Artigo: sinistralidade acima de 99,9% – pode isso Arnaldo?

por Roberto Parenzi, diretor do grupo Capitolio

Recentemente, a equipe da Capitolio produziu o Relatório sobre a Sinistralidade na Saúde Suplementar, relativo ao 1° Trimestre de 2022.

O percentual médio deste indicador, neste trimestre analisado, foi da ordem de 86% enquanto que no mesmo período de 2021 o indicador foi de 81%, ou seja, segue em ascensão.

Sim, considero preocupante, não encontrando muitas razões para que este percentual caia, ou, se cair, será levemente, mantendo-se contudo, elevado.

Mas deste trabalho, resolvi pinçar um número que chama mais a atenção ainda.

Aquelas empresas cuja taxa de sinistralidade se situa na casa de 100% ou acima.

Considerando as 632 empresas da amostra analisada, (excetuadas as empresas Administradoras de Benefícios, Odontologia de Grupo e Cooperativa Odontológica que não fizeram parte da análise) chegou-se ao número de 52 empresas ou 8,23%.

É muito, considerando que estas empresas estão gastando com a Despesa Assistencial mais do que recebem de contraprestações.  A conta não fecha e não se sustentarão.

O problema é que neste risco estão 2.041.637 beneficiários com uma contribuição per capta mensal com média superior a R$ 480,00.

Neste número cabe destacar por porte das operadoras, com sinistralidade acima de 99,9%:

Grande PorteMédio Porte          Pequeno Porte
05 empresas12 empresas35 empresas
9,6%23,1%67,3%

Já em relação à modalidade destas operadoras, encontramos a seguinte distribuição:

AutogestãoCoop. MédicaFilantropiaMed. de GrupoSeguradora Especializada
1809012301
34,6%17,3%1,9%44,3%1,9%

Só para esclarecer, a questão dos números serem tão alarmantes, é válido ressaltar que o percentual ideal de sinistralidade deveria se situar na casa de 70 a 75% no máximo, para que do restante possa haver um resultado mais razoável após a retirada das despesas administrativas, comerciais, não operacionais e impostos.

Finalizando, é preocupante o fato de que está prestes a ser votado no Congresso a questão do Rol, com grandes chances de que seja considerado exemplificativo. Aí sim as torneiras serão abertas e este número de empresas pode crescer potencialmente. 

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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