FF Seguros mira 2025, lança plataforma FF Orbi para estrear em massificados e está quase pronta para o Open Finance

“Estamos nos preparando para todas essas mudanças que teremos no mundo. Imagina a impressora 3D imprimindo peças de carros? O quanto isso vai reduzir os volumes transportados?”, indaga o CEO Bruno Camargo

A FF Seguros, nova marca da seguradora canadense FairFax, constrói uma trilha segura para chegar em 2025 como uma referência em seguros e serviços para pessoas e empresas. Apenas como um referencial, o alvo em números é faturar US$ 1 bilhão no Brasil até 2025. “Esta é uma meta. Nossos orçamentos são feitos a cada oito meses, pois estamos vivendo um momento de muitas mudanças. Mas a nossa estratégia já tem o olhar para o que queremos ser em 2025”, diz o CEO Bruno Camargo. 

De palestras motivadoras como com o lutador de jiu-jitsu Rickson Gracie, um exemplo de determinação e resiliência, até a contratação dos mais renomados especialistas em tendências de diversos setores, a equipe da FF constrói ferramentas para lidar com os desafios do segmento de seguros. Que são muitos. Desde a conjuntura econômica e política mundial até a demanda mais baixa por seguros nos principais mercados. 

As seguradoras têm de lidar com juros baixos no mundo e em alta no Brasil. Inflação elevada preocupa o planeta todo e tem o poder de fazer um estrago no índice de sinistralidade das companhias. Endividamento das famílias e empresas avançando, o que coloca pressão sobre a demanda por seguros e preços. 

Uma das saídas, segundo Camargo, é ter tecnologia de ponta para atender os consumidores de seguros como eles já estão habituados em outros segmentos. “O consumidor compra, com poucos cliques, produtos aderentes às suas reais necessidades de empresas que entregam uma experiência ágil, acessível e diferenciada. É esse nosso dia a dia. Ser uma seguradora diferenciada para nossos corretores, parceiros e consumidores”.

Há um ano, boa parte da lição de casa – inovar em produtos e coberturas, melhorar a experiência do cliente, desenvolver novos negócios na era digital para parceiros, usar algoritmos para equilibrar risco e oferta e atrair talentos para a empresa – está em curso. 

Eduardo Pitombeira, uma referência no setor quando o assunto é seguro financeiro em plataformas digitais, foi contratado para construir a plataforma digital FF Orbi, que marca a entrada da seguradora referência em grandes riscos, agronegócios e transporte agora em riscos pessoais e massificados. A expectativa é ter 25% do faturamento proveniente de seguros pessoais, que começam a ser disponibilizados para corretores e clientes neste canal que é de relacionamento, ao reunir em um só local cotação, vendas, atendimento, programas de incentivos, recompensas e educação. 

“A nossa posição de colocar tecnologia com negócio é única. Temos devoção pelos negócios dos corretores, que são a nossa única forma de chegar aos clientes e quanto mais os ajudarmos a crescer, mais crescemos juntos. E os corretores percebem isso. Nunca cadastramos tantos profissionais de vendas como agora”, conta Pitombeira. Uma das novidades da plataforma FF Orbi é possibilitar ao corretor calcular a comissão. A calculadora o ajuda a saber o quanto vai ganhar ao vender “x” apólices de um produto, dando a ele uma previsão do retorno que terá se investir naquele determinado nicho. 

A plataforma começa com o seguro de responsabilidade cível como Erros e Omissões para médicos e, gradativamente, a seguradora lançará proteção para outras categorias como advogados, dentistas, corretores de seguros, empresários, bem como seguros empresariais e para painéis solares, além dos pessoais, começando pelo seguro de bicicletas elétricas. “Todos eles já estão no forno para este ano”, diz o head de produtos e digital da companhia.

Por meio da plataforma FF Orbi e das parcerias, como tem com diversos corretores em diversos ramos, com o Itaú em agro, Quinto Andar em seguro fiança locatícia, C6 em seguro de vida sob medida, a FF busca novos acordos nos quais possa agregar valor. “Uma quantidade enorme de informações circula em cada empresa e podemos analisá-las e propor diversas alternativas para rentabilizar e otimizar o relacionamento com nossos clientes e dos nossos clientes com os clientes deles”, diz Camargo. 

