MAPFRE Economics prevê crescimento real do PIB do Brasil de apenas 0,5% em 2022 

Segundo a área de pesquisas da seguradora, os principais riscos para a economia brasileira são a inflação, a alta dos juros, o impacto da seca nos preços da energia elétrica e a alta dos preços dos alimentos

Fonte: MAPFRE

A MAPFRE Economics – área do Grupo MAPFRE dedicada a pesquisas e análises sobre seguros, previdência, macroeconomia e finanças – acaba de lançar o “Panorama Econômico e Setorial 2022”, em que estima que a economia brasileira desacelere este ano, com expectativa de crescimento real do PIB de apenas 0,5%, ante o desempenho de 2021, quando o indicador cresceu 4,6%.  O panorama ainda aponta que os principais riscos para a economia brasileira são a inflação, o impacto da seca nos preços da energia elétrica, a alta dos preços dos alimentos e dos juros – que certamente afetarão o consumo e o investimento. Além disso, a produção industrial também pode ser impactada por mais alguns meses diante das dificuldades de abastecimento. 
 

De acordo com o levantamento, caso ocorram avanços nas reformas públicas (administrativa e fiscal) o cenário econômico se tornará mais favorável. O relatório aponta ainda que o debate político que ocorrerá à medida que as eleições presidenciais de outubro se aproximarem pode gerar novas complexidades para o desenvolvimento da atividade econômica.
 

Por outro lado, o estudo mostra que prosseguirá o processo de aperto da política monetária implementado pelo Banco Central, que voltou a elevar as taxas de juros em dezembro para 9,25% (quinta subida desde o início de 2021), com possibilidade de aplicar algum aumento adicional nos primeiros meses de 2022 para, posteriormente, estabilizar. “A recuperação econômica e a elevação dos preços da energia provocaram um forte aumento da inflação, obrigando o Banco Central a apertar a sua política monetária e invertendo as medidas de expansão adotadas para combater os efeitos econômicos causados pela pandemia”, explica Manuel Aguilera, diretor geral da MAPFRE Economics.
 

O estudo também afirma que o ambiente de taxa de juros elevada é favorável ao desenvolvimento do negócio de seguros de Vida a curto prazo, que poderá registar um crescimento significativo devida a sua utilização como um instrumento de sucessão e proteção das finanças pessoais face ao aumento da inflação. “Somado a isso há uma maior sensibilidade por parte da população ao risco visualizado decorrente da pandemia”, reforça o executivo.
 

Previsões de crescimento de prêmios para o mercado segurador brasileiro

A pesquisa da MAPFRE Economics atualizou as previsões de crescimento de prêmios para o mercado segurador brasileiro em dois cenários: otimista e pessimista. No cenário base (otimista), o levantamento estima que os prêmios do segmento de seguros Não Vida vão desacelerar e crescer cerca de 5,8% no final de 2022. A adesão aos produtos de Saúde, Riscos Pessoais, entre outros do gênero, poderá alcançar 9,4% de crescimento, enquanto a procura por seguros de Automóveis irá desacelerar sensivelmente ao longo do ano, fechando com crescimento de apenas 0,7%. Já no cenário alternativo (pessimista), o crescimento da demanda por seguros pouco ou não afetados pelo ciclo da economia desacelera e o de Automóveis (mais sensível ao ciclo econômico) sofrerá queda expressiva. 
 

Os prêmios de Vida, por sua vez, reflexo das projeções da Previdência e taxas de juros de curto e longo prazo, e na ausência de choques de incerteza na economia, devem crescer fortemente. Nesse sentido, o levantamento aponta um crescimento do produto VBGL próximo a 10,5% ao ano no cenário otimista. No cenário pessimista, a lentidão e a incerteza tomariam conta da atividade e da previdência privada, fazendo com que os prêmios do segmento Vida reduzissem mais de 5%.
 

“Os cenários estimados são reflexo dos indicadores econômicos e da atividade, como, por exemplo, vendas de automóveis, capacidade instalada, expectativa de inflação, comportamento de crédito e os efeitos das medidas de distanciamento social derivadas da pandemia”, ressalta Aguilera.

