Volatilidade dos mercados é o principal risco para re/seguradoras europeias na guerra Russia -Ucrania

Além disso, uma inflação mais elevada poderia levar a uma pressão sobre a rentabilidade, particularmente para os seguros patrimoniais

A agência de classificação de crédito americana Fitch Ratings alerta que a guerra entre a Ucrânia e a Rússia tem maior probabilidade de impactar o setor de seguros europeu por meio de volatilidade no mercado financeiro, do que por efeitos diretos de sanções a entidades russas e outras medidas que restringem os negócios russos.

As resseguradoras europeias têm pouca exposição direta da Rússia em suas carteiras de seguros e carteiras de investimento, bem como uma exposição insignificante da Bielorrússia e da Ucrânia, mas a volatilidade nos mercados financeiros globais causada pelo conflito pode afetar significativamente seus índices de capital.

Além disso, o conflito também levanta a possibilidade de ocorrência de uma inflação mais elevada, o que, em última análise, poderia levar a uma pressão sobre a rentabilidade, particularmente para os seguros patrimoniais.

O envolvimento internacional no mercado de seguros russo foi limitado desde que a Rússia invadiu a Península da Criméia em 2014, o que levou as resseguradoras globais a retirarem grande parte de sua cobertura.

Em um comunicado à imprensa, a Fitch Ratings estima que a cobertura de riscos das resseguradoras globais na Rússia normalmente representa menos de 2% de seus prêmios brutos emitidos.

A exposição é principalmente de linhas especializadas, como energia, marine e aviação, normalmente ressegurados nos sindicatos do Lloyd’s of London. A Fitch Ratings acrescentou que o Lloyd’s disse que menos de 1% dos negócios que realiza estão relacionados à Rússia ou à Bielorrússia.

“Dada a modesta exposição russa das seguradoras europeias, acreditamos que o maior risco para seus perfis de crédito pode vir da volatilidade do mercado financeiro e da inflação mais alta”, afirmou a agência.

A exposição indireta de subscrição é mais difícil de quantificar, mas a Fitch acredita que isso poderia afeta os lucros de algumas empresas, embora não deva afetar seu capital ou ratings.

Além disso, a Fitch Ratings afirmou que espera que o conflito leve a reclamações de crédito comercial, fiança e seguro de risco político, adquiridos por clientes corporativos que fazem negócios na Rússia, Bielorrússia e Ucrânia. Essas linhas de negócios representam apenas 4% a 5% do prêmio bruto globalmente, com os países afetados representando uma pequena parte disso.

Como a maioria das resseguradoras europeias tem capital forte em relação a seus ratings, uma desaceleração sustentada nos mercados financeiros pode corroer seu espaço de capital e colocar grande pressão em alguns ratings.

A Fitch Ratings também alertou que a guerra pode exacerbar a alta inflação, que já está acelerando devido a interrupções na cadeia de suprimentos, bem como pressão de margem em linhas de cauda curta devido aos crescentes custos de reparo de edifícios e veículos.

Mesmo que as seguradoras possam aumentar os prêmios de acordo, se a inflação alta persistir, podem surgir deficiências de reservas em linhas de cauda longa.

Isso também afetaria os resseguradores, particularmente por meio de reivindicações de responsabilidade geral e tratados de resseguro de excesso de perda com franquias fixas.

Enquanto isso, os ataques cibernéticos a empresas e agências governamentais aumentaram desde a invasão, o que pode elevar as reivindicações de seguro cibernético devido a vazamentos de dados e interrupção de negócios.

O seguro cibernético representa menos de 5% do prêmio da maioria das seguradoras e o mercado é direcionado para seguradoras maiores e mais bem capitalizadas, que cedem grande parte do risco a resseguradoras que têm a capacidade de suportar grandes perdas por catástrofes.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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