Após quatro semanas sem divulgação, em virtude da greve dos servidores, o Banco Central voltou a divulgar o Relatório Focus com as expectativas das instituições financeiras para os principais indicadores da economia. A mediana do IPCA para 2022 que há um mês estava em 6,86% saltou para 7,65%, seguindo em quinze semanas de aumentos consecutivos. “Importante lembrar que esse resultado de 7,65% é mais do que o dobro da meta de inflação do Banco Central (3,5%) para esse ano”, destaca Priscila Aguiar, economista da CEM – Comissão de Estudos de Mercado da CNseg.
Segundo a economista, as pressões inflacionárias seguem muito disseminadas. “O alívio para a inflação brasileira virá nos próximos meses com a queda prevista para energia elétrica devido à eliminação das bandeiras tarifárias, que passou direto para a bandeira verde (sem cobrança adicional) em abril – e não tem dado trégua também no cenário internacional”, comenta.
O relatório Perspectiva Econômica Mundial do FMI divulgado na semana passada mostra recuo na projeção do crescimento do PIB mundial de 4,2% para 3,6%, este ano. “A inflação global elevada é um dos motivos da redução na perspectiva de crescimento, que demandará forte aperto monetário por parte das economias mundiais, como também o conflito entre Rússia e Ucrânia e o surto de Ômicron na China que está gerando medidas mais restritivas à mobilidade urbana e já impacta a atividade econômica”, acredita.
Ela cita que no relatório do FMI, o Brasil foi exceção, sendo um dos poucos países em que a projeção da atividade econômica subiu de 0,3% para 0,8% em 2022, puxada pelo aumento nos preços no mercado de commodities, principalmente dos alimentos. Para 2023, o FMI reduziu a expectativa do avanço do PIB brasileiro de 1,6% para 1,4%, observando que a elevação das taxas de juros pesará sobre a demanda doméstica.
Para os analistas consultados pelo Focus, a projeção para o PIB 2022 também subiu, estava em 0,50% no final de março e passou para 0,65%. A projeção para Selic em 2022 aumentou, passando de 13% a.a. para 13,25% a.a., mas para 2023, a projeção segue em 9% a.a. pela 5ª semana consecutiva. Segundo Priscila, os ajustes das expectativas do mercado para a Selic seguem a indicação dada pelo Comitê de Política Monetária. “Na ocasião, o comitê indicou em ata a previsão de um novo aumento da mesma magnitude na próxima reunião que ocorrerá no início de maio, visto que dado o cenário atual, “é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista”, lembra.
Leia a íntegra do boletim Acompanhamento de Expectativas Econômicas semanal feito pela Superintendência de Estudos e Projetos (Suesp) da CNseg, no portal de CNseg.