O índice de concentração do mercado de seguros brasileiro é baixo, apesar da ideia dos próprios agentes considerar que é elevado. “Realizamos um estudo com reconhecida eficácia que mede o grau de concentração de mercados conhecido como Índice de Herfindahl-Hirschman (HHI). O indicador até 15% considera baixa concentração, entre 15% e 25% moderada e acima de 25%, alta concentração. Considerando-se todos os segmentos, exceto saúde, temos 146 seguradoras disputando cada centímetro do mercado. O indicador ficou em 12,8% em 2016, caiu para 11,5% em 2017 e ficou estavam em 10% desde então, até agosto último”, explica Dyogo de Oliveira, presidente da CNseg, a confederação nacional das seguradoras.
Pelas métricas do indicador HHI, o mesmo usado pelo Departamento de Justiça dos EUA, conclui-se que a maioria dos grupos de produtos do setor segurador nacional analisados apresenta baixa concentração e poucos têm níveis de concentração que podem ser considerados acima do padrão normal: Habitacional, Rural e Marítimos e Aeronáuticos, todos estes do segmento de Danos e Responsabilidades, com 82 seguradoras ofertando produtos aos clientes.
Segundo Oliveira, ramos como Seguro Habitacional, com 20 seguradoras, e no Rural, com 35, há influência do modelo histórico brasileiro, com presença relevante do poder público e de agentes de controle estatal. Já o segmento de seguros marítimos e aeronáuticos), a concentração é justificada pelos valores envolvidos, que requerem muita especialização e elevado uso de resseguro facultativo. Somente em seguro rural, a BB Seguros, do Banco do Brasil, detém quase 70% de market share, em razão do banco dominar 60% dos financiamentos para este nicho.
Automóvel, um segmento que muita vezes os corretores se queixam da concentração, o índice mostra baixa concentração. Temos muita competitividade neste segmento com empresas brasileiras e estrangeiras disputando cada cliente com novos produtos e um atendimento diferenciado aos corretores e clientes. É preciso investir para ser competitivo em seguro de carro no Brasil, pois as líderes detêm tecnologia de ponta para manter suas participações no mercado. Aliás, algumas delas são tão diferenciadas, que a operação serve de exemplo para outros países”, afirmou.
Em coberturas de pessoas, com 96 seguradoras na disputa, o indicador mostra concentração moderada, puxada pelos produtos VGBL e PGBL, basicamente distribuídos por bancos, com HHI de 22,4%, com 25 empresas na disputa. Já em seguro de vida, o indicador recua para 8,8%, com 80 competidores. Em capitalização, com 16 empresas atuantes, boa parte delas ligadas a bancos, o indicador é de 13,8%.
Segundo Oliveira, um mercado de seguros saudável é parte fundamental de uma agenda de crescimento sustentável da economia e de evolução do bem-estar social. “O tema da concorrência no setor de seguros tem despertado interesse crescente e estudos medindo o grau de concentração dos mais diversos produtos do setor passarão a ser mais frequentes. Os líderes estão sempre pressionados pela entrada de novos concorrentes. As barreiras de entrada para atuar em seguros no Brasil são baixas, com requerimentos de R$ 5 milhões. Mesmo em segmentos com alta concentração, como o crédito habitacional, a legislação trouxe medidas que obrigam mais de duas ofertas aos clientes na tomada do crédito, o que mostra que a concorrência é decisiva para manter os negócios”.