Pressão inflacionária avança para 2023 e projeção do IPCA tem alta pela 14ª. semana consecutiva

No entanto, o índice de difusão caiu para 67%, o mais baixo do ano e menor do que foi registrado no mês anterior (72%), comenta a economista da CNseg, Priscila Aguiar

Após um hiato de oito semanas (devido à paralização dos servidores), o Banco Central voltou a divulgar o Boletim Focus e as expectativas das semanas anteriores que estavam represadas. As projeções para a inflação em 2022 reverteram a tendência de alta que estava sendo observada (chegou a 8,89% em 03/06) e, pela segunda semana consecutiva apresentou redução, com a mediana passando de 7,96% para 7,67%. 

Segundo Priscila Aguiar, economista da CEM – Comissão de Estudos de Mercado da CNseg, tal ajuste reflete um cenário de menor pressão dos preços administrados, como combustível e energia elétrica, em função das medidas aprovadas pelo Congresso, que começou a refletir no IPCA de junho divulgado pelo IBGE. A inflação em junho, ficou abaixo da projeção do mercado (0,71%), registrando alta de 0,67%. Os itens que contribuíram para a desaceleração foram a redução no preço da gasolina e a alteração para bandeira verde na tarifa da energia elétrica residencial. 

Na ponta inversa, ressalta a economista no boletim da CNseg, o grupo Saúde Cuidados Pessoais registrou alta de 1,24%, com o item Planos de Saúde apresentando variação positiva de 2,99%, refletindo a apropriação de dois meses do reajuste autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para os planos de saúde individuais de até 15,50% (o IBGE não havia captado o reajuste no índice em maio). Em 12 meses, o IPCA acumula alta de 11,89% (ante 11,73% até maio). “A inflação segue disseminada, mas o índice de difusão caiu para 67%, o mais baixo do ano e menor do que foi registrado no mês anterior (72%). A pressão inflacionária está sendo levada para 2023, e a projeção para a mediana do IPCA segue aumentando – são 14 semanas de alta – alcançando 5,09%, acima do teto de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos”, destaca. 

De acordo com o boletim, se por um lado, os efeitos da PEC dos Combustíveis ajudarão a reduzir a pressão inflacionária esse ano, por outro, vem acompanhada do risco fiscal, que associado às incertezas globais (alta dos juros dos EUA e continuidade do Guerra na Ucrânia) e domésticas (dificuldade em retirar os benefícios concedidos esse ano e a polarização do processo eleitoral) tem causado forte depreciação cambial. A expectativa do mercado para o câmbio em 2022 passou para R$/US$ 5,13, ante R$/US$ 5,09 da semana anterior, ficando estável em R$/US$ 5,10 para 2023. Para a política monetária, a expectativa do Focus é de que a mediana da Taxa Selic permaneça em 13,75% a.a. (até 10/06 era 13,25%) e, para 2023 em 10,50% a.a.

Leia a íntegra do boletim Acompanhamento de Expectativas Econômicas semanal feito pela Superintendência de Estudos e Projetos (Suesp) da CNseg, no portal de CNseg.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Ouça nosso podcast

ARTIGOS RELACIONADOS