Por Renato Padredi, gerente e produtos e responsável pela área de Soluções para a Longevidade Equilibrada na Brasilprev
Talvez você faça parte da “geração sanduíche”, já ouviu falar? É a parcela da população que desempenha o triplo papel de filhos, pais e avós. Formada em sua maioria por pessoas com idades entre 50 e 70 anos, a geração é responsável por bancar gastos que não imaginaram ter nessa idade. Como filhos, eles precisam apoiar a geração anterior, ou seja, os pais idosos nos cuidados cotidianos; como pais e avós, dão suporte financeiro e emocional a duas gerações posteriores, na prática, aos seus descendentes que foram atingidos por uma crise financeira sem precedentes.
Se identificou? Trago mais alguns dados para nossa reflexão: 38% dos brasileiros com mais de 55 anos têm os pais vivos, e cerca de 25,3% dos jovens entre 25 e 34 anos ainda viviam na casa dos pais em 2016, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) mais recente. O prolongamento da vida dos pais e o retorno dos filhos trouxeram novos desafios para esse público, que precisa lidar com uma planilha financeira mais complexa sem renunciar à própria qualidade de vida. Pensando nisso, fica claro que não haverá política pública que sustente esse crescimento, e a renda futura dessa população dependerá muito mais de esforços pessoais do que de apoio público ou governamental.
A Revolução Prateada é a nova realidade que envolve a longevidade e atinge cidadãos globais de todas as faixas etárias, especialmente, porque repercute em diferentes dimensões da vida – tanto no presente quanto no futuro. Segundo o Estudo FDC Longevidade, um levantamento setorial e qualitativo realizado pela Fundação Dom Cabral e apoiado pela Brasilprev, o Brasil dobrou a população 60+ em menos de 20 anos. E em 2050, o país será o sexto país mais velho e estará na frente de todos os países em desenvolvimento. Realmente a Longevidade é uma imensa conquista humana. No entanto, temos que abordar os aspectos práticos, ou seja, devemos abrir um diálogo franco sobre dinheiro.
É nesse ponto que faço um alerta. Com tantas responsabilidades financeiras, como é que fica a questão do planejamento futuro?
As alternativas para essa extensão da vida responsável financeira, em muitos casos, são o empreendedorismo e o retorno aos estudos para alcançar cargos melhores. Tudo isso é muito válido. E aqui vale um comentário. Entendo que o conceito de ‘Lifelong Learning’ – o aprendizado ao longo da vida – deve funcionar também para a administração financeira pessoal. Não existe o “tarde demais para começar”, mas quanto antes, melhor. Pois, não há algo mais triste quando nos deparamos com pessoas que precisam vender bens que conquistaram com esforço para se manterem nos próximos anos.
Sabemos que muitas pessoas ainda não percebem que estão vivendo essa situação, o que acaba causando um efeito dominó. Por isso, é fundamental conversarmos cada vez mais sobre dinheiro e oferecer ferramentas e possibilidades para que essa geração encontre uma longevidade mais saudável em todos os sentidos, e principalmente no aspecto financeiro.
Entender o momento particular de vida, traçar um objetivo e procurar ajuda especialista são os primeiros passos para trilhar o planejamento. Os dados são espelho da urgência desse processo e o primeiro grande passo é a tomada de consciência e a busca por informações que ajudem a acertar essa rota rumo à tranquilidade e segurança financeira que todos nós merecemos!