Coface eleva avaliação do Brasil mas alerta para risco de estagflação no mundo 

Fonte: Coface

O Barômetro Coface do 2º. Trimestre de 2022, ao analisar o cenário econômico global, elevou a avaliação de risco de apenas dois países: Brasil e Angola. A Coface, que é líder mundial em seguro de crédito e em serviços especializados relacionados, rebaixou a nota de 16 países da Europa, principalmente em consequência do prolongamento da guerra na Ucrânia. 

Para os especialistas da companhia, o cenário central sugere uma desaceleração significativa da atividade nos próximos 18 meses, permitindo que a inflação diminua gradativamente. As previsões de crescimento são particularmente pessimistas para os países avançados. Existem muitos riscos negativos para a economia global, enquanto os riscos positivos referentes à inflação permanecem. 

Para conter a inflação, lembra a Coface, os bancos centrais parecem decididos a empurrar a economia para uma recessão. “Espera-se que essa recessão seja mais branda, uma vez que a queda contínua dos preços forçaria os bancos centrais a implementar um choque monetário mais drástico posteriormente. O risco, que não pode ser descartado, é que a demanda caia e a inflação permaneça alta, devido à impossibilidade de reduzir os preços das commodities em razão da escassez crônica de oferta”, afirma o Barômetro do 2º. trimestre. 

De acordo com o estudo, quatro meses após o início das hostilidades na Ucrânia, as primeiras lições podem ser tiradas: o conflito, que não tem previsão para terminar, já perturbou o equilíbrio geoeconômico global: “No curto prazo, a guerra está agravando as tensões de um sistema de produção já afetado por dois anos de pandemia e está aumentando o risco de declínio iminente no crescimento econômico em todo o mundo. Enquanto a economia parecia enfrentar a ameaça da estagflação há algumas semanas, a mudança de tom dos bancos centrais, face à aceleração da inflação, ressuscitou a perspectiva de recessão, sobretudo nas economias avançadas”.  

A Coface analisou diversos setores e os resultados também foram pouco animadores: “Em nível setorial, o número de rebaixamentos (76 no total, em comparação a 9 aumentos) demonstra a propagação destes impactos sucessivos em todos os setores, tanto os energo-intensivos (petroquímica, metalurgia, papel etc.) como aqueles mais diretamente ligados ao ciclo de crédito (construção). À medida que as perspectivas pioram, os riscos assumem naturalmente uma postura baixista e nenhum cenário pode ser descartado. A desaceleração da atividade e o risco de estagflação estão se tornando mais claros”. 

Para a Coface, “embora seja provavelmente muito cedo para afirmar que a economia global entrou em estagflação, todos os sinais apontam para isso”.  

Uma das fontes de maior pressão nesse cenário continua a ser o preço das commodities, segundo a companhia. Embora essas cotações tenham se estabilizado recentemente, garante a Coface, os níveis continuam muito altos: “Por exemplo, o preço do petróleo não ficou abaixo de US$ 98 desde o início da guerra, uma vez que os receios de uma potencial escassez de oferta ainda são uma possibilidade”. Setores cuja cadeia de valor é energo-intensiva em seus processos produtivos, como papel, produtos químicos e metais, tiveram seus riscos reavaliados para cima”.  

O estudo ressalta também que é provável que as empresas que não repassaram integralmente o aumento de seus custos de produção para seus preços de venda passem a fazê-lo: “Assim, os aumentos de preços continuarão em setores com poder de precificação significativo. É o caso do setor farmacêutico, onde um pequeno número de empresas domina o mercado global. Já identificado como um dos mais resilientes, é o único setor com avaliações de ‘baixo risco’ no Barômetro”. 

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Ouça nosso podcast

ARTIGOS RELACIONADOS