Crescimento da economia mundial
 

A MAPFRE Economics também prevê para este ano um crescimento da economia mundial de 4,8% e 3,6% para 2023. Fatores como as altas dos preços, tanto das matérias-primas como dos custos de energia, a demanda congestionada em bens de consumo, ou a renovada incerteza gerada pela variante ômicron, continuarão a determinar a atividade em 2022. 

Além disso, a inflação elevada, que continuará de maneira persistente, começa a influir nas decisões de política monetária e fiscal, com uma resposta mais acelerada nos países emergentes. Esse endurecimento da política monetária (acompanhada de um serviço da dívida sensível a este novo horizonte de menores compras de ativos e taxas mais altas) intensifica os receios de insustentabilidade e do retorno para medidas de austeridade que afetem o desempenho econômico. Além disso, segundo Manuel Aguilera, há outro risco global que aumentou nos últimos meses: a governança global e crises geopolíticas. 
 

“Apesar de um balanço de riscos em alta na inflação e em baixa na atividade, a recuperação continuará; com um ritmo menor e com divergências entre as economias desenvolvidas e emergentes, como consequência tanto das vulnerabilidades inerentes quanto de fatores de natureza estrutural, como a dependência energética, a interconexão com as cadeias de fornecimento global ou a transcendência econômica do setor de serviços”, afirma o executivo no relatório “Panorama Econômico e Setorial 2022”.
 

Para o conjunto da Zona Euro, a MAPFRE Economics espera um crescimento de 3,9% para 2022 e de 2,7% para 2023. A inflação na região alcançou 5% em dezembro, com a subjacente permanecendo em 2,6%. “É previsto que a inflação estará moderada nos próximos meses à medida que os preços da energia caiam, mas com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo sem ampliar a produção e com o mix energético europeu sem soluções rápidas, é possível que a queda seja lenta”, explica Aguilera. No relatório, os riscos para a região aumentam com este incremento de preços. “Os preços ao produtor estão em tensão e será difícil não os repassar ao consumidor. Por sua vez, os problemas de abastecimento nas indústrias de automóveis e eletrônicos serão resolvidos nos próximos trimestres. A introdução de novas restrições à mobilidade, como resultado da nova onda de contágios, também não beneficiará a recuperação do turismo e dos serviços. O adequado uso dos fundos de recuperação europeus, de forma oportuna, juntamente com reformas estruturais, continuam sendo a chave para a concretização das taxas de crescimento estimadas”, acrescenta Manuel Aguilera.
 

Nos Estados Unidos, os fatores não variam muito, com a particularidade de que na área da política monetária, o Federal Reserve acelerou a retirada dos estímulos. Precisamente por essa mudança no panorama das taxas de juros, juntamente com o aumento dos custos da energia e outras matérias-primas, a MAPFRE Economics estima que a primeira economia mundial crescerá 4% e 2,5% em 2022 e 2023, respectivamente. “O mercado de trabalho está forte, mas os preços da energia continuam em tensão e a inflação tenderá a se tornar persistente, mesmo que ela venha a cair por efeito de base em 2022. São previstas subidas nas taxas de juros oficiais, o que terá impacto nas condições financeiras das empresas e das famílias. Pelo lado positivo, está o plano de infraestrutura de um trilhão de dólares que será um importante impulsionador da atividade econômica nesse país”, aponta o executivo.
 

Impacto no setor de seguros mundial

O relatório também mostra como estas previsões sobre a economia afetam o desempenho do setor segurador global. Apesar da desaceleração do crescimento mundial, a MAPFRE Economics considera que a maior sensibilidade ao risco por parte dos agentes econômicos, originada pela pandemia, é um estímulo adicional para a demanda por seguros, que continua projetando um panorama positivo em 2022 para o seu desenvolvimento. “Os efeitos negativos da reabertura econômica sobre a sinistralidade de alguns seguros, como os de automóveis, vida ou saúde, tendem a ser corrigidos, de modo que o panorama da rentabilidade das seguradoras permanece favorável, apesar do efeito que o aumento da inflação pode ter no curto prazo”, complementa Manuel Aguilera. 
 

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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