A guerra entre Rússia e a Ucrânia com apoio de seus aliados ocidentais não dá sinais claros de arrefecimento e a perspectiva de um conflito prolongado acende alertas em todo mundo. Após uma sequência de choques de oferta, a alta das commodities que a guerra vem provocando exacerba os dilemas econômicos, com riscos inflacionários e do nível de atividades apontando em direções opostas.
“Como deixou claro o Fed em seu anúncio de decisão de política monetária da semana passada, o impacto da guerra na Ucrânia sobre a economia americana se traduzirá em mais inflação e menos crescimento. De certa maneira, isso pode ser estendido a quase todas as economias, em menor ou maior grau”, comenta Pedro Simões, economista do Comitê de Estudos de Mercado da CNseg.
A projeção para a inflação deste ano subiu pela décima semana consecutiva no Relatório Focus, do Banco Central, publicado nesta segunda-feira, 21. A mediana das expectativas para o IPCA chegou a 6,59%, muito acima do teto da meta (5,0%) e quase o dobro do seu centro, que é de 3,5%. A expectativa para o IPCA em 2023 também subiu, de 3,70% para 3,75%, acima da meta de 3,25%, mais ainda na banda de 1,75% a 4,75%).
A expectativa para o crescimento do PIB deste ano continua a melhorar. Nesta semana, foi de 0,49% para 0,50%. Para 2023, atestando que o aumento da expectativa para 2022 é mais estatística que econômica, a mediana da projeção de crescimento foi reduzida de 1,43% para 1,30%.
As indicações de que política monetária e fiscal podem se desencontrar em um ano eleitoral preocupam, ressalta Simões. “O Banco Central elevou a Selic de 10,75% para 11,75%, como se previa, mas o comunicado emitido pelo Banco Central junto com a decisão sinalizou um novo aumento da mesma magnitude, o que pode levar os juros a um patamar superior àquele que se imaginava há pouco tempo, mesmo que o atual aperto monetário já seja considerável”, comenta.
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