O destaque desta semana nas previsões do Boletim Focus do Banco Central divulgado nesta segunda-feira, 7, traz a sinalização bastante firme dada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em sua última reunião. A autoridade monetária manteve o ritmo de aumento em 150 pontos-base, levando a Selic a 10,75%, mas deixou explícita a intenção de reduzir no ritmo do ajuste nas próximas reuniões. Os economistas do mercado financeiro mantiveram a projeção para os juros básicos da economia no fim de 2022. A projeção continuou em 11,75% e o cenário para a taxa básica de juros da economia foi mantido para os anos seguintes.
“O risco parece estar na política fiscal, afinal, é importante lembrar que a grande desancoragem das expectativas de longo prazo no ano passado aconteceu por conta de uma questão fiscal, a PEC dos Precatórios, e não por uma decisão de política monetária. O Banco Central parece ter deixado uma mensagem: sem deterioração fiscal adicional, o ajuste promovido até agora e já programado são suficientes para, nas defasagens adequadas, levar a inflação de volta à meta em prazo razoável”, comenta Pedro Simões, economista do Comitê de Estudos de Mercado da CNseg.
Outro destaque é que as revisões negativas para o crescimento do PIB este ano cessaram. A projeção mediana para o crescimento do PIB em 2022 permaneceu em 0,30%. Já para 2023, houve nova queda, de 1,55% para 1,53%. O economista da CNseg credita esta boa notícia é uma consequência de surpresas positivas nas divulgações para o nível de atividades em novembro. O primeiro indicador conjuntural para dezembro surpreendeu novamente para cima: a produção industrial, medida pela PIM-PF, do IBGE, teve alta de 2,9% em dezembro, acima do esperado. Com esse resultado, a indústria acumulou alta de 3,9% em 2021, depois de dois anos de queda.
“Apesar desse primeiro resultado positivo para as atividades, a síntese das sondagens de confiança da FGV revela que houve queda da confiança de empresas e consumidores em janeiro. Entre as empresas, o avanço da variante Ômicron e as incertezas do ano eleitoral pesam. Já para os consumidores, a confiança não apenas voltou a cair em janeiro como permanece em níveis mais baixos que a do empresário. Refletem preocupações com a inflação que permanece alta, aumento das taxas de juros, maior endividamento e o mercado de trabalho ainda fraco, com aumento de emprego ainda focalizado nas ocupações de renda mais baixa, o que faz cair o rendimento médio”, enumera Simões.
Leia o boletim Acompanhamento de Expectativas Econômicas desta semana neste link, no portal da CNseg.