A tecnologia tem instigado o desejo das seguradoras de avançarem em mercados sonhados, mas trabalhosos. Com inteligência artificial e análise de dados, boa parte do temor de entrar em novos nichos tem sido superado. Ontem, a insurtech Igloo, em parceria com a gigante do comércio eletrônico Shopee, introduziu o Home Content Insurance no Vietnã, a “primeira” solução de proteção abrangente “para ativos internos, contra eventos inesperados, como desastres naturais e incêndio na plataforma”, informa o portal Crowfunding Insider.

Para isso chegar no Brasil é um clique. Com o sucesso que a Shopee tem feito no Brasil – de janeiro a junho, o número de acessos mensais da plataforma chinesa subiu 7%, segundo dados do Relatório Setores do E-Commerce de junho elaborado pela Conversion – , certamente teremos notícias em breve de uma parceria local. O Home Content Insurance é subscrito pela Bao Viet Insurance, uma seguradora líder no país. Apesar da taxa de penetração de seguros de menos de 1% para seguros não vida, a indústria de seguros geral do Vietnã está projetada para atingir US$ 3,5 bilhões em 2026, de acordo com a empresa de análise de dados, Global Data”. O seguro de propriedade é uma das principais linhas de produtos que impulsionam o crescimento do setor devido ao aumento da frequência de desastres naturais.

Os dados de seguros do Vietnã são muito semelhante ao Brasil. Em vida, por exemplo, a penetração não chega a 1%. Em residência, de um total de 68 milhões de domicílios, apenas 9,1 milhões têm seguro residencial, segundo dados da CNseg, confederação nacional das seguradoras. Em automóveis, há quem diga que menos de 25% da frota circulante conta com seguro. Em celulares, seguro protege menos de 10% dos 242 milhões de celulares inteligentes em uso no país, com 214 milhões de habitantes, de acordo com o IBGE.

As soluções mundiais como a da insurtech Igloo e outras dedicadas a ajudar as seguradoras na missão de tornar o seguro acessível a todos priorizam big data, avaliação de risco em tempo real e gerenciamento automatizado de sinistros de ponta a ponta para criar soluções de seguro B2B2C para empresas de plataforma e seguradoras. Soluções como esta tem incrementado a oferta de seguros em diversos canais como varejo, bancos digitais, fintechs, concessionárias de serviços públicos entre outras grandes empresas que querem vender seguro para seus clientes.

As seguradoras no Brasil sempre disputaram o comércio varejista, que hoje faz ofertas como o seguro garantia estendida, de vida, de acidentes pessoais, para residência, de assistências em parceria com seguradoras como Zurich, AXA, Assurant e BNP Cardif, entre as principais. Com tecnologia embarcada, o cliente tem uma jornada mais ágil, simples e fluída, com um seguro mais acessível e aderente a necessidade de cada público. Isso, aliado a um momento de maior conscientização da população sobre como as seguradoras podem ajudar na proteção financeira de riscos aleatórios do dia a dia, torna seguros um mercado promissor para os próximos anos.

O meio de pagamento do seguro e as fraudes eram dois impeditivos para o crescimento explosivo da venda de seguros de baixo valor por meio de grandes bancos de dados de empresas, conhecido como “canal de afinidades”. Com o PIX e com a tecnologia que tem ajudado muito a prevenir e mitigar a fraude, a expectativa é de que as vendas neste canal de distribuição aumentem de forma expressiva. “E o Brasil tem mais e-commerce do que Estados Unidos e Europa, com Amazon, Mercado Livre, Americanas, Magalu entre tantos outros”, comenta Fábio Luchetti, empreendedor e ex-presidente da Porto, nas redes sociais.

No Brasil, a corretora MDS, a MetLife e o Ifood criaram um seguro de acidentes pessoais para motoqueiros e que tem sido um sucesso, segundo os parceiros de negócios. Anos atrás, ofertar seguro para um grupo de risco tão elevado como motoqueiros era praticamente nulo em qualquer estratégia de seguradoras. Neste caso, a legislação ajudou a abrir o apetite das companhias para um nicho com grande potencial de crescimento em seguros de vida e acidentes pessoais no nicho de aplicativos de delivery. A lei 14.297, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro no início de janeiro deste ano, exige a contratação de seguros de vida para entregadores de aplicativos como como iFood, Loggi, Rappi e Aiqfome.

Isso tornou as empresas de delivery responsáveis pela segurança dos prestadores de serviços. “Trata-se de um seguro inclusivo. Por muitos anos, este público era invisível para as seguradoras em razão do elevado risco que representam nos indicadores de acidentes de trânsito”, conta Thomaz Tescaro, vice-presidente de Affinity e Bancassurance da MDS Brasil, corretora que atua neste nicho desde 2019, conto o executivo em uma entrevista realizada em maio deste ano.

Segundo Tescaro, o pacote de benefícios oferecido em conjunto com as empresas de delivery vai muito além do que a legislação prevê. “Desenvolvemos uma solução para uma experiência de atendimento ainda mais digital. A nossa plataforma digital permite que o entregador e seus familiares solicitem a indenização com uma navegação simplificada, com envio de documentos e acompanhamento dos processos em um único sistema. Além disso, contamos com central de atendimento telefônicos e atendimentos via whatsapp aos entregadores.

Até mesmo os planos de saúde devem voltar a um ciclo de democratização da saúde, interrompido pelos elevados preços e menor poder de renda da população. Tanto pela redução de custos proporcionada pelo uso da tecnologia, como também pelo cruzamento de dados que ajudam a mitigar as fraudes, que chegam a representar algo próximo de 30% dos custos de algumas operadoras. Semana passada, a Fenasaúde, federação que representa 14 grupos de planos de saúde no país, apresentou ao Ministério Público de São Paulo uma notícia-crime sobre uma rede de empresas de fachada criada com o intuito de fazer pedidos de reembolsos fraudulentos em larga escala contra operadoras, com desvios que somam cerca de R$ 40 milhões.

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