender seus bens para se reorganizar”, comenta.
Um ingrediente importante no sucesso desta empreitada é o crescimento da economia e da renda das famílias. “A queda na renda real da população ainda se faz sentir e a captação líquida dos VGBLs e PGBLs não voltou aos níveis anteriores à pandemia”, citou. Os saques em VGBL e PGBL totalizaram R$ 98,6 bilhões até outubro deste ano, uma alta de 11%, enquanto os depósitos totalizaram R$ 127 bilhões. “O aumento do resgate é reflexo da retomada da economia lenta e renda média deprimida, o que faz as pessoas a recorrerem as reservas de longo prazo.”
Em seguro de vida, o segmento registrou avanço de 14%, para R$ 48 bilhões. Apesar do número, isso representa apenas a 0,6% do PIB. Somente em decorrência da Covid-19, as seguradoras indenizaram 190 mil famílias, com R$ 7 bilhões, de abril de 2020 a outubro de 2022. “Temos um grande caminho a percorrer para conquistarmos clientes e avançamos muito na oferta de produtos para todos os bolsos e ciclos de vida das pessoas. Apenas 26% da população tem seguro funeral, 17% um seguro de vida e 9% seguro para invalidez”.
Uma outra lembrança do gestor, no evento, foi o andamento dos debates quanto à regulamentação definitiva, no Brasil, do produto de Seguro de Vida Universal. “Lá fora, nos Estados Unidos, ele representa 42% dos seguros de vida atuais, combinando risco e acumulação. É um produto moderno e maleável. E isso pode ajudar no gap de proteção securitária existente no país”, finalizou.
Franco destacou a chegada de novos produtos e o aperfeiçoamento das normas. “A SUSEP aprovou as consultas públicas que tratarão do novo marco regulatório dos planos PGBL e VGBL, e estamos aguardando a publicação das minutas., fizemos nossas contribuições a esse arcabouço, dentre elas a necessidade do desenvolvimento de um mercado de renda no Brasil. O modelo atual possui pouca flexibilidade, sendo ou vitalícia ou temporária. Buscamos que sejam mais flexíveis a fim de que a população se anime para aderir e contratar mais esse tipo de produto”, disse.
Em relação a uma futura reforma da previdência, como tem sido levantado pela equipe de transição do novo governo, Franco acredita que a longevidade e a queda da natalidade criam um grande desafio para o sistema previdenciário em todo o mundo. “A última reforma feita no Brasil foi insuficiente para fazer frente a esses dois fatores, sendo o Brasil um país que vem envelhecendo. Por isso, todo esforço neste sentido pode ajudar a equilibrar um sistema que enfrentará nos próximos anos um pais que terá um grande número de idosos para um número cada vez menos de jovens”. A expectativa do IBGE é de que o número de pessoas com 65 anos ou mais praticamente triplique, chegando a 58,2 milhões em 2060 – o equivalente a 25,5% da população. Em 2018, essa proporção é de 9,2%, com 19,2 milhões de idosos.
R$ 40 bilhões em reservas na Capitalização – Denis Morais, presidente da Fenacap, aposta no crescimento das modalidades dos produtos de capitalização, que ainda tem grande participação do modelo tradicional, com 74%. Até outubro, o crescimento foi de 16,8%, com R$ 23,4 bilhões de arrecadação. As reservas ficaram na casa de R$ 36,2 bilhões, alta de 9,4% A projeção é encerrar 2022 com R$ 40 bilhões em reservas. O mercado de capitalização tem um baixíssimo nível de reclamações, o que indica uma grande compreensão do público sobre o produto”, destacou Morais, que também é diretor da BB Capitalização.
“Passamos por uma grande reorganização do setor, que está pronto para abraçar as oportunidades de crescimento em 2023. Além do modelo tradicional, as modalidades de garantia, como aluguel, e filantropia premiável, cada um responsável por quase 12% da receita, possuem potencial de expansão. “As 18 empresas que atuam no setor investem em tecnologia e a comunicação, para popularizar os títulos de capitalização”, diz Morais, que tem mais de 35 anos de experiência no setor de seguros e capitalização e que assumiu a presidência da Fenacap em agosto de 2022.