IRB Brasil Re divulga prejuízo de R$ 292,8 milhões no 1o. semestre

O ressegurador apresentou insuficiência do patrimônio líquido ajustado em relação ao capital mínimo requerido no montante de R$ 613,8 milhões

O IRB Brasil RE divulgou prejuízo líquido de R$ 292,8 milhões no primeiro semestre de 2022 (1S22). Os efeitos climáticos que provocaram a quebra de safras importantes do agronegócio e resultaram em sinistros vultosos para seguradoras e resseguradoras, além de sinistros decorrentes da covid-19, impactaram negativamente nos números da companhia. No segundo trimestre, o prejuízo líquido foi de R$ 373,3 milhões.

De acordo com a Análise de Desempenho divulgada pelo IRB, tais efeitos, principalmente na linha Rural, comprometeram a recuperação dos resultados iniciada no primeiro trimestre do ano. Normalizando os efeitos climáticos atípicos e de covid-19, a companhia teria fechado o primeiro semestre com resultado positivo, graças ao resultado financeiro e à redução significativa do prejuízo operacional, fruto do processo de melhoria da subscrição iniciada em meados de 2020.  

O IRB Brasil RE deve observar dois indicadores regulatórios importantes. De acordo com reportagem da agência ‘Bloomberg”, citando pessoas familiazarizadas com o assunto, o IRB está preparando uma oferta subsequente de ações que deve movimentar cerca de R$ 1 bilhão. A reportagem diz ainda que a resseguradora está em conversas com bancos incluindo Itaú BBA e Bradesco BBI para a possível transação, que pode acontecer nos próximos 30 dias.

Em junho deste ano, apresentou insuficiência do patrimônio líquido ajustado em relação ao capital mínimo requerido no montante de R$ 613,8 milhões. O patrimônio líquido ajustado correspondia a 64% do capital mínimo requerido na data. A companhia também apresentou insuficiência no enquadramento da cobertura de provisões técnicas de R$ 729,7 milhões na mesma data. O IRB apresentou à Susep plano de regularização de cobertura, que deverá sanar a suficiência de ambos os indicadores regulatórios no horizonte temporal definido pela legislação. 

A companhia publicou, na manhã desta segunda-feira (15/08), fato relevante informando que estuda a possibilidade de realização de uma operação de captação de recursos que, em princípio, consiste em uma oferta pública subsequente de distribuição primária de ações ordinárias, a ser realizada no Brasil e com esforços de colocação no exterior, respeitado o limite de aumento de capital autorizado pelo Estatuto Social do IRB. 

Ressalta-se que, até o momento, a companhia não definiu ou aprovou a efetiva realização ou estruturação da potencial captação, bem como seus termos e condições, em especial os critérios de fixação do preço de emissão das novas ações, e, portanto, na presente data, não está sendo realizada qualquer oferta pública de distribuição de ações de sua emissão no Brasil ou em qualquer outra jurisdição. 

Prêmios emitidos  

No 2T22, o volume total de prêmios emitidos pelo IRB apresentou redução de 22% em relação ao 2T21, alcançando R$ 1,685 bilhão, ante R$ 2,160 bilhões no mesmo período do ano anterior. O prêmio emitido no Brasil totalizou R$ 1,154 bilhão no 2T22, com decréscimo de 7% em relação ao mesmo período de 2021, principalmente em razão de ajustes nas linhas Patrimonial, Rural e de Aviação. O prêmio emitido no exterior totalizou R$ 530,9 milhões no 2T22, o que representou uma queda de 42,2% em relação ao 2T21. Essa redução está em linha com a estratégia de re-underwriting

Já no 1S22, o volume total de prêmios emitidos recuou 9,8% em relação ao 1S21, totalizando R$ 3,689 bilhões. No acumulado do ano, o prêmio emitido no Brasil totalizou R$ 2,394 bilhões, o que representou um incremento de 4,8% em relação ao mesmo período de 2021, refletindo o maior volume de prêmios emitidos nos segmentos Patrimonial (+6,3%), Rural (+9,3%) e Outros (+13,8%). O prêmio emitido no exterior foi de R$ 1,295 bilhões, com uma queda de 28,2% ante o 1S21. A menor contribuição do prêmio emitido no exterior decorre, principalmente, das linhas de Aviação (-71%), Rural (-59%) e Vida (-26,3%), em linha com a estratégia da companhia. 

Sinistralidade 

O sinistro retido total no 2T22 foi de R$ 1,663 bilhão, em linha com o 2T21, de R$ 1,658 bilhões. O índice de sinistralidade total no 2T22 foi de 124,2%, apresentando uma alta de 28,5 p.p. ante o mesmo trimestre do ano anterior, de 95,7%.  

Em termos nominais, o sinistro retido no Brasil saiu de R$ 769,6 milhões no 2T21 para R$ 1,056 bilhão no 2T22. O índice de sinistralidade saltou de 91,7% para 143,9% quando comparamos o 2T21 com o 2T22. Os sinistros reconhecidos no período, majoritariamente, acompanham as perdas com o cultivo de grãos ocorridas principalmente na região Sul e parte do Mato Grosso do Sul.  

O índice de sinistralidade no exterior ficou em 100,2%, comparado a 99,5% no 2T21, impactado pelos efeitos de sinistros de Vida, principalmente no Peru, e efeito de cauda dos contratos descontinuados de Aviação. 

No acumulado dos seis meses de 2022, o sinistro retido total foi de R$ 2,596 bilhões, com o índice de sinistralidade apresentando um acréscimo de 19,3 p.p. comparado aos 85% do mesmo período do ano anterior. A sinistralidade nos seis meses de 2022 normalizada dos efeitos climáticos atípicos e da covid-19 foi de 78%, uma melhora de 7 p.p. comparado ao mesmo período do ano anterior. 

Resultado financeiro e patrimonial 

No 2T22, o resultado financeiro e patrimonial foi positivo em R$ 104,3 milhões, crescimento de 17% em relação ao mesmo período de 2021, mesmo negativamente afetado pelo recálculo de alguns passivos, que trouxe efeito negativo de R$ 65,1 milhões no trimestre. Sem esse ajuste, o resultado financeiro teria sido de R$ 169,5 milhões no trimestre, 90% acima do mesmo trimestre de 2021, impulsionado pela performance de 107% em relação ao CDI da carteira de investimentos no Brasil. 

Nos seis primeiros meses de 2022, o resultado financeiro foi positivo em R$ 364 milhões, comparado a R$ 192,8 milhões no 1S21, beneficiado pelo aumento da taxa Selic, que impulsionou o crescimento da rentabilidade da carteira em reais de 2,8% no 1S21 para 6,5% no 1S22. 

As despesas gerais e administrativas no 2T22 totalizaram R$ 79,4 milhões, um decréscimo de 25,1% em relação ao 2T21. Assim, o índice de despesa administrativa caiu para 5,9% no 2T22.  

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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