Cinco anos de parceria entre a Swiss Re Corporate Solutions (Corso) e a Bradesco Seguros. Bodas de madeira, comemora Guilherme Perondi, vice-presidente executivo, responsável pela distribuição através de corretores multinacionais e dos canais Bradesco, além das estruturas de subscrição de negócios Standard e de transformação de negócio. “Atingimos nosso primeiro bilhão neste mês e nossa previsão é encerrar 2022 com faturamento de R$ 1,2 bilhão, sendo 35% proveniente da joint venture”, disse em seu discurso durante coquetel realizado no dia 18 de outubro para cerca de 60 convidados, na grande maioria corretores de seguros.
O avanço da joint venture contou com a participação de Andreas Berger, CEO mundial da seguradora suíça. “Nossa parceria é prioridade para o grupo Swiss Re e tem a missão de fortalecer a posição da seguradora em grandes riscos e ao mesmo tempo avançar nos canais de distribuição Bradesco. Construimos neste período um canal de médio mercado e de bancassurance e quase R$ 400 milhões vem do canal de distribuição do Bradesco”, comemorou Berger.
Berger assumiu em maio de 2019 como CEO, levando a companhia de um faturamento de US$ 4,7 bilhões em 2018 para US$ 5,3 bilhões em 2021. No primeiro semestre de 2022 registrou US$ 2,9 bilhões e a expectativa é encerrar o ano com US$ 6 bilhões. O índice combinado saiu de 117,5% para 93%. “Somos uma companhia sólida e consistente para cuidar dos riscos de seus clientes”, disse.
O CEO mundial comentou em sua fala que o setor de resseguros está revisitando a forma como faz negócios, desde a precificação do risco até o gerenciamento de sinistros, a fim de se adaptar ao que é, literalmente, um ambiente em constante mudança. “Todos nós temos visto as perdas das resseguradoras e os riscos mais agravados, tanto pelo clima como pela inflação. Precisamos nos unir no gerenciamento de risco para termos boas condições nos programas de seguros de seus clientes”, comentou.
Num cenário tido como alarmante, o uso cada vez mais sofisticado de dados é a chave para manter a rentabilidade. “Embora as mudanças climáticas estejam, sem dúvida, causando perdas crescentes no setor de seguros, também estão abrindo novas oportunidades para as seguradoras que podem se adaptar, investir em dados e oferecer serviços novos e potencialmente de maior valor, além de gradualmente reduzir o número de riscos não segurados no mundo”, comentou.
O seguro – como muitos outros setores – está se tornando um negócio de dados. E as plataformas e ferramentas desenvolvidas pelas seguradoras têm múltiplas aplicações. A Corso tem investido em uma plataforma digital diferenciada, já usada por algumas empresas como a rede internacional de corretores de seguros Brokerslink e também o grupo japonês Mitsui Sumintomo no Japão. Segundo Berger, a tecnologia visa remodelar a indústria, abordando os pontos de atendimento do cliente e como aumentar a eficiência na entrega de programas internacionais, o que, consequentemente, melhora a experiência de serviço para segurados corporativos mútuos.
A plataforma oferece um potencial para reduzir a complexidade dos programas multijurisdicionais transfronteiriços. E enquanto a plataforma agiliza as várias entradas e saídas, interações e entregas de programas multinacionais. A essência desta projeto é que a digitalização pode ser uma grande alavanca para o seguro reduzir a lacuna de proteção. Primeiro, abre um espectro totalmente novo para as seguradoras cobrirem coletivamente os riscos – incluindo aqueles que atualmente são ‘não seguráveis’. Em segundo lugar, a tecnologia digital pode ajudar a superar os principais obstáculos para as pessoas e empresas comprarem seguros: acessibilidade, facilidade de acesso, atratividade do produto e custos de transação.
Os clientes mais sofisticados, por sua vez, buscam parceria de gestão de risco com a seguradora: as informações de um cliente são inseridas na plataforma de dados ‘nat cat’ da seguradora, enriquecida com análises, dados do histórico do programa de seguro, com prêmios e indenizações. O compartilhamento aponta cenários, como testes de estresse em uma cadeia de suprimentos para uma inundação, tsunami ou pandemia; ou como gerenciar caso haja uma greve de caminhoneiros. Os benefícios para o cliente, na forma de um melhor entendimento de seu perfil de risco, são evidentes – e vão muito além da efetiva aquisição da proteção. A seguradora, por sua vez, enriquece sua própria plataforma a cada nova interação com o cliente.
Com toda esta tecnologia embarcada, Berger está bem otimista com o Brasil. “Depois de conquistar o primeiro bilhão, o segundo fica mais fácil”, disse ele em tom de brincadeira, porém num período do ano que os orçamentos de 2023 estão sendo apresentados pelos executivos aos acionistas. Angelo Colombo, CEO Swiss Re Corporate Solutions para Brasil e América Latina, só sorriu ao ouvir.
Há grande otimismo em todo o setor de grandes riscos com o próximo ano, uma vez que os investimentos em infraestrutura ficaram represados pela pandemia e pela troca de governo. Há uma certa euforia entre os executivos de que boa parte dos projetos de investimentos saia da gaveta, o que trará boas vendas de seguros para garantir que serão concluídos e, em operação, terão os riscos operacionais mitigados por um programa de seguro.