Grupo MAPFRE apresenta plano de sustentabilidade, que inclui deixar de investir em empresas não comprometidas com energia limpa

A estrategia ESG se compromete ampliar até 2024 a neutralidade de emissões na Espanha e Portugal e em 2030 espera atingir a neutralidade global

Eu me comprometo e confio você. Se fizermos a parte que nos toca, seremos capazes de transformar o mundo. Esta responsabilidade, trazida por esta sucinta frase, permeia o plano estratégico 2022-2024 delineado pelo grupo MAPFRE, capitaneado por Antonio Huertas, há 10 anos no cargo e reeleito para novo mandato de quatro anos, apresentado nesta sexta-feira na Assembleia Geral de Acionistas 2022, realizada em Madri, Espanha. 

“Esperamos que a crise internacional resultante da guerra na Ucrânia seja resolvida urgentemente a curto prazo, para que a paz retorne e com ela a recuperação econômica e possamos implantar todos os nossos projetos a médio e longo prazo. Devemos primeiro proteger pessoas e depois seguir em frente com tudo mais. É hora de colocarmos o “S” de Social, que é o mesmo que colocar o “P” de Pessoas, em primeiro lugar”, disse o CEO do maior grupo segurador da Espanha, que emprega 86 nacionalidades e cinco gerações.

Crescimento. Eficiência e Produtividade. Transformação. Esses são os três pilares do plano 2022-2024, que marca a filosofia da empresa. Crescer com lucratividade e com o cliente no centro da estratégia são compromissos em mercados core como Espanha, Brasil e Estados Unidos, além da unidade de resseguro. “Nos concentraremos em países com alto valor estratégico, potencial e de lucratividade, juntamente com as unidades de Global Risks e Assistência. Todas estão prontas para crescer, proporcionando receitas e lucros adequados, dado seu tamanho”, pontuou.

Para impulsionar o crescimento, a MAPFRE aposta no braço de inovação Open Innovation. A filosofia é simples: quanto mais fluida e dinâmica for a jornada dos clientes, mais a venda será impulsionada, o que atrairá muitos parceiros, expandindo assim os canais de distribuição com corretores de seguros, agentes, bancos, varejo, cooperativas entre outros. 

A venda cruzada produtos e serviços tem grande potencial considerando o imenso banco de dados trabalhado pelas unidades digitalizadas. São 14 milhões de segurados em auto, 5 milhões em seguros residenciais, 3 milhões em saúde, 1 milhão de empresas seguradas e outras 2,2 mil clientes do braço Global Risks. A unidade de resseguros está em 130 países e a Assistência atendeu 3,6 milhões de chamados em 2021. Para fazer toda essa engrenagem rodar, 32 mil empregados, espalhados em 4,9 mil escritórios e 78 mil intermediários em vendas. 

Em 2021, as receitas totais do grupo chegaram a 27,2 bilhões de euros, sendo 22,1 bilhões apenas em seguros. O lucro líquido avançou 45,3%, para 765 milhões de euros.  A Espanha é o maior mercado do grupo, com 7,5 bilhões em prêmios, seguido pelo Brasil, com 3,3 bilhões numa parceria com o Banco do Brasil através da Brasilseg, e Estados Unidos, com 2,1 bilhões de euros.

Segundo o CEO, a transformação como um eixo transversal, que afeta todos os modelos de negócios, por meio da digitalização, é fundamental para se adaptar às demandas dos consumidores. “Nossa transformação nos ajudará a obter o crescimento desenhado no plano estratégico 2022-2024 em vendas entre 5% e 6% e de lucratividade, com ROE do triênio entre 9 e 10%. Além disso, prevemos manter a margem de solvência em torno de 200%, com uma margem de tolerância em torno de 25 pontos, manter o pay out acima de 50% e conter nosso índice de endividamento entre 23% e 25%”, detalhou. O compromisso do grupo é manter o índice combinado entre 94% e 95%, sem considerar aspectos extraordinários significativos ou graves eventos catastróficos. 

Plano de sustentabilidade

O plano de sustentabilidade, divulgado na Assembleia de Acionistas, prevê ampliar a neutralidade de emissões para os principais países da MAPFRE no mundo em 2030. É meta não investir em empresas de carvão, gás e petróleo que não estejam comprometidas com um plano de transição energética, que permita manter o aquecimento em torno de 1,5 grau centígrado. A Mapfre Asset Management tinha sob gestão 57 bilhões de euros em 2021. “Como seguradoras, a partir da nossa atividade podemos ajudar os nossos clientes a avançar para atividades menos poluentes e por isso decidimos não investir ou segurar empresas de carvão, gás e petróleo que não estejam implementando um plano de transição energética”, disse o CEO.

A meta será incluída como parte da retribuição variável dos 250 principais diretores do grupo no mundo. “Se trabalharmos juntos par viver e trabalhar em um mundo mais inclusivo, mais solidário e mais justo, teremos um caminho muito mais fácil em direção a uma sociedade mais sustentável e equilibrada”, pontuou. 

Na gestão de pessoas, o grupo deseja reduzir a desigualdade salarial de gênero até o final de 2024, com um limiar de tolerância de 1%, que é geralmente aceito em uma empresa do porte da MAPFRE. Huertas também deseja garantir que no final de 2024 pelo menos 90% da carteira de investimentos seja classificada como ESG. 

Todos esses indicadores foram produzidos antes da eclosão da guerra na Ucrânia. O contexto atual voltou a ser de enorme incerteza, pelo que as referencias utilizadas para a inflação mundial, taxas de cambio e crescimento econômico e segurador podem sofrer uma elevada volatilidade. “Graças à intensa transformação da empresa e assim como enfrentamos a inesperada pandemia, não temos dúvidas de que, se necessário, voltaremos a agir rapidamente para proteger o negocio e adaptar nosso plano estratégico com flexibilidade para preservação do negocio e a proteção das pessoas”, afirmou. 

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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