Depois de um período sem muito alarde externo sobre o seguro garantia, o segmento começa a movimentar profissionais de seguradoras e de corretores. Com nova regulamentação e tecnologia de ponta, produtos são ofertados às empresas como um instrumento de mitigação de riscos, com valor agregado à diretoria financeira das corporações. A apólice de garantia judicial libera recursos depositados em ações em andamento no sistema Judiciário. Já a garantia de contratos mitiga o risco de financiamentos e tem como função assegurar que um contrato seja finalizado, mesmo se houver inadimplência do tomador.
“Tanto a garantia judicial como a garantia de contratos são peças fundamentais para melhorar o fluxo de caixa das empresas . Nós estamos otimistas com o crescimento destes dois nichos. Criamos uma plataforma digital para agilizar desde a cotação até a entrega do contrato para o cliente no judicial. No contratual, contratamos especialistas para construirmos juntos com o tomador e o segurado um contrato claro e aderente às necessidades dos interessados dentro das novas regras que passam a valor em 2023”, explica Ilan Kajan Golia, vice-presidente de Riscos Corporativos e Sinistros Alper Consultoria em Seguros.
O garantia judicial respondeu por mais de 90% dos R$ 3 bilhões em vendas de seguro garantia em 2021. E segue sendo a grande aposta, com um plus a mais. Com o retorno dos julgamentos dos processos judiciais, principalmente, no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), o mercado segurador espera que as grandes demandas que ficaram reprimidas durante estes últimos dois anos de pandemia voltem às mesas de negociação.
Segundo o executivo, o setor avalia que estão em jogo mais de R$ 780 bilhões em processos tributários no CARF. É um valor considerável para ser substituído pelo seguro judicial como alternativa ao pagamento de cauções, depósitos judiciais em dinheiro, penhora de bens e fianças bancárias. “Nos diferenciamos da concorrência com nossa plataforma, com emissão da apólice automática e que permite que as empresas façam a gestão de todas as apólices em um único diretório”, explica.
Já a garantia contratual promete decolar a partir de 2023, mas exige esforços desde já, diante de mudanças regulatórias previstas para entrarem no ar no início do próximo ano, juntamente com o retorno dos investimentos públicos e privados em projetos de infraestrutura. Em abril, o Observatório de Política Fiscal, do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro), divulgou um período de 74 anos, de 1947 a 2021, sobre o investimento público. Em 2021, não passou de 2,05% do PIB, o segundo menor volume desde 1947. Maior do que o ano de 2017, que ficou em 1,94% do PIB. Um dado que preocupa, uma vez que estimativas de especialistas afirmam que para um país crescer 3% ao ano, o investimento público e privado deve crescer acima de 4,5%.
“Acreditamos que a partir de 2023 muitos projetos de investimentos que envolvem construção vão sair do papel. Por isso, estamos debruçados em trazer aos nossos clientes as melhores ofertas das seguradoras neste período de inovação e novas regras, garantidos por bons contratos de resseguro. Temos mais liberdade de produtos e isso significa também entender bem todos os detalhes, clausulados, coberturas, responsabilidades para não termos questionamentos quando um sinistro ocorre. Pelo contrário. Queremos ter tudo claro para termos agilidade para resolver e concluir o projeto de forma ágil e assertiva. E uma boa matriz de risco será a chave para nos diferenciarmos da concorrência”, argumenta Kajan.
Segundo ele, a resolução 662 da Susep vem no sentido de dar mais autonomia para as seguradoras e isso agrega valor ao corretor, pois há mais liberdade na construção de um seguro aderente a cada tipo de negócio. “Com um normativo mais objetivo e simplificado, é possível buscar um perfil de cliente que era pouco atendido pela garantia. A resolução simplificou muito para permitir a massificação do seguro garantia, o que estimula uma concorrência saudável.”
Apesar de pouco representativo no faturamento do setor, a garantia contratual não está totalmente parada. A disputa por poucos contratos é grande, garante o executivo. Principalmente com as contratações de seguros de outorga, de performance e BID para atender a demanda do governo nos leilões de concessões. “Temos as rodovias do Paraná, um conjunto de seis lotes de estradas federais e estaduais que somam 3.368 km e com mais de R$ 43 bilhões em investimentos, além da privatização do Porto de Santos. Já com data marcada, o leilão de Congonhas e mais 14 aeroportos da 7° rodada, acontecerá em agosto. Tendo previsão de R$ 7,3 bilhões em investimentos privados nos terminais, após aprovação do Tribunal de Contas da União e a ANAC”, diz o executivo com garra para conquistar boa parte destes negócios. “Nos preparamos para isso”.
Com matriz em São Paulo e 11 escritórios espalhados pelo Brasil, hoje a Alper conta com mais de 15 mil clientes, 1,3 milhão de vidas administradas, mais de 100 mil veículos protegidos e mais de R$ 1,7 bilhão em prêmios administrados. No primeiro trimestre de 2022, a Alper obteve o maior nível de receita trimestral dos últimos seis anos. Segundo balanço divulgado pela consultoria, a receita líquida obteve um crescimento de 61,2% em comparação ao mesmo período do ano passado, encerrando o trimestre com R$ 10,6 milhões.