O Valor Econômico publica o anuário Mulheres na Liderança em diversos setores da economia. Em Seguros, o destaque é a MetLife.
O desafio em promover a equidade de gênero no setor de seguros tem engajado, ano a ano, um número crescente de empresas. As mulheres representam mais de 55% dos quase 30 mil funcionários de uma amostra com companhias responsáveis por 80% do setor, segundo pesquisa divulgada pela Escola Nacional de Seguros (ENS). No entanto, apenas 13% dos cargos de conselho de administração contam com mulheres. No nível de diretoria, são 22,8%, de acordo com dados do relatório de sustentabilidade elaborado pela CNseg, a confederação de seguradoras, divulgado em setembro de 2021.
Uma dessas mulheres em cargo de liderança é Daniela Dall’Acqua, diretora de RH da MetLife Brasil, subsidiária da maior seguradora de vida dos Estados Unidos, no país há 22 anos. O grupo tem 47% de mulheres em cargos de liderança, de gerência para cima. “A meta é avançar e ter pelo menos 50%”, ressalta a executiva que está há dois anos e meio no cargo, depois de construir carreira em empresas como Microsoft e Pfizer.
A MetLife tem uma política formal de promoção de equidade de gênero, com metas claras e ações planejadas. O tema está centrado no comitê “Mulheres de Atitude”, criado em 2014, com o objetivo de trazer assuntos de empoderamento feminino para dentro da companhia. “Buscamos promover a equidade de gênero dentro e fora da empresa ao fortalecer programas internos e políticas que levem a equidade para todos os níveis da organização”, diz.
O empenho para alcançar equidade de gênero apresenta resultados. Depois de conquistar o segundo lugar no ano passado, a MetLife chega neste ano à liderança entre as empresas de seguros no estudo “Mulheres na Liderança”. A executiva credita o mérito dos bons resultados ao estímulo à diversidade, equidade e inclusão com ações que visam garantir que os colaboradores tenham liberdade para expressar suas opiniões e serem eles mesmos.
No ano passado, 49,21% dos contratados eram mulheres. Neste ano, o indicador chegou a 52,29%. “Nosso comitê tem trabalhado em projetos que fazem sentido para as colaboradoras. Pesquisas internas nos motivaram a criar dois outros projetos”, conta. Um deles é o ‘Banco de Talentos para Mulheres’ e o outro ‘Mentoria para Mulheres’, em que a empresa desenvolve as que querem ocupar a liderança. “Sabemos que, muitas vezes, as mulheres não se sentem preparadas para os cargos, mas procuramos incentivar para que se sintam segurança para assumir posições.”
Estimular a conscientização da equipe é tarefa diária. Na pré-seleção de um currículo para uma vaga, por exemplo, é obrigatório ter uma mulher entre os três candidatos finalistas. Caso isso não ocorra, os dados da busca e candidatos finalistas precisam ser avaliados por uma equipe regional do comitê de diversidade para garantir que não houve problemas no processo.
A MetLife tem um canal de denúncias ou ouvidoria, que fiscaliza o preconceito, assédio moral ou sexual a colaboradoras e acompanha o tema de perto, além de avaliar a gestão de riscos e reputação da empresa perante a discriminação de sexo e gênero. Outro exemplo é a remuneração. “Monitoramos a satisfação salarial na empresa, analisamos os índices por gênero e temos um comitê que analisa a remuneração variável e investiga possíveis discrepâncias.”
Outras iniciativas propostas pela companhia com o mesmo viés são os comitês para pessoas negras, LGBTQI+ e com deficiência “Todos se reúnem periodicamente para identificar situações, propor iniciativas e discutir temas de interesse dos funcionários que promovam melhorias na companhia e na sociedade” afirma Dall’Acqua.
No setor de seguros, o caminho ainda é longo. “Somos muitas para atingir a meta de ter até 2030 a sonhada equidade de 50% a 50% “, diz Simone Vizani, presidente da Sou Seguro, a associação de mulheres de seguros, que tem o apoio de 55 das principais empresas do setor. Outro ponto de melhorar se relaciona ao salário.: as mulheres ganham em torno de 70% dos salários dos homens