ARTIGO: o desafio da gestão do segmento de seguros de oléo e gás

Por Sérgio Botelho, diretor de Power & Energy da MDS Brasil

O setor de Oil & Gas tem um papel estratégico na geração de insumos para uma enorme cadeia industrial. As extrações onshore e offshore geram suporte no fornecimento de amônia, solventes, asfalto, petrolatos e muitas outras matérias-primas de cadeias diversificadas que englobam desde um copo plástico até a composição de fertilizantes fundamentais para o agronegócio, por exemplo.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustível (IBP), mais de 90% da área de bacias sedimentares nacionais ainda não foram estudadas. E, mesmo assim, estudos da Agência Nacional de Petróleo mostram que a produção de petróleo e gás natural cresceu 52,71% de 2010 a 2020. O país quebrou seu recorde de produção em 2019, superando, pela primeira vez, a marca de 1 bilhão de barris, e o aumento da extração de gás natural atingiu 6,43% a mais do que no ano anterior. 

Vulnerabilidades geopolíticas e socioeconômicas

Não restam dúvidas de que o segmento de Oil & Gas possui um papel essencial na geração de receitas, arrecadação, geração de empregos e desenvolvimento social e tecnológico, entretanto, apesar de sua magnitude, este setor é extremamente afetado por crises e oscilações econômicas e geopolíticas. Não por acaso, a temática contemporânea dos conflitos entre Rússia e Ucrânia esteve em voga durante a Brokerslink Conference 2022, que se deu no Porto, em Portugal, nos dias 25 a 27 de maio. 

Ao longo do evento, que reuniu mais de 300 líderes de todo o mundo da área de Seguros, Resseguros e Gestão de Risco, o jornalista e especialista em Assuntos Externos e Diplomacia internacional, Tim Marshall, apresentou o painel “The power of geography in global politics” e enfatizou o quanto a atual conjuntura política multipolarizada traz incertezas que se refletem em todos os âmbitos sociais e corporativos. Essa reflexão nos leva a ponderar sobre a maneira como os mais de 100 dias de guerra vêm impactando a produção e distribuição mundial de petróleo e gás, e o quanto essa perspectiva se agrava quando somada aos portos fechados e à recessão econômica mundial atualmente vivenciada. Em suma, tais fatores têm mantido aceso o sinal de alerta para novas estratégias e desafios ainda mais complexos.

Vulnerabilidades de risk management

Para além da perspectiva política, é preciso ter também em mente que o mercado de Petróleo e Gás é particularmente sensível por conviver com riscos operacionais e de acidentes que, se mal administrados, podem comprometer a sua própria existência. Nos últimos anos, toda a cadeia global de Oil & Gas passou por grandes transformações, portanto, além de empreender uma retomada econômica, o segmento ainda precisa avaliar o desenvolvimento de novas tecnologias de extração, automatização de processos e estratégias para gestão de riscos, e manter-se atento às crescentes restrições ambientais de suas cadeias primárias e secundárias, com protocolos operacionais que vão desde a análise para mitigar possíveis ameaças até a proteção de dados digitais.

Diante de fatores como esses, torna-se cada vez mais claro o quanto a gestão de risco é fundamental para controlar as perdas e mitigar os riscos financeiros do segmento. Líderes das indústrias de Óleo e Gás precisam lançar mão de seguros e programas de gestão de risco amplos e arrojados e, ao mesmo tempo, consultores de seguros e risk managers devem agregar cada vez mais tecnologias e indicadores capazes de proporcionar uma visão holística das ameaças que lhes cercam. 

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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