Fonte: TradeMap
A jornalista Silvia Rosa publicou esta entrevista na Agencia TradeMap. Compartilho aqui apenas a parte da entrevista que cita o IRB Brasil Re. A entrevista completa pode ser lida no portal da TradeMap.
Acionista minoritário do grupo ressegurador IRB (IRBR3) e um dos maiores investidores pessoa física da Bolsa, Luiz Barsi acredita que os controladores da empresa (Itaú Seguros e Bradesco Seguros) têm a responsabilidade de “salvar” a companhia.
O IRB reportou prejuízo de R$ 682,7 milhões em 2021 e tenta se recuperar após ter sofrido com fraudes contábeis no passado, que levaram ao afastamento da antiga gestão.
Na segunda-feira da semana passada (18), o ex-diretor financeiro da empresa, Fernando Passos, sofreu a abertura de um processo pela SEC (Securities and Exchange Commission, a Comissão de Valores Mobiliários americana) por informação falsa, ao divulgar que a Berkshire Hathaway, de Warren Buffet, era acionista da empresa.
Segundo Barsi, Passos tem afirmado que a maioria dos maus contratos que o IRB tem foram repassados pelos controladores. Na opinião do investidor, isso pode se refletir sobre os bancos controladores. “Agora, talvez eles [controladores] queiram que os acionistas menores resolvam o problema, mas acho que são eles que têm que resolver”, afirmou Barsi, em entrevista concedida à Agência TradeMap na última quarta-feira (20).
Aos 83 anos, Barsi, que tinha um patrimônio na Bolsa estimado pelo próprio em mais de R$ 2 bilhões em 2019, é um investidor dedicado e ainda dá expediente presencialmente em seu escritório no centro de São Paulo, onde trabalha com a filha Louise Barsi, que está seguindo os passos do pai.
Conhecido como o “Rei dos Dividendos”, Barsi investe desde os anos 1970 em empresas tidas como perenes, que paguem bons dividendos e ofereçam bom retorno no longo prazo. Suas mais recentes investidas foram nas ações da Vibra (VBBR3), ex-BR Distribuidora, e da empresa de energia renovável Auren Energia (AURE3).
Barsi acompanha o mercado o tempo todo. Durante entrevista à Agência TradeMap, um funcionário entra na sala e pergunta se pode comprar mais ações dessas empresas. E Barsi responde: “Abaixo de R$ 16, pode ir comprando a Auren”.
Para atingir seus objetivos, ele é disciplinado: compra as ações em etapas, estabelecendo metas para cada fase. E não hesita em vender ou parar de comprar o papel quando atinge sua meta, como fez com a alocação em Cosan (CSAN3), cuja ação chegou a vender quando atingiu R$ 90 e que agora voltou para a carteira.
Barsi segue o método que criou há 50 anos, quando decidiu montar uma carteira de ações para receber periodicamente dividendos. “Decidi pagar a contribuição para a aposentadoria pelo mínimo. Meu pensamento na época foi: para me aposentar, preciso contribuir por 30 anos. E se eu comprar ações durante 30 anos? Coloquei no papel um projeto de compra de mil ações por mês durante 30 anos e dei o título de ‘Ações Garantem o Futuro’. Hoje eu colocaria o mesmo título e reforçaria ‘Ações Garantem Muito o Futuro’.”
O senhor investe na resseguradora IRB, que teve problemas com a gestão passada. Por que investiu nesses papéis?
Tenho 27 milhões de ações do IRB porque estou olhando a empresa a médio e longo prazos.
Nesses últimos dois dias [a entrevista foi dada no último dia 20], o ex-funcionário do IRB [Fernando Passos] foi processado pela SEC. O que você acha que vai acontecer com esse processo? Com certeza, na minha opinião, vai refletir nos controladores, que são os dois bancos [Itaú Seguros e Bradesco Seguros]. Agora, o Passos já andou falando que a maioria dos maus contratos que o IRB tem foram os dois bancos que mandaram. Pode ser que isso se reflita nos bancos.
Por que o IRB não dava lucro? Porque ela possuía maus contratos. Quem colocou o Passos lá? O IRB teve lucros inexistentes e pagou dividendos indevidos, e quem recebeu isso? Foram os bancos controladores. Agora, talvez eles queiram que os acionistas menores resolvam o problema, mas acho que são eles que têm que resolver.
Eu não vou salvar. Se chamarem subscrição de ações, eu não faço, porque acho que é uma responsabilidade deles [controladores]. Quem levou a empresa a essa situação foram eles. Acho que eles têm que salvar a empresa. Acho que Itaú e Bradesco têm que se unir e falar: ‘vamos capitalizar isso aí’. Essas pessoas que estão lá agora no IRB são pessoas competentes. Acho que temos que olhar o IRB agora sob esse aspecto. Tem que exorcizar aquilo que ela já foi. Ela custava R$ 40 e agora custa R$ 2,90.
Procurado, o Grupo Bradesco afirmou que não comenta rumores de mercado. O Itaú Unibanco disse que não comenta o assunto.
O IRB divulgou um prejuízo de R$ 682 milhões em 2021 e apresentou aumento da sinistralidade. Como resolver essa situação no curto prazo?
Vejo uma perspectiva muito boa para o IRB. O preço está nessa situação por causa dos vendidos. Tem 170 milhões em ações alugadas. Se eles [os vendidos] tivessem que comprar esses papéis para devolver, o preço não seria esse.
O IRB não tem o custo de uma estrutura operacional como BB Seguridade [BBSE3], Caixa Seguridade [CXSE3] e a SulAmérica [SULA11]. Ele faz o resseguro. As empresas repassam os contratos de seguro para ele. E no passado houve o repasse de maus contratos. Por si só, acho que o IRB vai se recuperar.