Na prática, é cálculo atuarial de gestão de risco com algoritmos para ofertar produtos e serviços de seguros para a base de usuários. “Cada canal de distribuição tem um perfil de clientes. E queremos analisá-lo e otimizar negócios rentáveis para todos. No caso da Quinto Andar, por exemplo, não vou analisar crédito e sim usar inteligência de dados para avaliar a população que aluga o imóvel. Pode ter tido um problema momentâneo, o que não faz dela um risco para o aluguel. É isso que vamos olhar”, define. 

E todos esses clientes atendidos pelos corretores, Itaú, C6, Quinto Andar e outros certamente precisam de proteção para casa, computador, celular, bike, empresa, responsabilidade civil geral entre outros produtos e serviços que podem ser criados com foco na proteção pessoal e patrimonial do indivíduo. “É um grande momento do mercado segurador”, avalia o CEO, lembrando que a penetração de seguros no Brasil ainda é muito aquém comparada a outros países, como 4% e 8%, respectivamente.

A seguradora encerrou 2021 com R$ 1,7 bilhão em vendas, crescimento de 42% em comparação a 2020. O segmento de danos e responsabilidades, conhecido mundialmente como Property & Casualty (P&C), representou R$ 814 milhões; transporte R$ 168 milhões, linhas financeiras R$ 272 milhões e agro R$ 413 milhões. Graças a estratégia de ser uma companhia multilinha, ou seja, atua em diversos ramos, apesar da perda de R$ 68 milhões com agro, que enfrenta uma grande crise em razão da bilionária perda por secas e geadas no ano passado, a FF Seguros encerrou o período contábil com resultado técnico de R$ 25 milhões e índice combinado abaixo de 95%. 

“Esta foi a pior seca dos últimos 100 anos. Nunca vi tanto sinistro. Como setor, teremos de rever a estrutura do seguro rural para incluir um instrumento equivalente a outros países, que tem um fundo catastrófico. Como o Brasil não é considerado catastrófico, é preciso ter uma estrutura financeira para que não falte capacidade de recursos para este segmento que tem um enorme potencial com apenas 12% da área plantada com seguro. Temos, como setor, a possibilidade de entender os vetores e desenhar a quatro mãos um método sustentável”, alerta Camargo. 

Algoritmos também para grandes riscos

Para isso, dá-lhe tecnologia, não só para riscos massificados, com também para grandes riscos. O grupo Fairfax acompanha os movimentos locais e mundiais, que movimentam centenas de startups e empreendedores em busca de soluções para o setor de seguros. Camargo cita a startup KI, que chamou a atenção do mundo segurador ao receber US$ 500 milhões do BlackRock e virar parceira do Google. 

Trata-se do primeiro sindicato Lloyd’s of London, mercado tradicional que tem mais de 300 anos, totalmente digital e orientado por algoritmos que oferece capacidade instantânea, acessível em qualquer lugar, a qualquer momento. Isso faz a KI ser totalmente disruptiva ao usar algoritmos e com isso conseguir acabar com as imensas filas de corretores de seguros nas bancas dos sindicatos em busca de capacidade para riscos. Segundo avaliação de especialistas entrevistados pelas agencias internacionais de notícias, os “brokers” entram de forma eletrônica na fila e o algoritmo calcula o custo do risco em minutos e já entrega ao corretor as condições da subscrição do risco. A experiência tem sido considerada positiva em erros e acertos e elimina riscos de aceite de contratos influenciados por amizades. 

“Estamos tentando trazer o pessoal da KI para o Brasil, para entendermos melhor a forma de tratar riscos de P&C. Nunca vai deixar de ter fator humano, mas tem muita coisa que dá para vir pronta para o subscritor ter uma decisão mais efetiva”.

Assim caminha a FF Seguros. Quase pronta para o Open Finance, que já começou e deve ter todas as fases concluídas, incluindo seguros, a partir de 2023. O Sistema Financeiro Aberto traz o compartilhamento padronizado de dados sobre produtos, informações financeiras e serviços pelas instituições autorizadas pelo Banco Central. “Estamos nos preparando para todas essas mudanças que teremos no mundo. Imagina a impressora 3D imprimindo peças de carros? O quanto isso vai reduzir os volumes transportados?”, indaga o CEO enquanto reserva 2% do lucro para comunidades voltadas à educação. 

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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