Startup Labora vislumbra captação ponte para Série A após vencer Prêmios Fundación MAPFRE à Inovação Social

Novata venceu na categoria Economia Sênior da premiação, que está em sua quinta edição

Tranquilidade diante de decisões difíceis e inteligência emocional. Eis dois atributos que passam a ganhar notoriedade no processo seletivo das empresas que já entenderam a importância do tema Economia do Envelhecimento ao valorizar a experiência de seniores com o imediatismo dos jovens. “Nossos estudos nos mostraram que mesmo em grupos corporativos onde já há avanço em temas como diversidade de raça, gênero e LGTBQIA+, a questão da idade ainda não é vista como um fator de vulnerabilidade. Porém, o grupo mais afetado por perda de trabalho, desde o começo da pandemia, foram os 50+. Por isso escolhemos este tema para nos dedicarmos”, conta Sergio Serapião, um dos fundadores da Labora, a primeira plataforma projetada para viabilizar a inclusão em escala de profissionais mais velhos no mercado com tecnologia que retira entraves “idadistas” desde os processos de recrutamento, treinamento até integração em novas posições de trabalho .

Em três décadas, quase 30% da população brasileira será idosa, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um índice três vezes superior ao verificado em 2010. De olho nisso, a Fundación MAPFRE incluiu em seus Prêmios à Inovação Social, que está em sua quinta edição, a categoria Economia Sênior por entender que grande parte dos idosos se vê sem atividade ou renda suficiente para viver bem os anos que têm pela frente. E, quando acolhidos pelo mercado de trabalho, contribuem para a geração de riqueza de uma sociedade, tanto financeiramente como emocionalmente.

Em busca de apoiadores para o primeiro estágio de uma startup, conhecido como Investimento Anjo, os fundadores da Labora inscreveram o projeto na quarta edição dos Prêmios Fundación MAPFRE à Inovação Social, realizada no ano passado. Um júri, formado por especialistas em inovação, empreendedorismo e impacto social, além de membros da seguradora e da IE University, escolheu o projeto da Labora entre os mais de 300 inscritos nas três regiões: Brasil, Europa e demais países da América Latina.

“Foi incrível vencer pelo Brasil. Claro que ganhar o valor em dinheiro ajudou, principalmente durante a pandemia, que exigiu aporte de tecnologia para manter o projeto no ar. Mas a mentoria que recebemos dos especialistas reunidos pela Fundación MAPFRE, bem como o networking e a notoriedade com o compartilhamento de experiência nacional e internacional foram determinantes para alcançarmos maturidade para alinhar a tecnologia com a entrega de resultados mais efetivos, além de construirmos a ponte para um novo estágio da captação de recursos para startups que avança do Seed até a Série A, quando os fundos de capital tornam se mais rigorosos e buscam escalar soluções, injetando mais “gasolina” ou “smart money” no jargão do mercado”, explica Sergio.

O empreendedor afirma que os postos de trabalho foram concebidos para pessoas com menos de 40 anos e, nesse cenário, contratar pessoas mais velhas significa, para muitos, precisar fingir ser mais jovem, deixando de lado seus melhores atributos e colocando em risco sua saúde, autoconfiança e realização. De um lado, uma legião de 50+ que busca um trabalho com mais sentido. De outro, empresas ávidas para agregar comprometimento, experiência e resiliência aos jovens que ingressam no mercado de trabalho, ansiosos por trilhar uma carreira promissora em um curto espaço de tempo. No meio deles, a faixa de 40 anos, com profissionais mergulhados em complexas demandas profissionais e familiares.

A Labora tem a ambição de “prevenir e mitigar a dor” de todos os envolvidos. Por meio da identificação de perfis, treinamentos gratuitos e mapeamento de habilidades e objetivos do candidato, o aplicativo faz a correspondência de vagas sem vieses inconscientes de idade e garante o sucesso das empresas no processo de inclusão. “Ligamos uma rede de organizações e executivos engajados com a conscientização do problema e daí passarem a ser um ator de transformação no longo prazo”.

Serapião explica que é preciso entender as necessidades dos profissionais 50+. “A maioria dos RHs tende a colocar tudo no mesmo balaio, o que torna o processo seletivo ineficaz. Exigências e expectativas precisam ser avaliadas e ponderadas para esta faixa etária. Os jovens querem dinheiro, status e galgar posições. Já uma pessoa de 50+ pode ter outra aspiração. O dinheiro importa, mas a qualidade de vida, propósitos sociais e reconhecimento têm pesos relevantes na avaliação dos requisitos das vagas”.

Até 2021, 20,6 mil profissionais aderiram a comunidade Labora, tiveram acesso a cursos gratuitos e participaram de processos de matching para trabalhos desenhados para profissionais acima de 50 anos, com uso de tecnologia baseada em dados. Até o final de 2022, eles esperam que 100 mil pessoas com mais de 50 anos sejam treinadas para novos trabalhos. “Foram mais de 50 palestras dedicadas ao letramento da diversidade geracional dentro das empresas. Fizemos com que a nossa mensagem chegasse a empresas e idosos, que estão começando a repensar o seu potencial hoje e profissionais de RH a evitarem conflitos e sair da guerra entre jovens e 50+”, comenta Serapião.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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