IRB Brasil RE divulga prejuízo de R$ 298,7 milhões no terceiro trimestre de 2022

Nos nove primeiros meses do ano, faturamento com operações no Brasil cresceu 1,3% e responde por 67,7% do portifólio, em linha com a estratégia definida pelo IRB

O IRB Brasil apurou prejuízo líquido de R$ 298,7 milhões no 3T22, ante prejuízo líquido de R$ 155,7 milhões no 3T21. Nos nove primeiros meses de 2022 (9M22), o IRB acumula prejuízo líquido de R$ 591,6 milhões, ante prejuízo de R$ 311,8 milhões nos 9M21. O resultado representa redução de 20% do prejuízo em relação ao trimestre anterior (2T22), período também fortemente impactado por esses eventos climáticos atípicos que afetaram o agronegócio. Normalizado, ou seja, excluindo os efeitos extraordinários do Rural, o resultado do 3T22 seria negativo em R$ 123,3 milhões. Segundo nota divulgada, os efeitos climáticos que provocaram a quebra de safras importantes no Brasil e resultaram em sinistros vultosos para seguradoras e resseguradoras seguem impactando negativamente os números da companhia,

“O mercado ressegurador global enfrentou um terceiro trimestre desafiador. Eventos climáticos, além da alta inflacionária, guerra e as consequências da pandemia, impactam o setor dentro e fora do Brasil. Mais uma vez, no mercado doméstico, a seca histórica afetou o nosso resultado. Esse efeito relevante elevou a sinistralidade a níveis acima dos projetados pela companhia, que já esperava colher de maneira mais significativa nesse trimestre os resultados da estratégia de re-underwriting. Acreditamos que o momento de inflexão de resultados tenha se deslocado no tempo, mas que todas as ações foram tomadas corretamente para que a companhia opere com rentabilidade no médio prazo, executando de forma disciplinada nossa estratégia”, avalia Raphael de Carvalho, CEO do IRB Brasil RE.

Foco no Brasil

O comportamento do faturamento em prêmios, segundo o ressegurador, evidencia a execução da estratégia de negócios da companhia, voltada para o crescimento no mercado brasileiro, definido como prioridade geográfica. “Trabalhamos fortemente na nossa estratégia de longo prazo, com a revisão permanente da carteira, tendo como foco o crescimento com rentabilidade. Estamos diluindo o risco, buscando uma quantidade maior de negócios com menor exposição por contrato. Ou seja, melhoria de subscrição, redução de sinistralidade, maior eficiência e nova cultura centrada no cliente”, afirma Raphael de Carvalho.

Entre julho e setembro, o volume total de prêmios emitidos apresentou redução de 7,5% em relação ao 3T21, alcançando R$ 2.412,4 milhões, comparados a R$ 2.607,7 milhões no mesmo período do ano anterior. Os prêmios emitidos no Brasil somaram R$ 1.738,9 milhões no 3T22, com queda de 3% ante o mesmo período de 2021. Isso ocorreu, principalmente, pela diminuição de negócios em Rural, com a não renovação de contratos desalinhados com as condições de hard market vigentes e com o apetite a riscos da companhia. Já os prêmios emitidos no exterior totalizaram R$ 673,5 milhões no 3T22, com queda de 17,3% em relação ao 3T21.

Ainda em linha com a estratégia da companhia, no acumulado do ano, os prêmios emitidos no Brasil totalizaram R$ 4.133,2 milhões, o que representou alta de 1,3% em relação ao mesmo período de 2021, refletindo o maior volume de prêmios emitidos nos segmentos Vida (+15,3%) e Property (6,1%). Já os prêmios emitidos no exterior, nos 9M22, foram de R$ 1.969,1 milhão, queda de 24,8% em relação aos 9M21.

“No 3T22, renovamos 85% dos contratos que desejávamos manter. Esse percentual de renovação é o mais alto dos últimos trimestres. Esse movimento está em linha com a estratégia da companhia, que tem foco no protagonismo no Brasil, com negócios locais respondendo por aproximadamente dois terços do portfólio. A participação do Brasil no portifólio cresceu e, nos 9M22, chegou a 68%”, explica Daniel Veiga, vice-presidente de Danos, Responsabilidades e Riscos Especiais.

Sinistralidade em queda

O sinistro retido total no 3T22 foi de R$ 1.387,1 milhões, uma redução de R$ 605,2 milhões (ou 30,4%) em relação ao 3T21. Na comparação com o 2T22, observamos redução nominal de R$ 276,6 milhões, uma queda de 16,6%. O índice de sinistralidade total no 3T22 foi de 116,8%, apresentando uma redução de 2,4 p.p. ante o mesmo trimestre do ano anterior, de 119,3%, e 7,4 p.p. em relação ao 2T22, de 124,2%.Excluído o efeito da operação de LPT (Loss Portfolio Transfer) de R$ 328,3 milhões na linha de Aviação Internacional e os impactos climáticos na linha Rural Doméstico, o índice de sinistralidade normalizado no 3T22 foi de 91,3%.

No acumulado do ano, o sinistro retido total foi de R$ 3.983,8 milhões, um decréscimo de R$ 715,9 milhões, ou 15,2%, em relação aos 9M21 (R$ 4.699,8 milhões). O índice de sinistralidade total nesse período, de 108,3%, apresentou um acréscimo de 11,5 p.p. comparado ao mesmo período do ano anterior, de 96,8%. Excluída a operação de LPT e os impactos dos eventos climáticos atípicos, o índice de sinistralidade dos 9M22 normalizado foi de 84,8%.

“O índice de sinistralidade ainda reflete os eventos atípicos climáticos, que afetaram o segmento Rural doméstico em R$ 900,6 milhões nos 9M22, e os impactos da pandemia de covid-19 em Vida. Mesmo com o arrefecimento das mortes em 2022, registramos R$ 179,2 milhões de sinistros retidos decorrentes deste evento, notadamente em negócios de Vida, nos 9M22. A tendência é que o impacto seja cada vez menor nos sinistros da companhia”, comenta Wilson Toneto, vice-presidente Técnico e de Operações do IRB Brasil RE.

Suficiência nos indicadores 

O IRB Brasil RE deve observar dois indicadores regulatórios importantes. No 3T22, a companhia retomou a suficiência em ambos. Em 30 de setembro de 2022, a suficiência do patrimônio líquido ajustado em relação ao capital mínimo requerido foi de R$ 153,6 milhões. Assim, o patrimônio líquido ajustado correspondia a 109% do capital mínimo requerido na data. Também em 30 de setembro de 2022, o IRB apresentou suficiência no enquadramento da cobertura de provisões técnicas e liquidez regulatória de R$ 325,9 milhões, em comparação ao saldo positivo de R$ 235,5 milhões em 31 de dezembro de 2021.

“Nosso foco é, cada vez mais, ser especialista em Brasil. A demanda por nossos negócios segue em alta e atuamos para suportar programas, oferecendo a nossa capacidade e experiência. Queremos, em colaboração estreita com parceiros de negócios, ampliar o conhecimento, o engajamento e o desenvolvimento de soluções inovadoras para o nosso mercado”, finaliza Raphael de Carvalho.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Ouça nosso podcast

ARTIGOS RELACIONADOS