A escalada do conflito entre a Rússia e as potências ocidentais devido à invasão da Ucrânia traz ainda mais incertezas e preocupações para o cenário econômico de 2022, que já não é fácil, como o economista Pedro Simões, economista do Comitê de Estudos de Mercado da CNseg, vem alertando desde final de 2021 no boletim Acompanhamento de Expectativas Econômicas.
“Ainda que possa beneficiar alguns setores exportadores específicos, a alta das commodites que a guerra vem provocando dificulta e deverá tornar mais custosa a desinflação que é o principal acontecimento da economia brasileira neste ano”, afirma no boletim desta segunda-feira, 7. Em uma semana, as cotações do trigo subiram US$ 100 a tonelada, em média, no mercado físico brasileiro. O petróleo chegou aos US$ 130 por barril (tipo Brent) com risco do embargo ao óleo russo.
Nesse contexto, a mediana das expectativas para o IPCA avançou pela oitava semana consecutiva no Relatório Focus, para 5,65%, e está cada vez mais distante do teto da meta definida pelo governo para 2022 (5,0%). Já a expectativa para o IPCA em 2023 continuou em 3,51%, ainda que acima do centro da meta (3,25%, banda de 1,75% a 4,75%).
A divulgação do PIB do quarto trimestre de 2021 mostrou que a atividade econômica avançou 0,5% em relação aos 3 meses anteriores, após retrações de 0,3% no 2º trimestre e de 0,1% no 3º trimestre, escapando, assim da recessão técnica. Com esse número, o PIB cresceu 4,6% em no ano passado. “O resultado um pouco mais positivo que o esperado na margem melhorou as projeções para o carregamento estatístico este ano, ou seja, o crescimento “garantido” mesmo que o PIB não cresça em nenhum trimestre deste ano, apenas pelo efeito do cálculo de “médias sobre médias” (média dos quatro trimestres do ano corrente sobre a média dos quatro trimestres do ano anterior). Esse carregamento ficou em 0,3%, já próximo das projeções que vigoravam anteriormente. Com isso, houve aumento na expectativa para o crescimento do PIB deste ano, de 0,30% para 0,42%, mesmo com o contexto mais negativo. Para 2023, a mediana permaneceu em 1,50%”, destaca.
Leia o boletim Acompanhamento de Expectativas Econômicas desta semana no portal da CNseg.