Seguradora alerta empresas sobre aumento na inquietação popular no segundo turno das eleições

Companhias precisam se proteger diante da crescente polarização política que aprofunda o risco de protestos no país

Um levantamento realizado em junho pela Allianz Global Corporate & Specialty (AGCS), em 75 países, indicou que as empresas precisam se preparar para um aumento de inquietação civil até o final de 2022. Crises econômicas, aumento do custo de vida, alta polarização política e os reflexos da pandemia são os principais motivos.

Aqui no Brasil, a crescente polarização política que acompanha o segundo turno das eleições presidenciais pode ser considerado um fator para a ocorrência de possíveis paralisações, inquietações e protestos, com potencial de se tornarem violentos. De acordo com a AGCS, esses contextos podem representar riscos para as empresas porque, além de edifícios ou bens estarem expostos a danos materiais custosos, as operações comerciais também podem ser severamente interrompidas com risco de bloqueio no acesso a suas instalações, resultando em possíveis perdas financeiras.

As melhores práticas de como as empresas devem se preparar ou responder a tais incidentes de agitação civil dependem de muitos fatores, incluindo a natureza do evento precipitante, a proximidade do local e o tipo de negócio. Segundo Felipe Orsi, Diretor Property AGCS Latam, as empresas precisam estar atentas a esses indicadores e ter planos de resposta claros, que antecipem e evitem potenciais danos a pessoas ou bens.

“As companhias precisam rever suas apólices de seguro em caso de aumento da atividade de inquietação social local. As apólices tradicionais de Property podem cobrir sinistros de violência política em alguns casos, mas algumas seguradoras já oferecem cobertura especializada para mitigar o impacto de greves, motins e comoção civil. As apólices precisam conter uma definição clara de cada evento para evitar dúvidas com relação à cobertura somente depois do evento já ocorrido”. Além da cobertura adequada é crucial que existam planos de emergência bem elaborados que contemplem este risco, bem como plano de continuidade de negócios.

As perdas econômicas e seguradas de protestos anteriores têm sido significativas, gerando sinistros importantes para as empresas e suas seguradoras. Em 2018, o movimento dos Coletes Amarelos na França se mobilizou para protestar contra os preços dos combustíveis e a desigualdade econômica, com os varejistas franceses perdendo US$ 1,1 bilhão em receitas em apenas algumas semanas. Um ano depois, no Chile, manifestações em grande escala foram desencadeadas por um aumento nas tarifas de metrô, levando a perdas seguradas de US$3bi.

Nos Estados Unidos, os protestos de 2020 pela morte de George Floyd durante uma abordagem policial foram estimados em mais de US$2 bilhões em perdas seguradas, enquanto os motins sul-africanos de julho de 2021, que se seguiram à prisão do ex-presidente, Jacob Zuma, e alimentados por demissões de empregos e desigualdade econômica, causaram danos no valor de US$1,7 bilhões. No início deste ano, no Canadá, França e Nova Zelândia, as manifestações contra as restrições do Covid-19 incluíram grandes carreatas que criaram interrupções nas principais cidades.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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